Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram?

São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada.

Está faltando uma resposta nesse texto. Existem duas perguntas no texto, mas o Espírito da Verdade responde a apenas uma.

Primeiro é perguntado se os espíritos são bons ou maus por natureza e segundo, se são eles mesmos que se melhoram. O Espírito da Verdade só respondeu que é cada um que se melhora e não sobre a natureza dos espíritos.

Quanto à melhora, é obvio que são os próprios espíritos que se melhoram. Deus não dá nada de graça a ninguém. É preciso que cada um promova a sua reforma íntima, reforme-se. Cada um tem que se mudar e não esperar que o mundo o mude. 

Agora, a resposta sobre o espírito ser bom ou mau, recorremos a uma informação anterior que diz que todo espírito nasce puro e, portanto, por natureza, é puro.

Todo espírito é gerado por Deus dentro da pureza universal: essa é uma informação importante. Sem ela, começamos a dividir o mundo entre bom e mal.

O ser que, dentro da linguagem humana, hoje está vivendo no mau, é um espírito bom que se desviou. Hoje está mal, mas no seu íntimo não é assim: ele é puro por natureza.

Estou usando o termo mau como palavra de vocês. Na minha linguagem o espírito não é mal, mas individualista. Isso porque o mau para mim é o individualismo. Quando pensa em si acima do outro, em qualquer sentido, está fazendo maldade.

Então, o espírito nasce puro e continua sempre puro. Ele pode estar individualista, mas isso não quer dizer que dentro dele não há uma semente de universalismo. Isso porque nasceu universalista, nasceu puro.

Sendo assim, quando julgamos o espírito pela sua atual posição, ou seja, pelo individualismo de hoje, estamos negando a própria essência de Deus que está dentro de cada um. Estamos desrespeitando Deus que colocou dentro de cada um a essência universalista ou a essência do bem, se preferir este termo.

Precisamos começar a entender isso para, ao invés de criticar o irmão que hoje está no individualismo. Precisamos levá-lo a se conectar com a sua essência universalista, com a essência amorosa ou do bem, ao invés de criticá-lo por ser como está.

Sim, o auxílio ao próximo não se consegue com críticas, com acusações, com julgamentos ou com o apontar de falhas. Só se consegue com o amor, amando. É preciso amar a todos indistintamente para poder realmente ajudá-los. Não amar o que a pessoa está fazendo, mas amar a essência universal que está dentro de todos os espíritos.

Isso é orar a Deus; isso é honrar ao Pai: honrar aquilo que Ele colocou dentro de cada um.

Como já disse, não estou estudando espiritismo. Por isso não vou me prender ao bem ou mal, quero ir além. Para isso é preciso, a partir da informação, tirar compreensões que nos leve à reforma íntima.

Essa é a compreensão que vocês precisam chegar: não se pode sair pelo mundo separando o bom do mal. Pelo contrário: é preciso sair pelo mundo amando a essência de Deus que reside dentro de cada espírito, mesmo que a razão diga que ela não está presente ali.

Participante: então, os mais de 50.000 mil espíritos que responderam a Kardec estavam errados quando diziam que Deus criou os espíritos simples e ignorantes, inclusive o Espírito da Verdade?

Não. A simplicidade que falam é exatamente a perfeição que falei agora.

A simplicidade é o pobre de espírito. O pobre de espírito é simples. Ele só tem amor dentro de si. Somos nós que achamos que a simplicidade não tem nada a ver com sentimentos, mas simples é aquele que só ama.

Não estou falando contra o que foi passado. Pelo contrário: estou afirmando que todos foram criados puros, simples. Apenas não paro por aí. Afirmo mais: continuamos simples eternamente.

Exatamente porque continuamos simples, ou seja, com o sopro de Deus em nós é que digo: temos que respeitar a simplicidade ou a pureza que existe dentro de cada um. Para isso é importante saber que o ser pode estar agora em uma outra situação, mas eu, como seu irmão, tenho que amá-lo e auxiliá-lo a voltar a sua simplicidade.

Olha, deixe-me dizer uma coisa: não posso inventar nem mentir. Dizer que o que está escrito em O Livro dos Espíritos é mentiroso, não posso fazer, pois esse livro é um trabalho de Deus. Não é um trabalho de Kardec, do Espírito da Verdade ou de nenhum outro. Todos são apenas porta-vozes de Deus e não autores. Sendo assim, tudo que está nesse livro foi Deus que escreveu.

Agora, é preciso, como o próprio Kardec e o Espírito da Verdade deixaram claro – aliás, Krishna também fala isso – libertar-se da palavra morta, da letra fria. Para tanto é preciso ligar informações entre si. Nesse caso é preciso juntar a informação da existência do bem e do mal com a e que todos nasceram simples e puros. E mais: que devemos amar a todos indistintamente.

Participante: então Cristo errou quando disse para que fosse separado o joio do trigo?

Jamais: Cristo jamais errou.

Repare no texto bíblico:

Jesus fez outra comparação. Ele disse: O Reino do céu é como um homem que semeou boa semente nas suas terras. Certa noite, quando todos estavam dormindo, veio um inimigo, semeou no meio do trigo uma erva ruim, chamada joio e depois foi embora. Quando as plantas cresceram e se formaram as espigas, o joio também apareceu.

Aí os empregados do dono das terras chegaram e disseram: patrão, o senhor semeou boa semente nas suas terras. De onde veio este joio?

Foi algum inimigo que fez isso, respondeu ele.

E eles perguntaram: o senhor quer que nós arranquemos o joio?

Não, respondeu ele, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo. Deixem que o trigo e o joio cresçam juntos até o tempo da colheita. Arranquem então primeiro o joio, amarrem em feixes e joguem no meio do fogo. Depois colham o trigo e ponham no meu depósito.

(Mateus – 13 – 24 a 30)

O mestre não disse para separar o joio do trigo no nascedouro, mas sim para deixá-los nascer junto.

Quando queremos apontar erro nos outros, queremos separar o joio do trigo antes dele florescer. Quantas vezes alguém que você diz que estava fazendo mal, lá na frente constata que o que ele fez foi ótimo? Quantas vezes as pessoas perdem o emprego por causa de alguém para depois conseguir um emprego melhor, ganhando mais, com melhores condições?

É exatamente isso; o que digo: não separe antes de florescer, o que, aliás, é exatamente o que Cristo disse. Isso porque o trigo e o joio são muito parecidos. Só depois da colheita, aí sim, você pode separar. Mas, enquanto não colher, não separe, porque vai jogar trigo fora.    

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