Participante: então, a encarnação não acaba com a morte. Poderemos estar mortos e viver a mesma vida.

Perfeito.

Considerando-se uma doutora, continuará se achando como tal depois da morte. Se for negra ou se for mãe continuará a vivenciar aquela maternidade depois do desencarne, pois não há mudança automática de consciência do eu apenas por causa da morte.

O espírito vivencia as situações da vida antes e depois da existência carnal propriamente dita. A vida não acaba com a morte, mas também não começa com o nascimento: isso precisa ficar bem claro para quem busca a elevação espiritual.

Deixe dizer uma coisa: vocês são espíritos vivendo uma aventura carnal; não são seres humanos (carne) vivendo uma aventura espiritual.

A base dessa vida é o espírito e não a matéria. É por achar que precisam da carne que inverteram a base: querem viver uma vida carnal com espaços espirituais durante ela. Desculpa, mas isso está errado.

A Segunda Verdade Universal diz que as coisas não valem pela sua forma, mas pela essência, ou seja, nada existe a partir da forma, mas da essência que habita cada coisa. A essência do ser humano é um espírito, por isso precisamos começar a inverter a vida. Precisamos começar a viver a vida carnal como espíritos, porque é isso que somos.

Por mais que se dure nessa carne, a passagem por ela é como um piscar de olhos para a sua eternidade espiritual. Você está perdendo tempo querendo entender e viver uma vida carnal que é ilusória, que não é realidade para você, pois tudo o que compreender ou aprender durante ela não terá nenhuma valia na sua existência eterna.

Conversando sobre esse tema um dia uma pessoa me disse que precisava aprender coisas materiais durante a encarnação e eu disse que não. Aquela pessoa me disse, por exemplo, que precisava aprender a dirigir carro nessa vida, que isso era uma necessidade.

Perguntei então: você se lembra da sua última encarnação? Nela não existia carro. Por isso, o que dizia é que tinha que aprender a dirigir carroça de burro. Para que serviu aquele aprendizado, se nesta vida ninguém dirige carroça de burro?

Quando voltar, será que dirigir os carros de hoje será de alguma valia? Sim, falo de quando voltar porque acho que todos sabem que na vida espiritual não existe automóvel, não é mesmo?

Agora repare bem: não estou falando em não fazer, ou seja, em não aprender a dirigir. O que pergunto é: para que perder tempo se preocupando, querendo, desejando estas coisas que não servirão para a eternidade espiritual? Se aprender tudo bem, se não, isso em nada irá atrapalhar o seu futuro espiritual.

Esse é o fundamento. Não se trata de aprender ou não, mas sim não transformar o aprender a dirigir em objetivo da vida, em algo básico para a existência.

Mas, dirigir é algo considerado superficial, por isso vou mais além: não se deve colocar o se formar em médico, que é algo considerado mais profundo pelos seres humanos, como objetivo da vida, porque ninguém nasceu com esse objetivo.

Veja bem. Todos que um dia se formaram em médico, aprenderam uma ciência que hoje não serve para mais nada face aos avanços científicos. Além do mais, quando retornaram ao mundo espiritual encontraram uma ciência médica muito mais avançada daquela que haviam aprendido durante a encarnação.

Então o que adiantou para o futuro espiritual se formar àquela época? Além do mais, se estudar hoje a medicina com afinco a fim de preparar o seu futuro eterno, será que no mundo espiritual ou quando voltar em nova encarnação o que sabe hoje será o conhecimento mais avançado?

Os objetivos materiais pertencem àquilo que chamei de influência da matéria. Quem pretende aproveitar a encarnação como instrumento de espiritualização não se submete a esta influência e, por isso, não coloca estes objetivos como elementos primordiais na sua existência.

Na verdade, o problema não é o que se faz ou o que se deixa de fazer nesta vida, mas sim a base da existência, aquilo que é considerado como objetivo da vida. Portanto, transforme-se em médico, se transformar-se, mas tenha sempre um objetivo espiritual e não material.

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