Participante: o sofrimento é só meu?
O sofrimento é só seu. Quantas vezes vocês estão sofrendo, morrendo e o outro está lá e nem liga?
Participante: uma vez você deu um exemplo da pessoa que está passando fome e sofre porque está com fome e não tem dinheiro para comprar um prato de comida e o outro que está em um jatinho e não tem dinheiro para a gasolina. Disse que o sofrimento é o mesmo?
É o mesmo. Aquele que não tem a gasolina para botar no helicóptero dele sofre tanto quanto aquele que não tem um prato de comida para comer. O sofrimento é o mesmo. Porque?
O que é um sofrimento? Síndrome de abstinência do que você quer. Tanto querer a gasolina para o jatinho quanto querer um prato de comida é vivida como a mesma síndrome de abstinência. O sofrimento é igual porque as duas coisas são algo onde aconteceu o que o ser não quer.
Participante: não existe sofrimento bom ou ruim, não é?
Não existe. Nem sofrimento maior ou menor.
É preciso entenderem que esta coisa de preservar o certo, a regra, a lei, o tem que guardar neste lugar, não pode combinar amarelo com verde, porque é errado, nada mais é do que um instrumento gerado pela mente para você usar naquilo que é viciado. No que são viciados? No egoísmo, no que querem, no que acham bom.
O lugar certo de colocar um copo, não é o lugar certo de colocar o copo, mas algo que a sua mente cria para que você viva a sua dependência, para que viva o seu vício.
Participante: e de onde vem essa doença? É como uma doença do sistema?
Esse vício está presente no espírito livre da encarnação. Espíritos nos níveis que encarnam hoje no planeta Terra. Está presente também no ser humano, na mente. Ela tem este vício para que você veja o mal que causa ao aceitar o vício e abra mão dele, liberte-se do vício.
Participante: a gente não podia resolver isto fora?
Não. Não consegue nem aqui, que dirá fora. Fora dessa vida você vai estar entre iguais e vai viver a mesma vida daqui.
Eu já disse isso: se acham que vão sair daqui e entrar num coro e ficar cantando para Deus, isso é mentira. A convivência entre espíritos no nível de vocês é idêntica aqui ou fora da carne. É sempre um querendo que o outro seja e faça o que ele quer.
Participante: então, porque que a gente vem para cá se é igual? Porque a gente não resolve lá mesmo?
Porque aprender, já aprendeu. Agora está na hora de fazer a prova para ver se foi para escola só para comer pipoca. Por isso, vem para cá fazer a prova.
Participante: não é possível fazer a prova lá?
Não possível, porque lá, nesse momento, está tendo aula. Não se pode fazer a prova no mesmo lugar que está havendo aula.
Participante: estamos tendo aula aqui, agora.
Não.
Eu não estou ensinando nada; estou mostrando uma coisa. Lá é diferente. Como já disse, no mundo espiritual o ser fica assistindo vocês viverem, igual àquele programa de televisão que vocês ficam vendo as pessoas vivendo presas numa casa. Quando você que está aqui diz ‘eu vou ensinar para ela ser melhor’, eles dizem assim: ‘olha o que eles fazem, quando encarnar não vou fazer isso.’
Falei sobre extraterrestres em outra palestra. Disse que é preciso que vocês se aprimorem para recebê-los. Imagina uma coisa: vocês saindo daqui hoje com a cabeça viciada no prazer e no egoísmo, indo para uma terra onde se vive de uma forma completamente diferente. Quando chegar na casa do extraterrestre a primeira coisa que vai dizer é: ‘o copo está fora de lugar’, ‘que sujeira, ninguém varreu aqui hoje’, ‘aquela arrumação é cafona’. É a mesma coisa que fazem hoje quando vão na casa dos outros.
Participante: mas não é bem assim ...
É assim, sim.
Saiba de uma coisa: o primeiro passo para não fazer nada é dizer que não é assim. Você acabou de falar sobre o seu trabalho. Disse que lá existe um monte de briga e deixou bem claro que, para você, está tudo errado lá dentro.
Participante: é que a gente tem este conceito de que viver em briga não é normal.
Ah, você tem? Mas, será que ela tem? Será que o outro tem? Você não sabe ... Como quer viver na paz com os outros se não os respeita?
Segundo detalhe, a sua paz é a mesma para eles? Então, aceita a paz deles. Eles estão em paz brigando.
Você disse que é anormal viver brigando. Se falou isso, é porque acha errado brigar. Se vê erro, vai sofrer.
Participante: nós viemos aqui para provar, porque aqui existe o confronto ...
Lá em cima também existe.
Participante: e lá como se lida?
Aquele que já compreendeu o respeito pela opinião e vontade do outro, diz: ‘quer se ferrar o problema é seu.’
Cada um que fica observando o outro para saber se está certo ou se está errado, vai se ferrar, vai sofrer um dia. Não tem jeito de ficar observando e achando certos ou errados e sendo feliz. Todos que encontram certos ou errados vão sofrer. Todos que acham certos ou errados sofrem. Isso porque nunca o mundo vai estar totalmente dentro do seu certo.
Como não entrar em conflito? Dando ao outro o direito de ter o certo dele, sem que você queira impor o seu. Na hora que deixa-lo fazer o que quer e você fazer o que quer, que conflito pode haver?