A resposta de um amigo foi muito boa e contém dúvidas que assolam muitos dos que entram em contato com os ensinamentos do EEU. Por isso, se me permite, vou fazer o que tenho feito recentemente: refletir sobre os assuntos à luz dos ensinamentos nos trazidos por Joaquim...
No entanto, ao fazer isso, me permita não seguir exatamente a ordem de suas colocações, sem, no entanto, mudar o que você disse. Alterando apenas a ordem das suas palavras acredito que fique mais fácil lhe responder...
“acho que esses ensinamentos passados por eles (mestres) deviam ser um pouco mais organizados e direcionados com um propósito único”.
Foi só muito recentemente que Joaquim veio nos falar do propósito de seus ensinamentos que acredito seja também de todos os mestres: levar informações ao espírito através do ego. Como Joaquim falou muito recentemente, todos os mestres falaram a espíritos através do ego e não a seres humanos. Mas, falaram com que objetivo?
A resposta a esta pergunta foi mais uma das falas que Joaquim incorporou muito recentemente: mostrar ao ser universal a hipocrisia humana. Mostrar a eles que o discurso do ser humano é um, mas que a ação é diferente daquilo que diz acreditar.
Na verdade, quem é contraditório é o ser humano e não o ensinamento. Isso porque diz que acredita e aceita uma coisa, mas age de forma completamente diferente... Claro que como já vimos, toda contradição humana é motivada pelo egoísmo, ou seja, pela vontade de ganhar para poder ter prazer alcançando assim a fama através dos elogios...
Este, para mim, é o propósito único de todos os mestres: mostrar aos espíritos que os seres humanos são contraditórios sempre que o ganhar pessoal é ameaçado pela prática dos ensinamentos.
Ao transmitirem seus ensinamentos através do ego humano, os mestres criam um balizamento, ou seja, criam um padrão do que os seus seguidores deveriam seguir. Por exemplo: Cristo nos ensina que devemos amar a todos. Este ensinamento gera, então, para os que se dizem cristãos um valor que deveria ser seguido. Mas, não é assim que os seres humanos vivem.
Eles dizem que amam, mas não a todos. Amam os certos, os bons, aqueles que estão de acordo com os seus parâmetros individuais de certos e bons. Por que amam somente a estes? Porque não querem perder, não querem sofrer, tem medo de perder o seu prestígio individual e serem criticados.
Os seres humanos não amam indistintamente porque se fizerem isso terão os seus valores individuais destruídos e eles perderão aquilo que pode gerar o ganhar, ter prazer, ter fama e ser elogiado. O não amar indistintamente é o fruto do individualismo, do egoísmo, como diz o Espírito da Verdade, que faz com que os seres humanos só coloquem em prática o ensinamento quando eles possam se satisfazer.
Existe nas cartas de Paulo um exemplo muito grande da hipocrisia humana. O apóstolo fala que deu uma bronca em Pedro porque este, ao visitar uma comunidade onde Paulo estava, misturava-se aos gentios (não-judeus) na hora da alimentação, o que é proibido pelas escrituras judaicas.
Acontece que ao chegarem mais pessoas do núcleo de Jerusalém onde Paulo vivia, este deixou de alimentar-se com os gentios. O apóstolo Paulo, então, chama publicamente a atenção de Pedro, acusando a sua hipocrisia...
Esta é uma verdade da qual não podemos nos afastar e nem o apóstolo sobre qual Cristo disse que ergueria sua igreja escapou: o ser humano só pratica os ensinamentos quando isso não lhe trouxer prejuízos...
Agora, será que Cristo não sabia disso? Será que Krishna ou qualquer outro mestre esperava que o ser humano vencesse o egoísmo? Claro que não... Se eles eram tão profundos conhecedores da personalidade humana, claro que eles sabiam que seria impossível a uma personalidade humana vencer suas próprias verdades e seu egoísmo...
Por que, então eles continuaram falando? Porque precisavam expor este cancro que o raciocínio humano não afirma existir...
O raciocínio humano não aceita que a personalidade humana é egoísta. Lembra do exemplo que dei em um outro texto? O daqueles que se dizem muito bonzinhos porque praticam a caridade material? Então, é por aí... O raciocínio humano diz que é “certo” não gostar de quem é “errado” ou “mal” escondendo que estas qualificações só existem para que a satisfação individual não seja perdida...
Como é que um espírito que está ligado a uma consciência humana que esconde o individualismo sobre uma capa de bom e certo poderia compreender isso se não houvesse os ensinamentos?
Tudo isso os ensinamentos dos mestres e de seus auxiliares, como Joaquim, transmitem ao espírito e, por isso, é o propósito único de todo trabalho da espiritualidade...
Ao meu ver, se todos são mestres, todos deveriam ensinar a mesma coisa..
Cristo diz: não mate!..
Krishna diz: mate!
Agora você vai entender o porquê de ter pedido para responder suas questões fora de ordem: era precisar entender o propósito único para depois compreender porque Cristo e Krishna foram contraditórios...
A partir dos ensinamentos destes dois mestres foram geradas doutrinas religiosas diferentes. Apesar de aparentarem ser completamente diferente uma da outra, o que elas contêm em comum? Vença suas paixões e desejos e com isso o egoísmo será anulado...
Vencer o egoísmo é vencer a si mesmo. É vencer a si mesmo, é vencer suas paixões (o que gosta, o que acha certo e bom). O resultado de quem vence suas paixões é o fim do desejo o que leva a se vivenciar tudo de maneira equânime, ou seja, sem prestigiar nenhuma verdade.
O egoísmo não está no ato de matar ou em qualquer outro, mas na intencionalidade com que se vivencia o acontecimento. O ser humano que mata quando quer é egoísta; aquele que não mata quando acha que não deve fazê-lo, também o é...
Sendo assim, quando Cristo ensina o não mate, ele está criando um balizamento para mostrar o egoísmo dos egos humanos que aplicam este ensinamento quando querem, ou seja, que acham “certo” um tipo de matar, mas não acham outro.
Se levássemos o ensinamento ao pé da letra, todo ser humano cristão, inclusive o próprio Cristo, deveriam ter vegetarianos. A ingestão de carne, seja branca ou vermelha, só pode acontecer depois de uma morte.
Sendo assim, para não matar, eles não poderiam comer carne... Mas comem. Pior: dizem que é certo matar para alimentar-se...
Repare que estou falando apenas de ato, mas ainda tem o desejo não realizado. Cristo ensina: de nada adianta não adulterar; se você sentiu vontade já pecou... Ora, os cristãos não chamam de pecado o desejo de matar, mas ele também é proibido por Cristo.
Quem viu o discurso do papa acusando Judas depois da divulgação do evangelho deste, reparou que se o apóstolo traidor estivesse vivo, o papa, com certeza, o teria excomungado e lutado pela sua condenação à cadeira elétrica. Este discurso estava de acordo com os ensinamentos de Cristo? Ele segue o não mate? Mas, para o papa condenar Judas é certo, pois, segundo a tradição católica ele traiu Cristo, mesmo que o mestre da sua doutrina tenha ensinado ao contrário...
Já Krishna diz que deve se matar e cita no Bhagavad Gita diversos motivos para tanto. Mas, será que o mestre não estava querendo ensinar a mesma coisa que Cristo?
Por que ele disse a Arjuna que ele deveria matar? Porque o seu discípulo achava errado matar. Ou seja, porque ele tinha uma paixão que levava a um desejo...
Não é o mesmo ensinamento? Não se prenda ao que você quer, gosta ou diz que é certo, mas viva o que tenha para viver em paz, harmonia e felicidade: este é o âmago do ensinamento de todos os mestres...
Pronto... Reduzindo-se os ensinamentos à sua essência, ou seja, libertando-se do significado da letra fria, vemos que todos os mestres ensinaram a mesma coisa. Apenas as palavras são diferentes e o sentido pode parecer também diverso, mas no fundo todos os mestres ensinaram a mesma coisa.
eu acredito nas coisas que o PJ diz, mas quando ele fala que nada existe, somente o espírito, Deus e energia cósmica universal... aí depois ele fala sobre como resolver problemas do ego... é o contrário do que ele acabou de falar.. por que uma hora existe e outra hora não existe? ou existe ou não existe! Ao mesmo tempo, se existe ou não existe.. que diferença faz??
Aqui ainda a mesma coisa que já falamos: Joaquim falando a ego através de espíritos.
Quando fala das coisas do Universo, o amigo espiritual está mostrando ao ser que as percepções que a personalidade humana diz existir não são reais; quando fala como resolver problemas do ego, mostra que o egoísmo tem solução, mas que esta não é alcançada pela razão humana porque a personalidade que lhe serve como provação na encarnação não está disposta a abrir mão do egoísmo.
se eles estão fazendo isso de propósito, então é perda de tempo querer evoluir por algum tipo de ensinamento. .
pessoas que seguem religiões e conceitos absurdamente diferentes alcançam a evolução da mesma maneira..
Por isso nenhum mestre criou uma doutrina religiosa. Todos foram unânimes em afirmar: ame a Deus acima de todas as coisas.
Paulo é bem taxativo neste aspecto: a elevação espiritual não se alcança com a subjugação à lei, mas pela fé. Para mostrar o que disse falou do exemplo de Abraão, ou seja, daquele que foi além do que era “certo” por confiança e entrega a Deus...
Portanto, o que pode ajudar o ser espiritual na elevação não é a subjugação à doutrina que a personalidade humana siga, mas sim na entrega com confiança ao Senhor.
Até agora eu também não entendi porque eles querem tanto que os espíritos evoluam e qual o sentido da evolução. São mestres, eles deviam saber! Quando eu perguntei isso ao PJ uma vez, ele me disse "não sei, pergunta pra Deus".
ok, então estamos todos tentando evoluir por alguma coisa que ninguém sabe o que é, e nem pra que serve..
Quem está tentando evoluir, você? Será que você, ser humano, se julga capaz de vencer o egoísmo sem criar novas verdades que o irão nutrir? Quem está tentando evoluir é o espírito e você é apenas o instrumento que utiliza para a elevação: isso é o que ensina o EEU.
Mas, para que os espíritos querem evoluir? Mais: o que é evolução para o espírito? Como podemos ter respostas a estas e outras perguntas se, como diz o Espírito da Verdade a Kardec o espírito para nós é um nada?
É por isso que deixei de querer saber muita coisa...
Como disse antes, o que mais me atrai no EEU é que eu passei a saber que nada vou poder saber. Sendo assim, para que me preocupar com estas questões?
Em todos as palestras que escuto tem sempre o mesmo questionamento: o espírito pode isso, o espírito faz aquilo, o que é isso para o espírito? Para que prender-se a estas curiosidades se nem consigo saber o que é o espírito?
Não estou lhe criticando, mas comentando um aspecto que é igual para muitos. Estes questionamentos são o que há de mais comum nas gravações das palestras. Mas, me pergunto: será que um dia nós, seres humanos, conseguiremos saber as respostas a estas questões? E se os espíritos pudessem nos responder, será que haveria palavras para descrever o que é indescritível?
isso não quer dizer que eu não acredite ou não queira fazer parte.. só acho que a mensagem deveria ser mais clara e objetiva..
Mais clara do que elas são? Impossível...
A mensagem de Joaquim, pelo menos para mim, é clara: você nada pode fazer, nada tem a executar, nada conseguirá saber, por isso viva a vida que você tem da forma que ela é e do jeito que viver...