É por conta destes fatores que Buda elogia Ananda. O monge não sabe ainda a resposta para uma vida santa, mas sabe que tudo depende do valor básico que se dá a vida e por isso procura alterar o seu. Por causa dessa compreensão é que o Iluminado afirma no final do sutta que vimos: Ananda ainda não está pronto, mas já é uma pessoa importante. É importante porque está buscando, porque está mergulhando na vida. Mergulhando cada vez mais na profundidade da vida.


A partir disso vou passar mais um ensinamento. Foi ensinado aqui que o espírito possui as propriedades inteligência, justiça e amor. A inteligência é a capacidade de perceber e armazenar informações. Quando o ser evolui, a inteligência começa a ganhar sistemas de funcionamento. O primeiro é o instinto, o segundo o raciocínio.
O instinto é a inteligência que percebe e vai buscar na memória o que está armazenado e vive o que lá é encontrado sem questionamentos. Por exemplo: um cachorro tem escrito em sua memória que quando encontrar o cheiro de outro cão deve deixar o seu, urinando no mesmo lugar. A partir deste instinto, não importa se o cachorro acabou de urinar, novamente o fará naquele lugar.
Isso é instinto, pois não há análise de nada. O cachorro não analisa se quem deixou o cheiro é mais forte ou mais fraco, bom ou mal, bonito ou feio: sentiu o cheiro, começa a agir.
Já o racional, o segundo sistema de funcionamento da inteligência, recebe a percepção, busca na memória informações sobre o assunto e analisa o que é recebido. ‘Será que eu tenho que fazer isso? Será que é bom para mim pensar desse jeito? Será que é bom ou mal, certo ou errado, limpo ou sujo’? Analisa a informação recebida da memória, toma uma decisão e aí pratica a ação de acordo com a decisão alcançada.
Tenho dito há algum tempo que para o novo mundo a inteligência ganhará um novo sistema de funcionamento. Só para dar um nome a este sistema e assim vocês poderem entender o que será, digo que ele se chama meditação.
O que é meditar sobre algo? É se aprofundar na busca do instinto. O instinto é a coisa mais pura, natural, que existe, pois cada vez que se raciocina, é criada uma nova verdade. É por isso que o Espírito da Verdade responde desta forma à Kardec:

“75. É acertado dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais? Não, o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia”.
“75a. Porque nem sempre é guia infalível a razão? Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo”.
(O Livro dos Espíritos)

Por exemplo: quando olha alguma coisa, a inteligência racional chega à conclusão que algo é bonito. Acontece que esse bonito não é verdadeiro, mas fruto de uma razão má educada, orgulhosa e egoísta. Portanto, não pode ser considera universal e por isso não conduz o espírito à elevação espiritual.
A partir do momento que definiu algo como bonito, toda vez que aquela inteligência se deparar com aquele elemento viverá uma beleza. Encontrando alguém que pense diferente, julgará a opinião daquela pessoa e a acusará de estar errado.

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