Como falei anteriormente, estou de meio que de molho. Não posso digitar os textos do EEU não por falta de equipamento, pois meu filho disponibilizou o computador dele, mas porque todo o original que preciso está parado dentro do HD da minha máquina. Mas, posso aproveitar este tempo e escrever sobre algumas coisinhas que vem me passando pela mente a algum tempo e que ainda não tinha escrito ou falado sobre elas por falta de oportunidade...
Então, vamos lá...
Antes de qualquer coisa, vou deixar claro: não estou falando o certo, não estou dizendo que sei tudo nem estou dizendo que quem age dentro da forma que vou estabelecer abaixo é errado ou que tem que se mudar. Estou apenas colocando no papel uma reflexão que tenho feito ultimamente. Reconheço que é apenas a minha opinião e que os seres humanos que agem da forma que descreverei abaixo não o fazem por maldade, estão errados ou podem fazer diferente, pois cada um é e tem que ser do jeito que é para servir de prova a um espírito...
Escrevo e ouço os ensinamentos do EEU diuturnamente há oito anos. Diariamente a minha rotina consiste em ouvir os arquivos de som das palestras, transcrevê-los para texto e depois colocá-los de forma compreensível para quem vai lê-lo, já que há falas que se mantidas em bruto não teriam sentido...
Nestes oito anos o ensinamento e a compreensão sobre o mesmo passaram por diversas fases. Desde o estudo do Evangelho de Tomé até as últimas palestras no Chat do EEU o tema abordado sempre foi o mesmo, mas o discurso e a compreensão sobre o que foi dito se alteraram significativamente.
É sobre isso que quero falar hoje aproveitando o meu “molho”...
Desde o início o ensinamento de Joaquim dividiu-se em três partes: o estudo de algum texto dito sagrado (ensinamento de um mestre), a aplicação prática deste e uma forma de agir onde aquele ensinamento fosse colocado em prática. Todos os textos do EEU, mesmo aqueles que não se originaram diretamente de um estudo de texto sagrado, tiveram estes elementos, pois por várias vezes Joaquim faz citações de textos de mestres em cada um deles.
Com isso, durante muito tempo a minha compreensão foi a seguinte: estamos aprendendo em profundidade como aplicar os ensinamentos dos mestres. Acontece que com a evolução do estudo do ego uma coisa ele deixou bem clara: o ser humano não pode fazer nada...
Ora, se eu, o ser humano, nada posso fazer, então para que ele fica falando que tenho que despossuir, que devo não criticar ou julgar semelhantes? Por que Joaquim insiste a tantos anos em ações humanas se nada posso fazer?
Foi uma época difícil de passar e que causou estragos na mente de muitos amigos. Muitas pessoas ficaram sem entender isso e acabaram não mais estando conosco fisicamente. Mas, apesar de assaltado pela mesma idéia, eu não podia sair, pois senão não existiria Joaquim e os ensinamentos teriam acabado em uma porta fechada...
Os estudos continuaram e este ano Joaquim falou o que para mim explicou tudo: “eu falo a espíritos através de egos”... Esta frase tão curta trouxe, enfim, o significado de tudo o que estava sendo realizado nestes anos todos.
Quem fala, diz alguma coisa para alguém com algum propósito. Sendo assim, ficou bem claro que um espírito amigo estava falando através de um ego (Joaquim) para outro espírito, que ouvia o que era dito também através de um ego, ou seja, dois espíritos estavam conversando através dos egos Joaquim e Firmino... A partir daí faltava apenas entender a motivação do que era dito...
Ora, se o ser humano não pode mudar-se e se o espírito não pratica os atos materiais que Joaquim cita durante as suas palestras, isso quer dizer que ele nunca falou com a intenção de que alguém praticasse o que ele ensinava... Então, qual a intenção dele?
Dando tratos à bola (na visão humana que acha que nós raciocinamos) cheguei a seguinte conclusão: ele quer alertar o espírito de alguma coisa... Esta é a intenção de Joaquim ao estudar a prática dos ensinamentos dos mestres no dia-a-dia do ser humano: alertar o espírito de alguma coisa referente à ação humana. Daí a frase: eu falo a espíritos através de egos...
A partir daí continuei desenvolvendo o raciocínio. O que ele quer alertar? O que Joaquim quer mostrar ao espírito com relação ao ser humano? Esta resposta foi fácil, pois muitas vezes ele falou disso e nós não conseguimos captar a mensagem, pois estávamos preocupados em nos defender ou em entender o que ele dizia: a diferença entre o discurso e as crenças e a prática nos acontecimentos da vida...
O Espírito da Verdade afirma que a mãe de todos os males é o egoísmo. Isso, para mim e para o EEU, quer dizer que o egoísmo está presente em todas as motivações com as quais o ser humano vivencia os acontecimentos.
Ser egoísta é querer para si mesmo. O ser humano vivencia todos os acontecimentos da sua existência querendo “ganhar” individualmente alguma coisa naquele momento. É como dizia o Gerson (jogador de futebol) numa propaganda do Rio de Janeiro nos anos setenta: “temos que levar vantagem em tudo, certo?”
Assim é o ser humano, mesmo que ele seja religioso, mesmo que ele diga que está vivendo para alcançar a elevação espiritual. Apesar do ensinamento de Cristo e Paulo falando do serviço ao próximo, o ser humano está sempre preocupado em ganhar alguma coisa – nem que seja um muito obrigado – ao servir o outro.
Isto é desta forma e não vai mudar. Tal motivação está intrínseca na mente humana e fomenta todos os pensamentos, mesmo que o ser humano em questão se dê conta disso. Por isso, há algum tempo, Joaquim o chamou de “conceito raiz”...
O espírito que vive ligado a um ego “percebe” apenas o que a mente humana diz. Ou seja, ele pensa o que o ser humano pensa das coisas... Por isso ele também não percebe a ação subterrânea do egoísmo criando pensamentos que dão valores às coisas do mundo. Por isso surge para o espírito e ele acha certo o pensamento: “nem um muito obrigado”...
É só depois dessa percepção que o espírito utiliza, então, o seu livre arbítrio. Ou seja, depois que a idéia humana lhe chega à mente, o ser universal reagirá a ela optando em permanecer ligado ao que lhe veio à mente e com isso vibrando na sensação que acompanha o pensamento ou libertando-se dela e vibrando o amor universal.
Claro que isso é apenas uma forma figurada para que possamos entender, mas descreve perfeitamente dentro dos ensinamentos dos mestres a ação do livre arbítrio do espírito. Descreve, ainda, o trabalho da reforma íntima necessária para se alcançar a elevação espiritual. Por isso foi assim que o EEU descreveu a atividade do espírito.
O egoísmo, que está presente nos pensamentos e sensações que chegam à mente primária do espírito, é contrário às leis universais que falam do nós, da convivência entre todos como um serviço ao Universo como um todo. Por isso, o espírito precisa desligar-se destas idéias, ou seja, não entendê-las como certas, como verdades...
Mas, como o espírito pode fazer isso se o que “chega” à sua mente primária é aquilo que a mente secundária (a humana) pensa das coisas? Como ele pode entender que deve desligar-se das idéias geradas pela personalidade humana se as verdades que ele vivencia são geradas por esta personalidade transitória? Levando-se à personalidade humana a Realidade, ou seja, mostrando a ela a presença do egoísmo...
Aí está a motivação de Joaquim – e, por conseguinte, do EEU – durante os seus estudos: utilizar a mente humana para mostrar ao espírito como o discurso é diferente da prática, pois a prática está fundamentada pelo egoísmo, pela vontade de levar vantagem em tudo...
Sempre foi essa a motivação de todo trabalho. Joaquim nunca esperou que eu, você ou qualquer ser humano, por exemplo parasse de criticar. Da mesma forma, como consciente da Realidade do ser universal, Joaquim sabia que o espírito não podia parar de julgar intervindo no mundo de idéias da personalidade humana. O que ele sempre buscou foi promover através do mundo da razão humana a compreensão da existência do egoísmo para que o espírito pudesse, então, não querer mais vibrar dentro do padrão sentimental proposto pela personalidade humana.
O que ele quis, em outras palavras e usando algo que sempre disse, foi mostrar a hipocrisia humana... Para isso mostrou que mesmo os ditos religiosos, ou seja, os seres humanos que afirmam buscar a Deus, utilizam os ensinamentos na hora que querem, no momento que aquilo lhes traz alguma vantagem..
Estudando os ensinamentos dos mestres, Joaquim criou para o espírito um padrão universalista; estudando as reações fundamentadas no egoísmo, como, por exemplo, aqueles que deixam a mão direita ver o que a esquerda está fazendo, o amigo espiritual através do ego Joaquim mostrou ao espírito que este padrão não deve ser.
Agora ficou bem claro para mim o que pretende o EEU. Não se trata de propor mudanças, seja neste ou em outros planos de existência, mas desvendar o interior de cada personalidade humana expondo o cancro do egoísmo, não como crítica ou acusação a ninguém, mas apenas para que o espírito possa, então, conhecer a motivação das ações e sensações da personalidade humana a que está ligado.
É a partir disso que vou aproveitar o meu “molho”...
Já que não posso digitar os textos dos estudos, pretendo aproveitar estes dias e, paulatinamente, ir escrevendo sobre o dia-a-dia de um ser humano e a sua motivação comparando-a com os ensinamentos do EEU e de todos os mestres. Aliás, como Joaquim faz sempre, não?
O que acham da idéia?