Paulo nos ensina que o ser humanizado possui duas naturezas: a humana e a espiritual. Acho que essa informação para aqueles que me ouvem e leem as coisas que falamos, não é nenhuma novidade. Acredito que sabem que existem espíritos, se reconhecem como um e sabem, também, que existe o processo de vidas sucessivas, que chamam de reencarnação. Sabem, ainda, que esse processo é marcado pela tomada em cada encarnação de uma natureza humana, tem a informação que vivem ligado à uma natureza humana e estão desligados da sua natureza espiritual. Portanto, a informação trazida por Paulo, acredito eu, é do conhecimento de vocês.

Apesar disso, sei que o que não entendem ou nunca prestaram atenção, é que Paulo também nos ensina que a natureza humana é contrária à espiritual. Que o que a natureza humana quer, é contrário ao que a espiritual quer.

Essa é uma informação que estamos citando de Paulo, mas que está presente nos ensinamentos de todos os mestres. O Espírito da Verdade diz claramente: quando o ser se liberta da natureza humana, outra é a sua forma de pensar. Cristo também diz: aquele que descobre o reino dos céus, vende tudo o que tem, todo o seu lado humano, para buscar este reino.

Portanto, essa é uma noção que apesar de todos os mestres terem falado, vocês, que acreditam em espírito, que creem que são o ser universal e que sabem que estão numa encarnação, não vivem com ela.

Agora, se sabem que estão encarnados, sabem que nasceram para fazer alguma coisa. Sabem que estão ligados à esta natureza humana para uma realização espiritual. Que coisa é esta que é precisa ser feita durante a encarnação? Cristo nos responde: não se serve dois senhores ao mesmo tempo; ou serve a matéria ou ao espírito.

É essa a base da vivência de um ser espiritualista, ou seja, daquele que sabe que existe espírito, que ele é um e que está encarnado. Ele sabe que possui uma natureza divina, que nesse momento está esquecida, e vive uma natureza humana justamente para provar que, apesar de estar ligado a humana, não serve a essa natureza. Isso é o que vocês vulgarmente chamam de reforma íntima.

Reformar-se é saber-se um espírito que está ligado a uma natureza humana para que possa provar que quer serve à espiritual e não à humana. Esse trabalho de reforma é o objetivo da existência do nosso estudo. Há 16 anos que estamos transmitindo ensinamentos para ajudar aos seres que acreditam em espírito, que são seres universais, a servirem a sua natureza espiritual ao invés de servirem a humana. Mas, esse trabalho é ingrato.

Por que isso? Porque enquanto encarnado, enquanto ligado à uma natureza humana, o ser não pode, não consegue, não tem condições de conhecer nada da sua natureza espiritual. Isso é o que ensina Cristo, o Espírito da Verdade e Paulo quando fala que Deus não deixa o ser humano conhece-Lo por sua própria natureza.

Portanto, o trabalho da reforma íntima não se realiza através do conhecimento da natureza espiritual, porque ao ser, enquanto ligado à uma natureza humana, isso é impossível. Se existe esta impossibilidade, o que pode, então, ser feito para ajudar àqueles que querem promover a sua reforma íntima? É isso que temos feito nos últimos 16 anos.

Ao ser que está humanizado e que não tem condições de conhecer a sua natureza espiritual, só resta um caminho: conhecer, reconhecer, a natureza humana. A partir do momento que consegue esse reconhecimento e sabe que essa natureza é contrária a espiritual, o trabalho se consiste em libertar-se da humana. Assim, a natureza espiritual, que já existe, pode aparecer. É isso que temos feito nos últimos 16 anos.

Nesses últimos anos temos estudado a natureza humana com muito cuidado. Temos observado a forma humana de viver e comparando-a aos ensinamentos dos mestres para mostrar o que nela precisa ser abandonado. Vou dar um exemplo para ficar mais claro o que quero dizer.

Cristo, por exemplo, nos ensina que não devemos julgar. Se o mestre fala que você não deve julgar e ele conhece a diferença entre a natureza humana e a espiritual, é sinal que a natureza humana julga e que a espiritual não faz isso. A partir dessa informação, nesse estudo vamos, então, buscar na natureza humana o que é julgar, como se julga, o que é viver em julgamento, para compreender a ação desse elemento que Cristo diz que não pertence à natureza espiritual. Fazemos isso com a intenção de ajudar aquele que está encarnado a se libertar da natureza humana. Esse tem sido o nosso trabalho nos últimos 16 anos.

Estudamos todos os mestres. Estudamos os ensinamentos de todos justamente para encontrar aquilo que precisa ser identificado na natureza humana. Depois que conseguimos identificar o que os mestres disseram que não faz parte da espiritual, estudamos esses aspectos para poder levar aos seres encarnados o que é preciso ser feito para se libertarem da natureza que não lhes deixa evoluírem.

Quando falo todos os mestres, falo em Krishna, Buda, Cristo e Espírito da Verdade. Aqueles que mostraram o caminho da elevação espiritual. Por exemplo, Krishna afirma que não devemos viver esta vida com intencionalidade. Esta é uma informação que está no Bhagavad Gita que estudamos. Quando encontramos essa informação, dizemos: se Krishna diz que não devemos viver com isso, é sinal que tal forma de viver pertence à natureza humana. Depois disso, começamos, então, a estudar o que é a intencionalidade na natureza humana, como se processa, como se apresenta, como existe. Fizemos isso para que o ser humano possa, então, identificar em si, na sua natureza humana, a presença da intencionalidade e assim possa se libertar desse aspecto, que é contrário à natureza espiritual. Isso foi o que fizemos nos últimos 16 anos e vamos continuar fazendo daqui para frente.

Que fiquem na paz de Deus

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