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Como pode haver cépticos, uma vez que a alma traz ao homem o sentimento das coisas espirituais?
Eles são em número muito menor do que se julga. Muitos se fazem de espíritos fortes, durante a vida, somente por orgulho. No momento da morte, porém, deixam de ser tão fanfarrões.
Os seres humanizados vivem a vida inteira desligados da alteração de vivo para morto. Ignoram a existência espiritual. Querem apenas gozar a vida. Só que, no momento em que o acerto de contas está para chegar, a maioria se borra.
Não estou falando daqueles que vivem em farras, que vão à casa de má fama, que buscam ganhar coisas materiais. Não é desses que estou falando. Falo dos que se apegam aos papéis que exercem durante a vida.
O trabalhador de uma empresa que acredita que o seu trabalho físico é a coisa mais importante da sua vida, na hora da morte, se borra de medo, pois viu que não fez nada para a sua elevação espiritual. A mãe e o pai que são aprisionados nessa posição, que possuem emocionalmente os seus filhos, na hora da morte se borram, porque percebem que não fizeram nada por ninguém.
É isso que precisamos entender. Espiritualidade não é algo que se vive dentro de templos. Espiritualidade não é uma coisa que se busca no momento da morte. Espiritualidade é algo que precisa ser vivenciado vinte quatro horas por dia. Falo de espiritualidade no sentido de buscar a Deus e não de servir a uma religião.
Não estou dizendo para ninguém deixar de ser empregado de empresa, deixar de ser mãe ou pai. O que falo é no sentido de vivenciar os papéis, colocando em primeiro lugar a sua busca espiritual.
No final, é tudo entre você e Deus, como dizia Madre Tereza de Calcutá. Então, não tem nada a ver com o relacionamento com o seu filho. Relacionando-se com ele de uma forma possessiva (‘é meu filho, tenho que educá-lo, tenho que fazê-lo homem, ele tem que me paparicar’), se esqueceu de Deus. Acredita que sua fonte de subsistência é o trabalho material, não acredita em Deus ou em Cristo, quando o mestre diz assim: “Por que você se preocupa com o que vai comer amanhã? É Deus que dá alimento aos bichos.”
É isso que estou falando. O que pode garantir uma passagem tranquila para o outro lado, um desencarne sem medos, é a consciência de ter vivido a busca espiritual, o relacionamento com Deus vinte quatro horas por dia. Quando essa busca não é realidade, o desencarne será marcado por medos, incredulidades, incertezas. Nesse momento, pode ter sido papa, bispo, padre, médium, monge, o que você quiser: não tendo vivido vinte quatro horas atentos à relação com Deus, na hora do desencarne vai se borrar todinho.