Participante: mas, e aquelas famílias que tem muitos filhos e que tem que se sujeitar a qualquer situação para levar comida para casa. Muitas vezes são explorados e não tem como mudar isso.

Você está falando de exploração, mas deixe-me falar algo sobre isso.

Pergunto: quanto vale um real?

Participante: um real .

Você está completamente enganado. Sabe quanto vale um real? O valor que que for dado a ele. Para quem tem mais, um real não vale nada; para quem tem só tem ele, possui um valor muito grande.

Você está me falando que tem gente que é explorada, ou seja, ganha pouco. Pergunto: quem ganha pouco? Aquele que dá pouco valor ao dinheiro que tem. Ele acha que devia ganhar mais, para poder ter mais.

Você me falou de uma família que passa necessidades, mas existem diferentes tipos de famílias que passam necessidades. Uma valoriza tudo o que tem, outra lamenta não ter.

Aquela que lamenta não ter coisas se sente explorada. Quem valoriza o pouco que tem consegue viver em paz, mesmo que tenha apenas uma refeição com um único grão de arroz. Essa família ganha pouco, mas não se sente explorada. Pelo contrário: agradece as migalhas que recebe.

Essa família não se sente explorada. São pessoas que normalmente trabalham muito fisicamente, mas dizem: ‘graças a Deus tenho este emprego e vou poder comer um grão de arroz à noite’.

Antes de continuar uma observação: não estou dizendo que é certo não ter, que deve se passar fome. Estou analisando as diversas formas de viver com a realidade que acontece.

Voltando ao nosso assunto, digo que quem tem a visão de ser explorado normalmente é aquele que não tem carências tão profundas e sonha em ter coisas que não possui. Esse sente falta de dinheiro e por isso acha que o que ganha, seja qual for o valor, é uma exploração.

Portanto, a sua visão, apesar de aparentemente estar envolvida com uma aura de piedade, denota que você tem e por isso acha que todos querem ter o que você tem. Isso é ilusão. Tem muita gente que não sonha com o que você sonha nem com o que tem. Eles aprendem a conviver em paz com aquilo que possuem e por isso não sofrem a falta nem desejam ter.

Para as pessoas que querem que os outros tenham o que eles têm, pergunto: quem disse que o mundo é justo, ou seja, que todos terão sempre as mesmas coisas? Desde que o mundo é mundo existe a diferença entre as pessoas, a pobreza, a carência e os abastados. Isso jamais mudará, porque a vida é assim. Por isso não sofra pelos que não têm.

Como ensina o Espírito da Verdade é preciso que exista vicissitude nesse mundo. Sendo assim, sempre haverá aqueles que têm e aqueles que não. Por isso, o ser humano, mais do que se preocupar em ter o que não possui, precisa aprender a conviver com o que a vida lhe dá em paz.

Não estou fazendo apologia da pobreza. Se não tem e sonha em ter, busque meios para isso. Estude, procure um emprego melhor e tente conseguir valores monetários para ter o que deseja. Agora, enquanto não consegue, aprenda a viver com aquilo que possui, pois senão, não terá mesmo as coisas e ainda por cima sofrerá.

Ao invés de se preocupar com essas pessoas, eu, sem brigar, mas exercendo a função de orientador, digo que não se ocupe com elas, mas com a sua própria mente, pois ela está lhe empurrando para o sofrimento. Ela lhe joga a ideia de que existem pessoas que sofrem por causa da carência e por isso são exploradas para que você sofra.

Já cansaram me perguntar como se pode ser feliz vendo uma criança passando fome. Eu sempre respondi: não querendo que ela tenha comida. As pessoas insistiam: como posso querer isso? Tendo a consciência de que nesse mundo uns terão em excesso, outros o necessário, alguns pouco e outros quase nada.

A vida é assim e não adianta querer mudá-la. A pobreza e a carência existem desde que o mundo é mundo e, apesar de milhares de pessoas de boa vontade, isso nunca deixou de existir.

Ah, Joaquim, aí eu vou ficar frio’. Sim, mas na hora que ficar frio poderá ser feliz, pois somente o quente vive o prazer ou a dor.

Portanto, ao invés de se preocupar com a exploração dos outros, ocupe-se com você, pois está sendo empurrada para o precipício e nem está vendo isso acontecer.

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