O Espiritualismo Ecumênico Universal está lotado de informações do que deve ser feito ou deixado de fazer. Mas, quem deve fazer o que está sendo ensinado? Vamos conversar sobre isso?
Agora no final Joaquim afirmou: eu falo a espíritos através do ego. Ao agir desta forma, o amigo espiritual deixou bem clara a existência de duas personalidades: a humana (ego), mesmo que de forma ilusória, e o espírito. Se o falar do amigo espiritual constitui-se naquilo que o EEU diz para fazer ou no que deve ser abandonado, para se saber quem deve seguir estes ensinamentos precisamos antes estabelecer quem é quem, ou seja, quem é o espírito e o ego...
Eu sou o ego.
Eu sou o Firmino... Sou o marido da Márcia, o pai da Elen, da Paula, do Eduardo e do João Márcio. Vejo-me como homem, sinto-me carioca e moro atualmente no interior de São Paulo. Se tudo isso me compõem, se tudo isso é o que eu sou, não posso me considerar espírito, não é mesmo?
Sendo eu o ser humano, posso dizer, utilizando-me da informação final de Joaquim, que ele fala através de mim para o espírito e não para mim...
Por isso reafirmo: eu não tenho que fazer o que Joaquim ensina...
Aqueles que se sentem impulsionados a ter que praticar o que é ensinado são os que se imaginam como o espírito. Mas, eles não são...
Lembro-me ainda a primeira vez que disse a dois amigos: eu sou o ego... Um deles ficou completamente estarrecido e me disse que eu estava enganado: eu era a centelha divina que vivia dentro do ser humano... Não sou nada disso...
Seria se houvesse algo de divino em mim. Seria se vivesse com valores universais. Mas, não vivo...
Todas as minhas crenças, mesmo aquelas que falam do outro mundo são formadas por verdades materiais. Ainda acredito nas formas, nas sensações, nas percepções, nas formações mentais e no que o a minha memória diz que é real. Não me entrego a Deus e ainda questiono a vida, a justiça dos acontecimentos, as verdades dos outros, o “bom” e o “mal” e o “certo” e o “errado” das coisas. Ainda tenho paixões e como desejo coisas...
Portanto, sou humano, sou ego. E se sou humano, os ensinamentos não foram feitos para mim, mas transmitidos ao ser universal através de mim...
Tentar colocá-los em prática é a mesma coisa que elementos com propriedades diferentes quererem proporcionar o mesmo resultado. Impossível...
Os ensinamentos não são para mim, por isso de nada adianta ficar preso a eles. Na verdade, para mim humano eles nada valem...
Desculpem, fui radical: os ensinamentos valem sim...
Amigos têm dito que ao colocar os ensinamentos em prática em suas existências têm melhorado. Eu mesmo já disse aqui e em outros lugares que me sinto melhor hoje ao saber que nada conseguirei saber...
Isso quer dizer que devo apagar todo este texto e esquecê-lo? Não...
Acontece que os seres humanos, dentro do seu padrão lógico, quando recebem um ensinamento sobre qualquer coisa geram logo a obrigação de cumpri-lo. Tudo que é recebido como orientação transforma-se logo em um código de normas e procedimentos que precisa ser cumprido...
No caso dos nossos ensinamentos, este código de normas gera a idéia de uma forma de viver que atenda aos preceitos que Joaquim chama de elevados. Mas, ele não falou para mim, mas sim para o espírito...
Por isso disse: eu não tenho que fazer o que Joaquim disse... Não estou falando em não fazer, mas sim em não se sentir obrigado a fazer... Se alguém tem que se sentir obrigado a fazer é o espírito, destinatário final da mensagem e não eu...
Esta compreensão é importante para se fugir, se conseguir fugir, do elemento mais danoso para nossas existências: a culpa...
Só se sente culpado aquele que se sente obrigado a fazer alguma coisa. Se eu não sou o destinatário final da mensagem de Joaquim e por isso não tenho obrigação de fazer o que ele afirma que deve ser feito, por que, então, tenho que me sentir culpado quando não o fizer?
Volto a repetir: não estou indo contra nada do que foi ensinado. Sei que todos viverão aquilo que têm que viver, mas este texto faz parte da vida de cada um daqueles que o lerem...
Se nos imaginamos humanos, se imaginamos que podemos errar por ação própria, ou seja, nos achamos capaz de não cumprir com o que foi determinado e por isso sofremos, devemos, então, também ser capazes de compreender que esta culpa, na verdade, trata-se de uma apropriação indébita do que é da alçada do espírito...
Aliás, se conseguirmos colocar em prática o que estou dizendo aqui, estaremos seguindo o próprio ensinamento de Joaquim: se fizer, fez, se não fizer, não fez...