Reflexões

Ser, estar e fazer

A mensagem mais forte que o Espiritualismo Ecumênico Universal trouxe foi a de que o ser humano nada pode fazer, ser ou estar por vontade própria. Apesar disso, o que mais marcou todos os trabalhos de Joaquim foram as perguntas: o que eu faço; o que devo fazer; como devo ser? Refletindo sobre isso me veio à seguinte imagem à mente...

No estudo do ego (Conhece a ti mesmo) Joaquim diz no início: para poder se compreender o ego (ser humano) é preciso assumir uma dupla personalidade. Nós somos seres com duplas personalidades, ou seja, somos ao mesmo tempo humanos (eu humano) e espirituais (eu espírito). Enquanto humanos não temos direito a ser, estar ou fazer nada, pois só o espírito possui estas propriedades...

A partir daí me veio à seguinte figura à mente...

Há mais de trinta anos, no Rio de Janeiro, um amigo meu se casou. Até aí nada demais, mas o inusitado do caso e que serve como figura para o que Joaquim ensinou, é que a noiva não compareceu ao casamento, mas se fez representar por uma amiga munida de uma procuração para tanto. A noiva verdadeira morava nos Estados Unidos e não poderia estar presente à cerimônia...

Lembrando deste fato, a minha compreensão sobre a dupla personalidade se ampliou...

A noiva e a procuradora formam duas personalidades distintas, assim como o ego e o espírito são duas individualidades que vivenciam um único acontecimento: o casamento.

O espírito é a noiva que durante aquilo que chamamos de encarnação se faz representar por um procurador: o ser humano.

Este tem procuração para representar a noiva durante aquele espaço da existência dela, mas não tem o direito de ser, estar ou fazer nada com relação à vida marital.

A procuradora vive o momento do casamento, mas não pode participar da vida a dois. Não pode exercer nenhuma atividade relacionada à vida conjugal.

Da mesma forma, a procuradora não pode gozar os benefícios do casamento...

Este é o ser humano. Ele é um procurador do espírito, porque o representa durante a encarnação, mas isso não quer dizer que ele possa agir durante este acontecimento da existência do ser universal.

Ele, como representante legal estará presente à cerimônia, mas mesmo durante ela quando se expressar, dizendo o sim, por exemplo, não estará expressando nem fazendo algo próprio, mas apenas manifestando a vontade da verdadeira noiva...

Da mesma forma, enquanto estiver vivendo a cerimônia matrimonial, ele pode até pensar que está vivendo a sua vida, mas naquele exato momento ele não é ele, mas sim a noiva...

Concluindo, o ser humano não pode fazer, estar ou ser nada porque tudo o que ele fizer referente ao casamento nada mais será do que uma expressão da vontade da noiva...