Sofrimento - Textos

Entre em contato com a sua essência

Participante: o interessante é que estou começando a me perguntar o que me deixa feliz?

Olha que coisa importante. Só isso já justifica nossa conversa de hoje.

Quando começa a analisar o que hoje lhe faz feliz e vê o custo para conseguir o que chama de felicidade, começa a pensar: ‘será que isso é tão importante assim?’ Na hora que minimiza a importância da coisa começa a buscar novas coisas para ser feliz.

Participante: mas, vamos viver na contra mão de tudo que vivenciamos hoje. Crescemos numa verdade, fomos moldados por questões familiares, da sociedade, etc. Vamos o tempo todo nos enquadrando para o externo. O que você propõe voltar para o interno.

Vou lhe fazer mais uma pergunta. Você falou uma coisa muito interessante: vai se enquadrando ao externo. Quando faz isso, o que abandona?

Participante: a minha essência.

E só isso pode lhe fazer feliz realmente. Apenas quando entrar em contado com sua própria essência será feliz.

A sua própria essência que estou falando, não é o espírito. Digo isso porque esse é o pensamento sobre o interno que os humanos têm. Já até me perguntaram se ia fazer o ser humano entrar em contato com o espírito. Não é disso que estou falando.

A sua essência é a paz, a harmonia. Essa é a verdadeira essência de todos os seres. É ela que é abandonada para se enquadrar ao mundo externo.

Esse abandono, que é guiado pela mente, leva o ser a dar importância às coisas externas, imaginando que assim será feliz. Só que nunca existe uma real satisfação. Mesmo se enquadrando completamente o exterior, sempre falta alguma coisa. O que falta é exatamente o que você largou para poder se enquadrar externamente.

O trabalho é esse: se voltar para dentro. É estar em paz consigo mesmo, com o mundo, seja você quem for, aconteça o que estiver acontecendo.

Costumo dizer o seguinte: vocês acreditam na necessidade de fatores externos para se amar. ‘O dia que emagrecer vou me amar; o dia que pintar o cabelo de vermelho vou me amar; o dia que for mais alta vou me amar; o dia que for doutor, me formar na faculdade, vou me amar’. Só que mesmo que consiga alcançar o que deseja, nunca se ama. Porquê? Porque na hora que for mais magra, não é mais você; é outra pessoa. Você é gorda, por isso para se amar tem amar o gordo.

É preciso se amar do jeito que é, para poder se amar. Quando existem condições para se amar, acabará amando outra pessoa e não a si. Digo sempre: se você é um salafrário, ame-se. Ame o salafrário que você é. Se quiser ser honesto para se amar, não vai amar a si, mas outra pessoa.

O amor que estamos falando pode ser compreendido por uma palavra que eu não gosto: aceitação. Só que vou além: se orgulhe de ser quem é, independente do que é.

Se espantaram com o que disse? Só que se não se orgulhar de quem é, você vai querer ser sempre quem não é. Esse processo de ser quem não é, é doloroso e infindável, já que cada vez que atingir alguma coisa, criará outra obrigação de ser algo.

O processo da felicidade é viver em paz consigo mesmo e com o mundo, independente de quem é e do que está acontecendo. Isso só é conseguido mantendo o contato consigo mesmo, com o seu íntimo.

Cristo diz assim: tudo será revelado na hora que você descobrir que era antes de nascer, antes de ser quem é. A sua natureza íntima é quem era antes de ser quem é hoje. É essa natureza que foi sendo guiada para se enquadrar ao mundo externo. Só acabando com esse enquadramento você vai estar feliz e em paz. Mostrar como se faz isso é o nosso trabalho.

Voltar-se para o seu íntimo: é para isso que vocês nasceram. É por isso que foram levados a vida inteira a construir essa pessoa que você não é. Isso até que num momento diga: ‘espera aí, eu não sou isso; eu sou aquilo’. É esse o trabalho.