Participante: se nada existe, se não existe verdade, se não existe experiência coletiva, se não há valores reais que nos fundamentam como um todo comum, então, não existe Deus, não existe harmonia. Se não há continuidade e nem propósitos verdadeiros que nos conectam um ao outro, o que você está fazendo aqui conosco? Qual o sentido do seu estar presente neste momento conosco indo e voltando, falando e refalando, de alguma forma nos direcionando, nos orientando? Se nada de verdadeiro existe, se nenhum sentido tem, nenhum valor real nos conecta, o que é a espiritualização então, se não há propriedade real, se não há Deus e a verdade universal?

O que eu vim fazer aqui? Dizer que você está enganada. Tudo isso que falou que não existe, existe.

Você falou que não existe verdade, mas existe: a sua para você. Falou que não existe Deus, existe: o seu Deus para você.

Essa é uma grande diferença que precisamos estabelecer. Quando se fala que não existe alguma coisa, não é que não exista. Tudo existe, mas de uma forma individual, relativa.

Não existe nada universal. Não existe nada que seja igual para todo mundo e que dure para sempre do mesmo jeito. Isso é ser universal.

O que eu estou fazendo aqui? Mostrando isso. Mostrando que tudo existe para você, mas nada do que existe para você, existe para o outro. Porque precisa compreender isso? Para viver a sua vida e deixar o outro viver a vida dele. Para viver as suas verdades apenas como suas, sem querer dizer que o outro está errado, porque tem verdades diferentes.

Isso é espiritualização, é amar o próximo, é viver em harmonia: cada um convivendo com a sua verdade, deixando o outro ter a dele. Quer mais harmonia do que isso? Só se viesse alguma coisa pronta. Ah, mas já veio coisa pronta na existência de vocês, espíritos. O que aconteceu? Pensaram assim: ah, deve ser bom pensar diferente. Por isso vou comer a maçã. É isso. É a tentação de viver livre.

O que se chama evolução espiritual é cada um viver a sua verdade ao invés de se imaginar com o direito de julgar o outro. Evolução espiritual não tem nada a ver com meditar, com levitar, com avançar em escala. Tem a ver com retomar o direito de viver a sua verdade, viver você e dar ao outro o direito de viver a dele. Isso é a harmonia, isso traz paz.

É isso que eu faço aqui. Já disse que meu trabalho, a orientação dele, é abrir tanto leque de possibilidades de verdades, realidades, para que você não escolha nenhuma. Mas, se escolher uma, dê aos outros o direito de escolher outra diferente.

É isso, moça: tudo existe, mas de uma forma individual, pois é relativo, só serve para você. Mais, tudo existe apenas em um determinado momento. Amanhã muda, porque não é absoluto. Só o que é absoluto não muda.

É preciso viver ideia de que tudo que é individual, só vale para você. Mais: que só vale para esse momento. Amanhã você vai pensar diferente, vai ser diferente, vai sentir diferente.

Alcançar o relativismo do mundo é elevação espiritual, é trabalhar pela felicidade. Viver com o relativismo é trabalhar pela paz do mundo.

Portanto, aprenda a viver no relativismo, a viver só com você. Viver suas verdades, suas ideias, suas emoções, sem julgar o outro, sem achar que ele está errado, que tem que aceitar suas verdades. Orientar nesse sentido é o meu trabalho.

Não sei se estou conseguindo fazê-lo, mas continuo tentando.

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