Participante: se lá a gente está com a consciência mais ampliada e não tem as limitações dos sentidos como temos aqui, não ficaria mais fácil?
Deixe-me falar uma coisa com relação a sentidos.
Estou falando de sofrer, de sofrimento, não de dor. A dor é ligada aos sentidos, o sofrimento não.
Por exemplo: ‘estou com uma dor no fígado, quebrei um osso’. Isto é sentido, sensação, não emoção. Por isso não é sofrimento. Essa dor pode ser vivida em sofrimento ou não. Ela necessariamente não leva a um sofrer. Portanto, o sentido, qualquer um deles, pode ser mais uma prova, mas não pode automaticamente lhe fazer sofrer mais ou menos.
Outro exemplo: sentir frio. Isso é um sentido. Tem uns que sofrem com o frio e outros que não sofrem. É por isso que digo que o sentido não gera um sofrimento. O que determina é a forma como se vive o que é sentido.
Participante: a gente tem limitação na visão, tem diversas limitações. É destes sentidos que eu falo
Sim, concordo plenamente que você tem limitação na visão, na percepção, em tudo. Mas, o que leva ao sofrimento não está na limitação. Tê-la só vai ser problema quando quiser ver além do que vê.
Quem sabe que tem limitações deve viver dentro delas sem sofrer. Há cegos, por exemplo, que sofrem por não ter a visão enquanto outros não sofrem por isso. A limitação não lhe faz necessariamente sofrer, mas pode servir para gerar o sofrimento se você não aceitar sua limitação.
Portanto, tanto faz se você tem limitações ou não. Isso não tem problema.