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Agora uma pessoa me pergunta porque enquanto encarnado, vivo, se tem tanto medo da morte. Vamos conversar sobre isso dentro do prisma desse estudo: para auxiliar os seres já encarnados no seu trabalho de libertação da mente e orientar aqueles que estão começando a vida a não caírem neste sofrimento.

Primeiro precisamos entender o que é morte e vou falar principalmente para espiritualistas, para aqueles que creem que exista vida depois da vida. Esses acho que não deveriam ter medo da morte.

Aqueles que não creem nisso, também não deveriam ter. Porque? Porque eles sabem que a morte é inexorável, que acontecerá fatalmente. Por isso não precisam ter medo, já que com ele ou sem, ela chegará. Por isso, mesmo que não acredite na existência de vida depois da vida, essas pessoas deveriam não ter esse medo.

Para o espiritualista, então, esse medo jamais devia existir. Porque isso? Porque ele acredita na vida depois da vida.
Sabe que continuará vivo depois do desencarne. Porque, então, medo da morte?

Porque ter medo de algo que para ele não deveria existir? Respondo porque esse medo existe: o medo da perda do eu. Vou tentar explicar isso.

Para aqueles que acreditam na vida depois da vida, o medo da morte não é o do fim. É o medo de perder a identidade com a qual se vive nesse momento. O José, a Maria, o João e o Joaquim. Deixar de ser quem é: esse é o medo do ser humanizado. É por isso que mesmo sendo espiritualista, muitos ainda possuem medo de morrer.

Como se libertar desse medo, então? Sabendo que você não é essa personalidade de agora. Sabendo que essa personalidade é transitória. É algo ao qual o espírito se liga para fazer suas provações e que quando estas acabarem, essa identidade não mais existirá, mas isso não quer dizer que você cairá no vazio. Ao perde-la, retornará à sua identidade, àquela que é você.

É esse pequeno detalhe que leva os espiritualistas a terem medo da morte: acharem que eles são a personalidade humana à qual estão ligados. Achar que com a morte, com o fim dessa personalidade, não serão mais ninguém. Isso é ilusão. Isso é pensamento de alguém que não acredita que essa vida é uma encarnação e que a personalidade humanizada é o instrumento dela.

Portanto, para um espiritualista vencer o seu medo e conseguir viver em paz mesmo com a certeza de que um dia vai morrer, é preciso que compreenda que é algo além da personalidade humana, que é uma personalidade distinta dessa e que quando a atual acabar, o que ficará é a sua real. Realizando esse trabalho, com certeza terá paz.

Como disse, para quem não acredita em vida depois da vida, o trabalho é a viver com a consciência de que a morte existe, que ela acontecerá com todos, inclusive com ele. A partir dessa consciência, observar que possui duas opções para viver a vida até que a morte chegue: viver com medo dela, o que não a afastará, ou viver gozando as coisas da vida até que o momento chegue.

Mas, tem um terceiro detalhe que também queria falar: como preparar aquelas pessoas que estão começando o seu processo de encarnação (crianças e jovens) para que vivam em paz no novo mundo com relação à questão da morte. Isso se faz ensinando a criança desde pequena que a morte existe, que ela acontecerá um dia ou outro certamente. Por isso, é preciso dizer claramente as crianças que um dia ela ficará sem seus parentes (pai, mãe e outros). Mais: que um dia ela também morrerá.

Na cultura ocidental a questão morte como um assunto proibido. Não se fala sobre morrer, não se diz a criança que o papai e a mamãe podem ir embora a qualquer momento. Não se prepara a criança com a ideia de que é preciso aproveitar a convivência com o mundo, dentro de suas convicções, ao invés de se incentivar a ideia de que tudo é eterno e a morte nunca acontecerá para as pessoas.

Esse é um trabalho que precisa ser feito: não sonegar a criança a consciência de que aquela relação terá fim um dia. Não estou dizendo para tocar nesse assunto a cada momento, mas sim em não fingir que a mamãe, o papai ou o animalzinho virou estrelinha, que foi morar com o papai do céu. Não é assim que se ajuda uma criança. O que realmente ajuda uma criança a viver a vida sem sofrimento é fazê-la compreender os elementos da vida e a partir deles se preparar para quando eles aconteçam. Isso a faz crescer com a certeza de que esses acontecimentos ocorrerão ao invés de serem pegas de surpresa pela vida, como vocês são.

Encerrando, posso dizer que o medo da morte é sim uma grande causa de sofrimento, tanto para o espiritualista como para o não, mas aquele que raciocina o acontecimento morte, que traz a sua existência para o dia a dia, nunca é pego de surpresa. Por isso pode estar preparado para não sofrer quando ela acontecer.

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