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Participante: durante o desenrolar da mudança não podemos ir aos poucos desligando-nos das posses, paixões e desejos?
Hipoteticamente até poderiam, mas se pudessem fazer isso a partir de agora pergunto: porque ainda não fizeram? Se já houvessem feito o eixo de suas existências seriam outros.
Não sei se perceberam, mas não estou falando nada novo do que falei nesses últimos quatorze anos. Com certeza algum dia já ouviram de mim que é importante para ser feliz libertar-se das posses, paixões e desejos. Sendo assim, porque não fizeram? Porque ainda têm algumas dessas coisas sendo satisfeitas.
Na verdade, o ser humanizado dificilmente reage contra as criações mentais com relação às coisas desse mundo porque em alguns momentos ainda consegue satisfazer-se. Somente quando esta satisfação for quase impossível pode ser que se lembre de fazer o trabalho necessário para a libertação.
Por que disse pode ser? Porque na hora que a mente criar o lamento e o sofrimento se este ser humanizado não for lembrado de que existe outra forma para se viver aquele momento, dificilmente conseguirá realizar este trabalho de libertação. Sendo assim, mesmo a reação que falei que pode fazer ainda dependerá de alguma coisa.
Dependerá do que? Do seu envolvimento com uma doutrina que pregue a libertação das posses, paixões e desejos. Se não vive envolvido com um conjunto de ensinamentos que possuam elementos que alertem para realizar este trabalho, com certeza nem neste momento conseguirá alcançar a paz. Viverá completamente o sofrimento de não ter mais aquilo que norteava a sua existência e esperará que alguém venha lhe libertar desta condição, como, aliás, hoje vivem aqueles que se envolvem com doutrinas que reforçam as posses, paixões e desejos mundanos.
Para justificar o que estou dizendo, cito o nosso próprio relacionamento. Quando estava mais presente no dia a dia de vocês fazendo palestras constantes não se lembravam mais rapidamente de colocar em prática os ensinamentos nos momentos de sofrimento? Sei que sim. No entanto, no passado recente quando nossas conversas se espaçaram mais, este tempo de reação não aumentou? Acho que sim.
Este é o exemplo que tomo para poder lhe falar a respeito da sua forma de vivenciar a mudança do eixo de seu mundo. Se você estiver perto de pessoas que comunguem do mesmo caminho para a felicidade mais rapidamente poderão reagir quando se conscientizarem da mudança do eixo da vida. Agora, se estiverem afastados deste convívio, isso se tornará mais difícil e muitas vezes não acontecerá, apesar de um dia ter sido informado da existência deste caminho. Por isso falei ontem e repito hoje: busque manter-se envolvido com a comunidade que comunga das mesmas ideias que você neste momento em que não mais estarei disponível para palestras neste planeta.
Sei que vocês acham que já sabem tudo o que falei, que já compreenderam e interiorizaram os ensinamentos sobre a nova forma de vida que conversamos nos últimos quatorze anos, mas isso não garantirá que no momento que o eixo de sua vida for modificado você se lembrará deles. O poder de maya, a ilusão de que a realidade ilusória que os seres humanizados vivem é real, é muito forte e isso solapará toda pretensão de colocar em prática o caminho da felicidade sem que haja um estímulo externo para que isso aconteça. É para haver este estímulo que indico o seu envolvimento com uma comunidade que comungue este caminho. Somente sendo relembrado constantemente que existe outra forma de se viver aquele momento você se lembrará dos ensinamentos e poderá reagir quando o eixo de sua existência for alterado.