Eu sou imorredouro, puro, infinito e uma morada de conhecimento. Não conheço prazer ou dor, ou alguém a quem eles afetem, ou como.

Vamos entender esse ensinamento que é profundo e contraria em muito aquilo que você imagina que seja a caminhada de um ser que procura Deus.

As primeiras citações de Dattatreya são claras: o eu celestial é imorredouro, puro e infinito. Aliás, já falamos nisso nesse trabalho.  Vamos nos prender, então, no ensinamento de que o espírito é a morada do conhecimento.

O espírito gerado por Deus quando atinge o nível de evolução em que se encontram todos os que estão no orbe terrestre hoje, estão prontos e completos. Para chegar a esse nível de evolução já ultrapassaram outros onde adquiriram todo conhecimento das coisas universais. Portanto, conhecem tudo das coisas universais.  Apesar de ser essa uma realidade, os espíritos não conseguem acessar (lembrar) do conhecimento universal porque estão presos no maya, nas suas ilusões que acreditam serem verdades.

 Quando começamos nosso trabalho nos perguntaram porque escolhemos como receptores um grupo que não se distinguia por profundos conhecimentos em nenhum dos campos religiosos. Nos perguntaram porque não fomos passar os conhecimentos através de expoentes religiosos ou de profundos estudiosos, ou seja, pessoas que já sabiam.

Nossa resposta foi: exatamente por já saberem. Os expoentes religiosos e os profundos estudiosos já possuem um saber sedimentado que impediria que ensinássemos coisas novas.

Para que aprenda algo novo é preciso, antes de qualquer coisa, não saber das coisas. Se já possui uma verdade, mesmo que seja uma ilusão ou um maya vivenciado como realidade, em que vai acreditar? No que já acredita, óbvio.

Para poder aprender alguma coisa nova é preciso antes desacreditar da velha, ou seja, libertar-se daquilo que já sabe e ao qual dá valor de verdade absoluta, única realidade. É preciso estar livre de uma verdade para poder ouvir outra sem questionar ou duvidar do que está ouvindo.

Sem esta atitude, não consegue captar o que é transmitido: ‘eu já tenho a verdade, não tenho nada a aprender, nada a ouvir’. Aliás, essa é a postura da maioria dos seres humanizados. Buscam o ensinamento pela curiosidade de ouvir o que está sendo falado, mas nunca para aprender, porque dizem que já sabem. No máximo querem confirmação daquilo que já sabem.

Esse é o ensinamento de Dattatreya quando diz que você é a morada do conhecimento: declare que já sabe tudo, mesmo que não se lembre, para não se prender a mayas imaginando que são verdades reais.

Só se libertando dos seus mayas que imagina reais poderá atingir o verdadeiro conhecimento, que já é seu, uma vez que já se fez presente em outros mundos de evolução onde adquiriu todo conhecimento das coisas universais.

Esse conhecimento perfeito sobre as coisas universais está adormecido dentro de você naquilo que chamamos de consciência espiritual. Ele não pode ser alcançado pelo ser humanizado porque a consciência material ou ego não permite, mas está lá.

Seguindo a linha do raciocínio anteriormente desenvolvido (quem sabe não consegue aprender), posso dizer que o ser humanizado que se deixa guiar pelo seu ego acreditando nos mayas não consegue penetrar na consciência espiritual e de lá retirar as verdades que já conhece. Esse processo é conhecido entre os espíritas como véu do esquecimento.

Portanto, o verdadeiro conhecimento para os seres que buscam a Unidade com Deus é nada saber. Aquele que almeja a elevação espiritual precisa lutar para libertar-se de suas verdades, pois enquanto souber estará preso ao ego que insufla o individualismo.

Esta é a mesma conclusão que chegou Salomão, famoso profeta hebreu, no livro Eclesiastes da Bíblia Sagrada:

 “Eu tenho visto tudo o que se faz neste mundo e digo: tudo é ilusão. É tudo como correr atrás do vento. Ninguém pode endireitar o que é torto nem fazer contas quando faltam os números. E pensei assim: eu me tornei um grande homem, muito mais sábio do que todos os que governaram Jerusalém antes de mim. Eu realmente sei o que é a sabedoria e o conhecimento. Assim, procurei descobrir o que é o conhecimento e a sabedoria, o que é a tolice e a falta de juízo. Mas descobri que isso é o mesmo que correr atrás do vento. Quanto mais sábia é uma pessoa, mais aborrecimentos ela tem; e quanto mais sabe, mais sofre” – Eclesiastes – Capítulo 1 – Versículo 14-18.

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