Quero começar a nossa conversa de hoje nos situando sobre o que vamos falar. Vou falar rapidinho desses temas e depois ficamos à vontade para conversar sobre o que quiserem. Certo? Então vamos lá.
Participante: como se libertar do desejo que a mente sugere?
Sabendo que ele é um desejo. Sabendo que ele está sendo usado por um individualismo, por uma vontade de querer ganhar individualmente. Sabendo que você não está desejando, mas que isso é um soldado que os inimigos da sua paz estão lançando contra.
Enviar texto por WhastappEnviar texto por Telegram Os ensinamentos de Paulo pregam a igualdade perfeita: dar a cada um o direito de ser, estar e fazer o que quiser… Mas, esta visão não é só dele: “Será repreensível aquele que escandalize com a sua crença um outro que não pensa como ele? Isso é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento”. (O Livro dos Espíritos – pergunta 839). A aplicação destes ensinamentos leva o ser humanizado…
A partir dessa análise, voltamos ao ensinamento de Krishna para podermos continuar no assunto da conversa de hoje.
Se o Sublime Senhor afirma que o feliz transita durante a vida entre as coisas desse mundo sem apegar-se a ela, a partir da análise que fizemos, temos que compreender que o que realmente está dizendo é que o verdadeiro sábio vivencia um cenário e um enredo gerados pelos agregados sem apego ao que é formado pela razão
Essa compreensão nos leva ao último assunto que precisamos abordar antes de começar a conversar sobre o conhecer e o saber: o apego às coisas.
O que é o apego a alguma coisa? É dar ao que é vivido o valor de real, de bom, justo ou certo. Viver qualquer criação mental coma consciência de que elas são verdadeiras, reais, é estar apegado a alguma coisa, pois quem crê na mente está apaixonado por algo.
Falei em bom, justo e certo e por causa disso devem estar imaginando que o apego existe apenas quando se vivencia positivamente alguma movimentação gerada pelos agregados, mas isso não é real. Mesmo quando se vive como realidade a declaração da mente que afirma que alguma coisa é errada, injusta ou má, está havendo um apego, pois quem vive estas qualificações como reais considera-se certo.
Quem diz que algo não presta está vivendo um apego, pois se considera certo e com isso está demonstrando uma paixão por algo. Portanto, mesmo que alguém viva como real a negatividade que a mente cria para as coisas, o apego continua existindo, pois algo só pode se considerar negativo quando se conhece o positivo daquilo. Esse conhecimento caracteriza o apego e não o que é dito.
Aplicando tudo o que vimos aqui ao ensinamento que Krishna usou como caminho para aquele que quer aproveitar essa encarnação, posso, então, dizer que alcança a elevação espiritual aquele ser que encarnado não dá o valor de certo, verdadeiro justo ou bom para o fruto da ação dos cinco agregados, ou seja, àquilo que é chamado de vida. A partir desta compreensão podemos entrar no assunto de hoje: conhecer e saber.
Mas será que isso quer dizer que Cristo ajuda o pecado a progredir? Claro que não! Se eu começo a construir de novo o que destruí, isso prova que estou quebrando a Lei. Portanto, quanto à Lei, estou morto pela própria Lei, a fim de viver para Deus.
Relembrando o que Paulo já havia nos ensinado, a lei é que cria o pecado. Mas, por lei não podem ser entendidos apenas os códigos doutrinários das religiões, mas todo dualismo com que vive o ser humanizado.
Participante: você já falou por diversas vezes que é preciso amar a todos, mas acho que eu não sei bem o que é o amar universal. Poderia nos dizer o que é este amar e citar alguns exemplos na vida prática?
Posso, é fácil fazer isso.
O que é amar universalmente? É não amar egoisticamente.
Como na prática se sabe que está amando universalmente? Quando não distingui o certo do errado, o limpo do sujo, o arrumado do desarrumado, o bonito do feio.
Participante: então, o que vocês estão fazendo aqui?
Mostrando um caminho que você é livre para seguir ou não.
Participante: mas antes de mostrar esse caminho alguém julgou que nós não estávamos no caminho certo. Desta forma o senhor se contradiz, pois acabou de dizer que devemos deixar cada seguir o caminho que quiser. Explique-me isto, por favor.
É que para os seres humanizados se não é certo, é errado. Para nós não existe certo ou errado, mas um caminho que vai lhe manter na humanização e outro que levará à elevação espiritual. Isso não quer dizer que reconheçamos um como certo ou outro como errado.
Quando Pedro veio a Antioquioa, eu o repreendi em público porque ele estava inteiramente errado. Antes de chegarem ali alguns homens que Tiago tinha mandado, Pedro comia com os irmãos que não eram judeus. Mas, depois que aqueles homens chegaram, ele não queria mais comer com os não-judeus porque tinha medo dos que eram a favor da circuncisão dos não judeus. E também os outros irmãos judeus começaram a agir como covardes, do mesmo modo que Pedro. E até Barnabé se deixou levar pela covardia deles. Quando vi que não estavam agindo direito, nem de acordo com a verdade do Evangelho, eu disse a Pedro diante de todos: “Você é judeu, mas não está vivendo como judeu e sim como os não judeus. Como é então que você quer obrigar os não-judeus a viverem como judeus”?
Participante: imagine essa situação. A gente está sozinho, chega a sensação proposta, forte, de contrariedade. Em um segundo nos lembramos da prática. Lembramos que não é real, que tudo é bem feito por causa da Causa Primária das coisas (Deus), que o outro é apenas instrumento. Duas perguntas: nesse momento, quando peço para Deus me dar essa compreensão e tirar essa sensação isso é uma recompensa? Primeira pergunta. Segunda: posso pedir a Deus que leve essa sensação, influencia de alguma forma a realidade?
Não.
O que me propõe é fazer negócio com Deus. Por quê? Porque você precisa dessa sensação. Precisa que a mente gere a ideia que a coisa está errada. Para quê? Para dizer não sei se está.
Enviar texto por WhastappEnviar texto por Telegram “Deus lhe impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é expiação; para outros, missão. Mas para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação” (O Livro dos Espíritos – pergunta 132).O Espírito da Verdade ensinou que o fundamento de uma encarnação é levar o ser a atingir à perfeição. O caminho para essa elevação se dá de…