Participante: imagine essa situação. A gente está sozinho, chega a sensação proposta, forte, de contrariedade. Em um segundo nos lembramos da prática. Lembramos que não é real, que tudo é bem feito por causa da Causa Primária das coisas (Deus), que o outro é apenas instrumento. Duas perguntas: nesse momento, quando peço para Deus me dar essa compreensão e tirar essa sensação isso é uma recompensa? Primeira pergunta. Segunda: posso pedir a Deus que leve essa sensação, influencia de alguma forma a realidade?

Não.

O que me propõe é fazer negócio com Deus. Por quê? Porque você precisa dessa sensação. Precisa que a mente gere a ideia que a coisa está errada. Para quê? Para dizer não sei se está.

É por conta dessa sua pretensão que surge a ideia de que vocês caem, que não conseguem fazer o que digo. Porque vocês acham que não puseram o ensinamento em prática? Porque acham que existe um certo que precisa ocorrer.

Não há um certo que precise acontecer. Tudo que acontecer é certo.

É por isso que não pode julgar o mundo na base do certo e errado. É preciso avaliar o mundo através de outro critério: sentir isso me faz bem, me leva a ser feliz, o me faz mal, me faz ter prazer ou dor.

Para bem viver essa vida não devemos julgar o que o outro está fazendo, mas o que você está fazendo com o outro naquele relacionamento. O outro a que me refiro pode estar somente na mente, pensar a respeito dele, não precisa estar fisicamente

Deixem-me fazer uma pergunta: agora há pouco houve a notícia que mataram um cachorro. Quem acha que matou esse animal? O nome não importa, mas me digam se ele foi um ser cruel, mal, perverso, alguém que não vale nada, um safado.

Certamente me diriam que sim. Responderiam assim fundamentados em que? No amor e respeito ao animal. Está certo?

Participante: sim.

Vocês respeitam um animal, mas não um ser humano. A prova disso é que precisam xingar um ser humano com os adjetivos que falei para defender um animal.

É por isso que não conseguem a paz: acham necessário defender o certo e acusar o errado.

Para ter paz é preciso dar paz aos outros.

Para isso, ao invés de tomar conta do outro para detectar o errado, é preciso viver olhando o seu íntimo para ver se dentro dele há paz, aceitação da vida com equanimidade, ou guerra, crítica ao que está acontecendo. É por viverem olhando para fora que não conseguem paz.

Está com pena do bichinho? Tudo bem, sinta, mas por causa disso precisa atacar um espírito, um ser universal, seu irmão? Se acha que precisa atacá-lo vai sofrer mais, porque a lei do carma irá agir.

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