Deixe-me começar nossa conversa relembrando algo. Sempre disse que nesse mundo não existem sentimentos, mas apenas emoções. Disse também que a emoção nada mais é do que uma razão emocional. Ou seja, uma razão que lhe leva a sentir tal coisa.

Por exemplo: você tem raiva de alguém porque ele fez determinada coisa, gosta de alguma pessoa porque ela fez algo. Sempre a emoção tem uma razão de existir. Tem algo que respalda aquela emoção.

Dito isso, vamos ao seu caso. O início da pergunta é bem clara: comecei a sentir raiva e não sei porque. Vou começar falando disso.

Sempre que começar a sentir uma emoção e não houver uma razão que a justifique, isso não é seu. Não é algo que foi gerado pela sua mente, mas sim captado por ela.

Esse é o ponto importante que precisa se atentar. Quando sentir alguma coisa, tente buscar na razão o por que está sentindo aquilo. Se conseguir identificar a motivação para sentir aquela emoção, ela é sua, é seu trabalho, foi criada pela sua mente, é algo para trabalhar. Agora, se não consegue entender o porquê está sentindo aquilo, quando se trata de uma tristeza ou raiva que vem não sabe de onde ou que se trata de uma felicidade que não possui motivos para existir, isso não é seu.

Esse é o primeiro detalhe. Ele nos leva a compreender que o que estava vivendo e que levou a me fazer a pergunta não é seu.

Depois desse relato você vem com a notícia, a informação, de que um homem desencarnou achando que o seu marido gostava da mulher dele. Vamos ver isso.

Repare bem: aí está a origem da raiva que sentiu. Não é uma raiva sua, mas dele. É ele que está no astral mantendo raiva por causa de algo que ocorreu durante a encarnação.

Mas, porque você sentiu a raiva dele? Primeiro porque tem – e já conversamos sobre isso – mediunidade, sensibilidade espiritual. Segundo, porque esse canal que foi usado, você, é um instrumento para que aquele que desencarnou alcançar um objetivo que tinha, pelo menos na razão dele.

Qual é esse objetivo? Atormentar a vida do seu marido. Como posso ter certeza disso? Porque na hora que você está com raiva, desconta tudo em cima do seu marido. É por isso que posso dizer que aquela obsessão tinha razão de existir, mesmo que fosse ilusória, e alcançou o seu objetivo.

Essa é a explicação do quadro que está vivendo. Nem de longe estou falando que seu marido gostava da esposa dele, que tenha ou não interesse na viúva. Isso é vida e como você mesma disse, vai acontecer o que tiver que ocorrer. No entanto, é preciso compreender que aquele que desencarnou achava isso e que liberto da prisão dos sentidos humanos deu asas à sua imaginação e reagiu de uma determinada forma. Foi só isso que aconteceu.

Outro detalhe. Você me diz que já falei que na maioria das vezes são os vivos que obsidiam os mortos e não o contrário. Sim, isso é verdade, mas também acontece ao contrário.

A obsessão só existe através de razão. Não é uma coisa emocional, apesar de ocorrer por emissão de energias. Nesse exemplo que estamos falando, o morto está lhe obsidiando por conta da razão dele que diz que precisa prejudicar a vida do seu marido como ele, supostamente, prejudicou a dele. Sendo assim, esse ser que desencarnou tem uma razão para a obsessão e foi ela que a gerou.

Quanto a você, não teve razões para se ligar a ele. Não há na sua mente nenhuma razão que ligue àquele que não está mais na carne. Por isso, apesar de envolvida por conta da mediunidade, posso dizer que não há obsessão da sua parte.

Diante de tudo isso, digo que quando se tratar da questão de relacionamentos entre encarnados e desencarnados, tenha em mente a busca de saber se há alguma razão para a ligação com aquele que não está mais encarnado. Se houver razão para isso, é obsessão e não uma mera relação entre seres.

Por exemplo, o filho que sente saudades da mãe e a quer ao seu lado e por esse motivo fica pensando nela, vive uma obsessão. Isso porque existe uma razão para o relacionamento. Já aquele cuja mãe morreu, mas guarda a saudade no coração sem clamar por ela, sem pedir a presença dela, vive uma relação espiritual. Vive um relacionamento espiritual puro entre dois seres.

Mais um detalhe na minha orientação: o que pode fazer por quem está lhe obsidiando? A primeira coisa é orar. Não estou falando em rezar no sentido de declamar o Pai Nosso, mas orar de coração. Estou falando em enviar amor a quem está lhe obsidiando.

Para fazer isso, apesar dele estar influenciando a sua vida negativamente, não se deixe levar pelas razões que vão dizer que deve ser inimiga dele, que deve derrota-lo, acabar com ele. É preciso amá-lo, apesar do que ele sente por você. Essa é a primeira coisa que pode fazer por ele.

A segunda coisa é frustrar o plano dele. Para isso deve segurar a sua raiva e tratar o seu marido da melhor forma possível. Viver numa comunhão profunda com seu marido.

Isso vai frustrar seus planos. Ele se sentirá como agredido e com isso compreenderá que não adianta ter raiva do seu marido. Quando houver essa compreensão, quem desencarnou poderá se libertar da razão que nutre a emoção que sente hoje.

Esses são os pontos que queria lhe falar. Fique na paz de Deus e qualquer coisa que precisar sabe que estamos à disposição.

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