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Pergunta: estou, aos poucos, tentando colocar em prática os ensinamentos que o Senhor nos traz. Às vezes consigo e outras não. Estou em paz com isso, mas um quesito me tira a paz. É a questão da maternidade.
Não consigo colocar em prática as coisas que acho que seriam boas para meu filho. Tenho consciência de que não temos controle sobre o ato, mas não consigo ficar em paz com isso. Sei também que não tem certo e errado, mas nesse quesito não consigo não achar que o que estou fazendo com ele é errado e vai prejudicá-lo.
Não quero gritar, não quero bater, quero agir com amor e paciência, mas simplesmente não consigo. Acabo entrando em um looping mental de que sou uma péssima mãe e faço tudo errado. Mesmo sabendo que não sou mãe, que não tenho nada errado, que tudo é o amor de Deus e que isso não passa de uma prova.
O Senhor pode comentar?
Posso, claro.
Sabe, ninguém faz nada que aquele que recebe não precise nem mereça. Ninguém consegue cometer injustiça com ninguém. Por quê? Porque cada um recebe segundo as suas obras. Cada um recebe o resultado de suas obras.
No caso de uma criança, você vai dizer que é só uma criança. Não, é um espírito velho. Nessa vida, o espírito, mesmo aquele que está encarnado no corpo de uma criança, recebe somente aquilo de que precisa e merece para essa encarnação. Cada um, pouco importa se é criança ou velho, recebe aquilo que tem que receber. É isso que precisa entender.
O seu papel como mãe é dar ao seu filho o que ele merece e precisa. ‘Oh, meu Deus, você está dizendo que eu tenho que bater no meu filho’? Se ele tiver que apanhar, se isso estiver na programação daquela encarnação, sim.
Se ele precisar disso para poder formar hoje uma razão para no futuro trabalhar a sua reforma íntima, você tem que bater porque aceitou fazer isso antes da encarnação.
Não estou falando isso para você se justificar. Não estou falando para você, vamos dizer assim, achar que está certo bater. Não é nada disso. Como acabou de dizer, ninguém controla atos. Por isso, o ensinamento é para se acalmar internamente.
Não é dizer para os outros que bate porque ele precisa, ele pediu. Não é isso. É para acalmar você mesmo. Dizer a si: se não consigo me controlar e bato nele, é porque não consigo ser diferente do que sou.
Esse é o problema. A razão cria caixotes, caixinhas, fechadas, que dizem que tem que ser assim, tem que fazer assim, tem que correr assim. Por causa dessas caixinhas, por acreditarem na razão, se condenam, se atacam, se acusam.
Se essas leis racionais fossem verdadeiras, diria que a mãe que abandona o filho deveria ser presa, ir para o inferno. Não posso dizer isso porque muitas delas são espíritos em missão: a missão de fazer o que fazem.
Quantas mães abandonam o filho, mas você não sabe por dentro o quanto está doendo fazer aquilo. Você só viu lá de fora: abandonou o filho, ela não presta, é uma mãe safada.
É isso. O ensinamento não é para você se justificar para os outros. Não é para se justificar para ninguém. É para combater dentro de si a obrigação que está sendo criada pela razão.
Por que combater? Porque entrou em um caixote chamado mãe. Usou um capacete onde está escrito sou mãe, por isso tenho que agir assim, assim, assim. Não tem. Cada um tem a mãe que precisa e merece, cada um tem o pai que precisa e merece.
Quantas psicografias vocês já viram onde crianças que desencarnaram por maus tratos dos pais dizem: eu me ofereci para aquilo, para viver aquela situação. É o que acabei de dizer quando respondi sobre romance espírita: a sua vida é um romance espírita.
A sua relação com o seu filho é um romance espírita, não uma vida. Por isso, precisa trabalhar dentro de si as autoacusações.
Não estou falando de justificar, de dizer que ele merece, que ele tem que apanhar. Porque, além disso, o apanhar não depende de você. O ensinamento existe para se bater, dizer a si: não consegui me conter; vou em frente, ou tentar não bater da próxima vez. Se conseguir, consegui.
É isso, aprender a viver com você do jeito que é. Entrar em harmonia consigo.Se quiser perguntar mais…