Participante: o problema é o esgotamento que vem desse observar a mente. Parece um trabalho para Hércules.

Não diria que é um trabalho para Hércules, mas para formiguinha, aquela que trabalha todos os momentos sem se preocupar com o quanto já fez. É um trabalho para testar a sua constância e não a sua mega capacidade de mudar.

Esse é um trabalho para aquele que trabalha sob sol ou chuva, sem se preocupar se está na hora de parar ou não. É um trabalho para aquele que possui paciência e persistência e não para aquele que pensa apenas em usar a força e resolver a questão rapidamente.

Participante: quando no trabalho tenho que demitir um funcionário fico dividido se sou mero observador ou se sou agente do carma alheio. Quando consigo apenas observar a mente, fico incomodado por não me incomodar com a situação do demitido.

Quem demite é a mente. Por isso, apenas observe ela demitindo e não aceite as verdades que ela criar nesse momento.

Se a mente diz que você é o instrumento carmático daquele ser, não aceite essa verdade. Diga para ela: não sei se sou isso ou não. Se ela diz que isso trará problemas para aquela pessoa, responda: não sei se isso trará problemas.

Na verdade, a sua fala nesse momento traz dois elementos que acabam fazendo sofrer. O primeiro é imaginar que o carma precisa de um agente.

O carma vive por si mesmo, não depende de ninguém para acontecer. Por isso, se por carma aquela pessoa precisar ser demitida, será de qualquer jeito, seja por você ou por outro. A demissão carmática acontece por ela mesma e não porque alguém age para que aconteça.

Segundo: a ideia de que carma é uma pena, um castigo. A mente possui a verdade, que você acha que é real, que a demissão é um castigo, algo ruim, mas será que é?

Será que ao demitir desse emprego não está abrindo a oportunidade para que ela consiga um emprego melhor? Será que não aproveitará essa chance para se aperfeiçoar mais e com isso arranjar um emprego que ganhe mais? Você não sabe as respostas para essa pergunta. Por isso não aceite quando a mente disser que está agindo contra aquele ser.

É isso que pode fazer você deixar de viver o incômodo com a situação daquela pessoa. Não aceite a crise existencial que a mente gera pelo fato de estar demitindo alguém. Para isso, apenas observe o que ela faz e o que pensa, verdades que são criadas, enquanto ela age.

Participante: sob a negociação, como funciona na prática? Pergunto isso porque durante a negociação o pensamento está envolvido nela. Tem como observar a mente enquanto se está negociando?

Se não tivesse como fazer, estaria aqui jogando conversa fora e perdendo o meu tempo e o de vocês, pois estou propondo exatamente isso.

Esse trabalho pode ser feito? Sim, pode. Mas, para isso, a primeira coisa a realizar é que se conscientizar que não é você que fará a negociação.

Como poderá estar observando as verdades que são criadas se acha que é você quem está negociando? Se acha que é você que está criando a ação? Achando isso, é impossível se concentrar nas verdades criadas pela mente, não? 

Portanto, a primeira coisa que precisa ser feita é conscientizar-se que quem faz é a mente, que quem realiza as ações é ela e que você deve estar observando o que ela faz. Que deve estar observando o que ela está pensando enquanto faz.

Participante: certa vez consegui atingir uma boa performance em vendas e analisando os resultados observei que na realidade queria ajudar os clientes e não objetivava o lucro. Engraçado era que o lucro era consequência e não intencionalidade. É assim que se vive espiritualmente?

Tudo isso que diz que observou são verdades criadas pela mente. É ela que está afirmando que a sua intenção era ajudar os outros e não obter lucro. Digo isso porque essa verdade é uma razão e não algo sentido. Sendo assim, todas essas criações são apenas para injetar verdades que mais tarde podem lhe fazer perder a felicidade.

Por exemplo, a mente pode dar essa verdade e mais tarde lhe fazer sofrer um baque financeiro. Como aceitou que estava trabalhando para o benefício do outro, o que deveria garantir bons resultados, já que é considerado um ato bom, no momento em que tiver poucos ganhos aceitará a ideia de que é um injustiçado. Nesse momento não estará sendo feliz.

Por isso digo: apenas observe tudo que foi criado pela mente e não aceite que é verdade. Diga a ela: não sei se estou trabalhando para ganhar dinheiro ou para ajudar os outros. Com isso, tenho a certeza de que estará livre de sofrer no momento de um baque.

Saiba que a mente sempre trabalha com a intenção de ganhar, com ter o prazer, de ser reconhecido pelo que faz e para receber elogios. Observe se essas questões não estão presentes no pensamento que foi desenvolvido. Portanto, é tudo mente e são verdades que servirão futuramente para condicionar a sua felicidade.

Você não pensa com formação de histórias de vidas. Quem cria, através do pensamento, as histórias da vida é a mente. A sua única ação é acreditar ou não na história e nas verdades que estão embutidas nela.

Participante: minha mente julga que se não trabalhar, vou ser criticado. Só que há dentro de mim outra voz que contraria este pensamento. São vozes que se contradizem. Só tenho que observar este conflito?

E rir da cara delas. Deixe elas brigarem à vontade.

Se não trabalha, se não faz ações, se o seu emprego não depende do seu desempenho, já que muitas vezes as pessoas trabalham muito, mas são mandadas embora e o quem não faz nada acaba ficando, deixe as vozes internas discutirem à vontade. Deixe elas se debaterem e dê risada da cara delas.

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