Reflexões

De coração para coração

“Coração,

grande órgão propulsor

que bombeia o sangue venoso e arterial”.

Os versos acima de uma música de Noel Rosa dão bem a definição científica do coração, mas além desta existe ainda a visão filosófica sobre o coração. Desde a antiguidade a filosofia trata este órgão do corpo físico como a fonte do sentimento. Daí surgiram as expressões amar de coração, o que os olhos não vêem o coração não sente, etc.

 Quando Joaquim, a determinado momento dos estudos do Espiritualismo Ecumênico Universal, falou que a opção que deve ser exercida pelo livre arbítrio do ser manifesta-se no coração, foi exatamente a esta visão filosófica do órgão humano: o sentir. Mas, o que ele quis dizer realmente?

Nosso amigo espiritual sempre deixou bem claro que existem dois mundos: o real e o ilusório. O primeiro é o mundo dos espíritos, o segundo o dos homens. Este último mundo, ainda segundo Joaquim, é aquele que se desenrola na razão humana, ou seja, aquele que é consciente pelo ser humano, enquanto que o primeiro é totalmente inconsciente ao instrumento carmático do espírito. Juntando as duas informações temos, então, a diferença entre sentimento e sensação, entre razão e coração.

Sensação ou emoção são os sentimentos que passam pela razão. Ou seja, são os sentimentos que são fundamentados por lógicas racionais. Por exemplo: “amo porque”, “tenho raiva quando”, “estarei feliz se isso acontecer”...

Além disso, sensações são aquela que são reconhecidas pela mente humana, ou seja, que se tem consciência de estar sentindo. Exemplo: “eu não sei por que, mas gosto de tal pessoa”. Mesmo que não haja um motivo aparente para a existência daquela sensação, o simples fato de se saber o que está sentindo já denota a presença de uma sensação e não de um sentimento.

A emoção, portanto, pertence ao mundo dos humanos, pois é conhecida e justificada pela mente humana. Como disse Joaquim, é humano tudo aquilo que lhe é conhecido. Já o sentimento pertence ao mundo dos espíritos e, por isso, não pode ser detectado pelo ser humano.

O amigo espiritual nos ensinou: o que não lhe é consciente não existe, pois não se tem a consciência de existir. Se tudo o que é conhecido são sensações, o sentimento é espiritual. Sendo assim, a escolha dos sentimentos não pertence às ações do ser humano, mas somente do espírito e a personalidade transitória não toma conhecimento dela...Então, porque Joaquim nos falou que devemos escolher com o coração?

“Eu falo a espíritos através de egos”...

Na verdade o que Joaquim estava querendo era mandar um recado ao espírito: você pode escolher sentir o que quiser, apesar da razão humana estar dizendo que você deve sentir...

Quando o amigo espiritual utilizava a expressão escolher de coração estava dizendo ao espírito que ele tinha o livre arbítrio sentimental. Estava também dizendo ao ser humano que ele nada pode fazer neste aspecto.

Se o coração vibra com os sentimentos e se estes não podem ser conhecidos pela razão, como pode o ser humano interferir ou agir nesta questão? Como pode o ser humano escolher o que sentir se para tanto ele precisará saber o que está escolhendo e com isso estará apenas trabalhando com sensações ou emoções?

Portanto, a questão da livre opção, segundo o EEU, trata-se apenas de uma ação espiritual. Nunca esta doutrina quis dizer que o ser humano poderia escolher o que vivenciar sentimentalmente.