Dos espíritos

Pergunta 0082

Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?

Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessênciada, mas sem analogia para vós outros e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.

É melhor declarar que nada sabe do que querer conhecer o espírito pela forma ou saber do que ele é composto.

O máximo que você, humano, vai saber é que o espírito é o princípio inteligente do Universo e pode se confundir com a inteligência que habita o corpo. Mas, mesmo se apegar a isso é besteira, porque você, humano, não sabe o que é inteligência nem como ela funciona.

Primeiro o ser humanizado deve se concentrar em saber o que é inteligência, como ela funciona, para só depois querer fazer ideia do que é o espírito. Saber se ele tem ou não matéria, se tem braço, umbigo, etc.

É isso que está sendo dito pelo Espírito da Verdade. Mas, mesmo assim, vocês continuam querendo saber como é o espírito.

Participante: Kardec faz um comentário a essa resposta ...

Comentário de Kardec

Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Não compreende as ideias que só lhe poderiam ser dadas pelo sentido que lhes falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas ou por um esforço da imaginação.

‘Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas ou por um esforço da imaginação’. Sim, se você quiser compreender o espírito pela razão humana alcançará apenas uma verdade transviada, falseada, individualizada. Isto é a prática do que já estudamos anteriormente: a razão é transviada.