Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e prometida felicidade.

Vamos estudar esta resposta aos poucos porque contém muitas informações.

Primeira: Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem saber.

Foi por causa dessa afirmação que disse anteriormente: todo espírito é igual. São iguais porque foram criados iguais.

Todos os espíritos são puros, são simples, mas não possuem conhecimento. São, no seu nascedouro, ignorantes. É partir disso que podemos entender a evolução espiritual.

Evolução espiritual é adquirir conhecimento para acabar com a ignorância sem perder a simplicidade, sem perder a pureza. Isso é evolução espiritual.

O problema é que o conhecimento traz embutido em si uma coisa: o poder. Esse poder leva o ser achar-se superior ao outro. Com isso acaba a simplicidade, a pureza e por isso é preciso, posteriormente, readquirir a pureza.

Apesar de dizer que a evolução espiritual se consiste em adquirir conhecimentos, não entendam esse conhecimento como material. Evolução é adquirir a sabedoria espiritual que se caracteriza pelo sentir.

Evoluído é aquele que sabe amar e não aquele que conhece informações técnicas espirituais.

O amor mantém o espírito na humildade. Aquele que conhece as coisas do Universo e mantém-se humilde alcançou a elevação espiritual. Já aquele que passa a conhecer as coisas universais e com isso se acha melhor do que os outros, ou seja, busca uma ascensão falsa, forçada, nada conseguiu.

Como já foi dito, a ascensão é moral, ou seja, é sentimental. Quem tem maior ascensão espiritual é quem tem mais amor e não quem sabe mais.

Continuemos com o texto: ‘A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição.

O espírito nasce puro, simples e ignorante. Deus, então, o coloca em lugares, ou seja, dá as provas para que aprenda. Mas, ao aprender, não pode perder a simplicidade.

Sendo assim, posso dizer que a provação espiritual é uma prova de conhecer e, junto com isso, continuar amando. Passar como provação é como ser arguido por Deus com a seguinte pergunta: você conheceu, e agora? Continuará simples, ou seja, amando a tudo e a todos ou irá sentir-se superior por causa deste conhecimento? Você continuará puro, simples ou, a partir disso que conheceu vai querer sentir-se melhor que os outros? Achar-se-á mais capaz que os outros?

Essa é mais uma das informações desse texto, mas como disse há muitas aqui. Vamos em frente: ‘nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade’

Este trecho é bem claro: só quando o espírito alcançar a perfeição, ou seja, a cultura com pureza, com simplicidade, é que conseguirá entrar na verdadeira felicidade. Mas, essa felicidade não tem nada a ver com aquilo que hoje vocês chamam de ser feliz.

A felicidade humana é fruto de uma cultura sem simplicidade. Isto porque para que sentir-se feliz hoje é necessário que a sua cultura seja contentada. Ou seja, se o que sabe acontece, se sente feliz.

Se o que o ser humanizado sabe que é bom, certo ou bonito acontece, diz: ‘que maravilha, estou feliz’. Mas, se o que sabe não acontece, sofre.

Essa felicidade, a condicionada ao seu saber, não é felicidade real: é o prazer, a satisfação. É fruto do poder de dizer: ‘eu sei e eu consegui impor ao outro o que eu queria’. Ou seja, do individualismo. Por isso afirmo que essa felicidade é falsa, pois é falseada pelo individualismo.

Enquanto o ser humanizado tiver prazer, não tem simplicidade. Mas, para que a felicidade falseada aconteça é necessário ter desejos, ou seja, saber o que tem que acontecer. Por isso os mestres ensinam: enquanto houver desejos e vontades que precisam ser satisfeitas, o ser não consegue atingir a verdadeira felicidade. Isso porque a verdadeira felicidade está na cultura com simplicidade.

O feliz verdadeiro é aquele que é simples, que só tem amor. Por causa desse sentimento, não precisa que o que quer aconteça para que seja feliz. Aí atinge a verdadeira felicidade.

Visto isso, vamos à parte final do texto: passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.

Nesse trecho estão as duas formas de viver as provas, ou seja, os acontecimentos da vida. A primeira é sendo feliz; a segunda murmurando, ou seja, acusando, sofrendo, chorando, rogando a Deus que não deixe determinada coisa acontecer.

Mas, como Deus pode deixar determinada coisa não acontecer se aquilo é a prova deste ser? Aquilo é o que ele precisa para provar que é capaz de conhecer e ainda assim manter a sua simplicidade.

Sendo assim, por que o ser humanizado chora? O que está acontecendo não é algo ruim, mas uma prova. É exatamente o que ele precisa para fazer a sua evolução espiritual, para alcançar a sua grandeza espiritual. Se não fizer esta prova, não atinge a verdadeira felicidade: fica preso no que Krishna e Buda chamam de roda de encarnações. Ou seja, vai ter que estar sempre reencarnando para fazer a mesma prova, pois ainda não alcançou a verdadeira felicidade que nasce da cultura com simplicidade.

Compartilhar