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Se chamei a felicidade de incondicional e se o sofrimento é o contrário da felicidade, posso dizer que ele é toda condicionalidade.

Tudo que é condicionador – pode ser, pode não ser, está certo ou errado, é bonito ou feio, é limpo ou sujo, tem que ser igual ou diferente, é justo ou injusto – causa sofrimento. Não importa o que seja, o assunto que seja, se cria uma condicionalidade – mesmo que vivido com felicidade efêmera – houve um sofrimento.

Essa é a primeira ideia para aquele que quer ser feliz. Tudo que é condicional é sofrimento; tudo que condiciona é sofrimento. Ficou claro isso?

Mas, o que é o condicionamento que você vive? Só para terem uma ideia, vou dar um exemplo: sua mãe morreu.

Sua mãe morrer lhe faz sofrer? Não, a morte da sua mãe não faz sofrer. O que faz? A sua vontade que ela estivesse viva.

Não é o que acontece que lhe faz sofrer, mas o condicionamento do momento presente que gera o sofrimento. A ideia de que o momento presente poderia ser diferente do que é que lhe faz sofrer e não o que acontece no momento.

Está vivo ou morto não é um dualismo, uma condição de vida? Então é um sofrimento. Você não pode se apegar ao estar vivo ou morto para ser feliz. Apegando-se, quando quem quer morto estiver vivo, sofrerá; quando quem quiser vivo estiver morto, você sofrerá.

Esse é o início do trabalho. Se não consegue saber o que é felicidade, precisa reconhecer o que é o sofrimento. Para isso é preciso entender que o sofrimento existe sempre que houver uma condicionalidade no momento presente. Sempre que a ideia de que o momento presente poderia ser diferente do que é, ou seja, condicionar o presente a outras coisas, faz sofrer.

Portanto, se quer ser feliz de verdade, se quer alcançar a felicidade incondicional, é preciso se libertar da condicionalidade que é ser vivo. Mas o que é se libertar da condicionalidade a ser vivo? Simples, muito simples. Minha mãe está morta? Está, não tem jeito. Morreu, acabou, não posso trazê-la de volta. Acabou, não tem jeito.

Outro exemplo? Não quero estar aqui, mas não posso sair para outro lugar agora, acabou. Não há outra condição. A única possibilidade desse momento é estar aqui.

Pensando desse jeito você acaba com a condicionalidade. Quando acaba com ela entra no estado de felicidade plena.

Sabe, não tem nada para fazer, minha mãe morreu. Agora vou enterrá-la e um dia, já que acredito em espírito, vou encontrá-la. Louvado seja Deus.

Parece frio, mas a verdade é essa: ela morreu. Assumindo acaba com a condição que vive todos que têm uma perda: poderia não ter morrido. Não, não poderia deixar de morrer. Por quê? Porque ela morreu.

Então esse é o início do trabalho da busca da felicidade. É claro que para fazer isso existem técnicas que vamos conversar. No entanto, fica a mensagem: para viver a incondicionalidade é preciso viver o aqui e agora com tudo que está nele.

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