Dos espíritos

Pergunta 0077

Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?

Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos Seus filhos, pois que somos obra Sua.

Precisamos compreender bem esse tema, porque existe uma teoria que afirma que o espírito sai de Deus, vem ao universo, vive aqui uma existência até retornar para o Pai. Essa teoria é falsa. O espírito é uma individualidade e Deus, o Ser, é outra.

O que é individualidade é indivisível. Sendo assim, Deus é indivisível. Por isso o espírito não é uma parte de Deus.

Apesar de com isso termos feito o comentário à resposta, existe na questão acima uma outra informação que devemos nos alongar. O espírito aqui foi descrito inicialmente como uma obra de Deus, mas logo depois foi dito que é filho de Deus. Vamos comentar isso.

Se você constrói uma casa, ela não é sua filha. Se constrói uma cadeira, ela não é sua filha. Esses elementos são obras do construtor, mas não podem ser ao mesmo tempo chamados de filhos.

Sendo assim, para receber o tratamento de ‘filho de Deus’ que os mestres dão aos espíritos, eles não podem ser construídos pelo Pai, mas devem ser gerados por Ele. A partir dessa ideia devemos entender que a origem do espírito possui uma figura mais aproximada a da mãe material que gera um filho do que na de um artífice que constrói uma obra. Nós – vamos dizer assim – somos frutos de Deus e não Sua obra ...

É importante salientarmos a questão do ‘gerado’, porque se não podemos pensar que somos obra de Deus. Se assim fosse, seríamos uma matéria, porque a matéria é que é construída. O espírito não é construído, mas gerado.

Portanto, fica aqui outra compreensão importante: o espírito é gerado por Deus. Mas, o que esta informação nos leva a compreender?

Participante: que somos parte de Deus...

Não, não somos parte de Deus. Aliás, comecei esse comentário dizendo que não somos partes Dele. O que pergunto é se você foi gerada por Deus, o que isso lhe leva a compreender?

Existe um ensinamento presente em todos os mestres que afirma que Deus não faz nada imperfeito. Sendo assim, quando entendemos que o espírito é filho de Deus, gerado por Deus, precisamos compreender também que ele, como descendente da Perfeição, também é perfeito.

Repare bem. A mãe humana, que é imperfeita, pode dar a luz a um filho manco ou sem braço, ou seja, imperfeito. Já Deus, que é a Perfeição, não pode. A mesma mãe pode dar a luz a um filho preto e outro branco, um homem e outro mulher, ou seja, pode mudar o fruto da concepção, mas Deus que é Único não.

Deus gera todos os espíritos iguais, porque é Único e os gera perfeitos, porque Ele é a Perfeição. Por causa dessa descendência afirmo que todos os espíritos são perfeitos.

Esta informação é importante e fundamental para aquele que busca promover a sua reforma íntima e aproximar-se de Deus: todos os espíritos são iguais entre si e perfeitos. Por isso Buda nos diz em um sutra que o espírito é luz, mesmo quando poluído.

Sendo assim, posso afirmar que você, seja quem for na vida carnal, é perfeito. Pode estar poluído, pode não se ver como perfeito, mas é.

Essa compreensão sobre si mesmo e sobre os outros é decorrência natural da compreensão de que o espírito é gerado por Deus.

Participante: posso dizer que todos temos o mesmo princípio, o princípio de Deus, o da perfeição?

Não vamos falar desta forma, porque se não vamos querer saber de onde vem esse princípio e o que é ele. Basta entendermos que você é perfeito. Além disso, só precisamos entender também que se você é perfeito, os outros também são.

É, todos os espíritos são filhos de Deus e, por isso, são perfeitos. Mesmo aquele que você chama de errado, de assassino ou de qualquer outro adjetivo. Mesmo aquele que você critica, julga, acusa, é filho de Deus, é perfeito. Você diz que ele não presta, que é isso ou aquilo, mas não é nada do que afirma e sim perfeito.

Participante: a respeito do ensinamento de Buda que o senhor citou, posso dizer que o espírito é como um vidro transparente coberto de fuligem.

Isso. Eu digo que o espírito é como uma lâmpada coberta de barro, mas, as duas comparações querem dizer a mesma coisa.

O importante é compreender que você é luz, mas a sua luminosidade não se propaga porque está sujo. A sua luminosidade existe e brilha, mas não alcança o exterior porque você, o espírito, possui uma camada opaca ao seu redor. Essa camada que não deixa seu refulgir propagar-se são as suas verdades materiais, os seus conceitos.

Participante: essa camada que não deixa a luminosidade do espírito brilhar existe apenas quando estamos encarnados ou também no espírito desencarnado?

 Desencarnado também, dependendo do grau de evolução de cada um.

Aquilo que é chamado de processo de evolução, de reforma íntima, é o processo de limpeza dessa camada. Vou dar um exemplo: aqueles que moram nas cidades espirituais têm essa camada, porque ainda precisam de coisas materiais.