Dos espíritos

Pergunta 0095

O invólucro semi material do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível?

Tem a forma que o Espírito queira. É assim que este vos aparece algumas vezes, quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo palpável.

A resposta é completa, mas deixe-me complementar um aspecto. Aqui está escrito assim: o perispírito tem a forma que o espírito quer. Mas, não é bem assim: não depende só do seu querer.

É claro que todos os espíritos possuem a capacidade de moldar o seu perispírito, de criar ou retirar dele alguns detalhes, mas é preciso levar em consideração o que já falamos anteriormente: estamos falando em linha geral. Saiba que apesar dessa informação muitas vezes o espírito não pode alterar o seu perispírito.

Não pode, não tem condições de alterar o seu perispírito. Isso porque a sua forma física, seja ela do perispírito ou do corpo físico, faz parte do seu carma, da sua prova.

Na verdade, a maioria dos espíritos não possui condições para alterar o seu perispírito. Eles sabem como muda-los, mas não podem fazer porque Deus não permite. O Pai não dá a eles acesso ao conhecimento para manipular o seu perispírito.

Por isso vemos na literatura espírita carecas que usam perucas no mundo espiritual. Enquanto não aprenderem que aquela careca é um carma, enquanto não aprenderem a viver felizes sem o cabelo, não terão licença, autorização, para gerar cabelo, para plasmar cabelo.

Volto a dizer: tudo que está em O Livro dos Espíritos é linhas gerais. Por isso, posso dizer que o ser possui a capacidade de mudar seu perispírito, mas nem todos têm ainda a autorização para exercer estas prerrogativas. Não têm acesso a esta prerrogativa pelo motivo que já expusemos: o individualismo.

Se o espírito individualista pudesse moldar o seu perispírito, transformando assim a sua aparência, haveria muitos que fariam isso para fugir de algumas coisas ou para levar alguma vantagem.

Participante: e os espíritos que apresentam ferimentos no perispírito?

Vamos conversar sobre isso. Boa pergunta.

As marcas do corpo físico vão para o perispírito? Ferimentos, tatuagens, doação de órgãos, cicatrizes, vão para o perispírito? Vão, se for prova, se for necessário ir.

Vou dar um exemplo: um ser humanizado morre, desencarna, com um tiro. Ao tomar consciência que desencarnou por esse motivo, ele se revolta. Acontecendo isso, muito provavelmente o seu ferimento estará no perispírito e ficará aberto até que acabe com a sua revolta.

Na verdade não há ferimento. O perispírito, assim como o corpo físico, não pode ser ferido. Tudo é fluido universal e o elemento material universal não pode ser ferido.

Por isso afirmo que o ferimento no perispírito, na verdade, é mental, é produzido pela mente do espírito (ego). Mas, o ser universal não vê isso: pensa que o corpo perispiritual é que está ferido. Por isso não sabe que pode, através da mente, eliminar essa visão. Ele só alcançará a consciência de que pode utilizar-se da sua mente para curar ou fechar esse ferimento quando tiver o merecimento para tanto.

Outro exemplo: a doação de órgãos. Se um ser humanizado doar um órgão, esse vai faltar no seu perispírito? Depende.

Se o ser humanizado doar o órgão para ganhar dinheiro, certamente vai; se doá-lo para mostrar o quanto é bonzinho, caridoso, vai: mas, se doar o órgão por amor, esse estará presente no perispírito. O amor cobre toda e qualquer coisa. Portanto, a doação sem intencionalidade nenhuma não provoca problemas no perispírito, mas aquela que é feita com qualquer outro sentimento provoca.

Outro exemplo: o ser humanizado que perde de um membro. Será que a ausência da perna vai para o perispírito? Vai, enquanto o carma for necessário.

Esse espírito será, mesmo depois de desencarnado, manco, com uma perna só. Agora, se durante a vida carnal conseguir superar o seu carma, ou seja, viver feliz apesar de só ter uma perna, quando sair da carne estará com as duas.

Vamos entender direitinho: a função de cada coisa do perispírito e do corpo, fazem parte do carma do ser encarnado, ou seja, conterá aquilo que o espírito vai precisar fazer para realizar o trabalho da sua encarnação. Sendo assim, enquanto houver o carma, tudo existirá; quando o carma acabar, acaba tudo.

É isso que precisamos compreender: tudo pode acontecer. O que vai determinar se acontece ou não, será o carma, o merecimento.

Participante: fale um pouco dos espíritos que vampirizam o perispírito de outro, como os ovoides citados na literatura espírita.

Na verdade, nenhum espírito vampiriza o perispírito do outro. Vamos entender isso direitinho, de uma vez por toda.

O espírito se alimenta de uma coisa chamada fluído cósmico universal, que vocês chamam de sentimento. O espírito come sentimento, assim como vocês comem comida.

Por isso, esses espíritos que são conhecidos como vampiros comem energia, o sentimento que está dentro do perispírito. Seria quase como um sanguessuga. Acho que é por isso que são chamados de vampiros. Eles não comem o corpo, mas sim o sangue do espírito, o sentimento, a energia.

Isso é verdade: realmente existem espíritos que fazem isso. Só que esses seres só procuram aqueles que têm o que eles gostam. Eles não atacam indistintamente qualquer um.

Aliás, até na Terra é assim. Há pessoas que não podem sair de casa que o mosquito, o sanguessuga, ataca na mesma hora, enquanto há outros que entram no meio do mosquiteiro e não recebem uma mordida. Isto acontece porque esses últimos não têm o que o mosquito quer.

Sobre este assunto, portanto, o que precisamos entender é que esses vampiros só vão vampirizar aqueles que tiverem o sangue que ele quer, ou seja, aqueles que tiverem o sentimento que ele quer. Por isso, se você mantiver uma emoção que atraia esses seres, certamente será vampirizado. Agora, se mudar o seu estado de espírito, mesmo que esteja sendo vampirizado, o ser vai embora praguejando: ‘que comida ruim. Eu não quero isso. Vou pegar outro que tenha que gosto.’

Esse é o aspecto principal dessa sua pergunta ao qual devemos dar total atenção: muito mais do que se preocupar em saber como o vampiro age, saber como é essa obsessão, devemos compreender porque ela acontece. Sem isso, não aprendemos a escapar dela e continuamos a temer e odiar os vampiros.

Participante: fale também dos tais trabalhos encomendados nas encruzilhadas.

Deus é causa primária de todas as coisas. Sendo assim, se alguém vai ao centro de macumba pedir um trabalho contra outro, foi Deus quem o mandou ir e pedir. Isso é verdade. Mas, esse acontecimento serve como instrumento carmático tanto para quem faz como para quem recebe.

Deus dá a um a intuição de fazer o trabalho porque ele nutre um determinado sentimento. Esse o faz tornar-se merecedor de viver este determinado papel na vida. Ninguém vai ao centro pedir para fazer um trabalho se não merecer ser o agente desta situação carmática. Esse é um detalhe sobre o tema.

Quanto a eficácia, ou seja, se aquele trabalho vai chegar à pessoa que foi dirigido, isso é outro detalhe. Esse aspecto não sei lhe responder, porque também vai depender do merecimento da outra pessoa recebe-lo ou não. O outro só receberá a carga negativa do trabalho se for merecedor, pois Deus dá a cada um segundo as suas obras.

É por isso que na umbanda os exus dizem: eu pego e vou levar, mas se não puder entregar, volto e devolvo. Isso quer dizer: o exu pegará a carga energética, levará para a pessoa destinada, mas se ao chegar lá a pessoa não merecer recebê-la, a devolverá para quem mandou.

Precisamos entender que um trabalho de umbanda nada mais é do que um despacho de uma carga sentimental. Fazer trabalho espiritual é enviar determinada carga sentimental a outro.

O espírito trabalhador chamado exu absorverá a carga e a levará para entregar ao destinatário. Só que, ao chegar lá se a vibração da pessoa não se encaixar com a que está levando, ele volta devolve sua carga para quem mandou. Faz isso porque ela é dele, foi ele quem a nutriu.

Portanto, são estes os dois aspectos que gostaria de salientar sobre o tema que você perguntou. Primeiro dizer que o trabalho é a emissão de uma carga sentimental (energia) e segundo, que tanto a fonte geradora quanto a receptora precisam estar numa sintonia, porque tudo aquilo é prova.

A macumba não é o charuto, a cachaça, a galinha, a farofa, mas um sentimento. Na verdade, quando você olha atravessado (nutre um sentimento de desconfiança) para alguém, está fazendo uma macumba. Quando tem raiva de uma pessoa, quando está acusando alguém, está fazendo uma macumba. É desse jeito porque a macumba não são as coisas materiais, mas o sentimento que se coloca nas coisas.

Por isso não importa se você está falando, cantando ou oferecendo coisas matérias; sempre que nutre um sentimento por uma pessoa está fazendo uma macumba para ela. O sentimento é quem comanda a ação e não o contrário...