Participante: A resposta é tão clara e tão simples: a gente só precisa amar. Mas, no momento do embate e mesmo depois dele, os ensinamentos parecem evaporar. Não sei o que o senhor acha, mas creio que no meu caso há mágoas aparentemente bobas carregadas desde a primeira infância, enraizadas e escondidas atrás do general e do tenente deste exército que luta contra a paz. São armas da mente. A resposta é sempre amar, mas como amar sempre?

A resposta não é amar. Como já disse diversas vezes. Vocês não sabem amar, não sabem o que é amar.
Apesar disso, tenho a certeza que sabe o que é não amor. Então, ao invés de buscar amar, combata o não amar. Quando fizer isso o amor surgirá espontaneamente.
Você me diz que a resposta é amar, mas é impossível ao ser humano amar de verdade. Por isso é impossível que você ame a sua mãe, pois não sabe o que é o amor.
Sendo assim, tem que combater o que não é amor no relacionamento com ela. É sobre isso que estamos falando.
Para amá-la tem que destruir tudo que é não amor dentro de você com relação a ela. Não uma destruição eterna, mas a cada batalha.
Segundo detalhe. Você fala em traumas. Este é um ponto fundamental na busca da paz. O trauma não está escondido atrás do general nem do tente, mas é a arma que eles usam contra a sua paz.
Eles dizem assim: veja o que ela já fez. Repare no quanto lhe custou a forma dela agir. Veja tudo de mal que ela já lhe causou. Os traumas são, portanto, uma arma que eles usam para que você entre em conluio com eles. Para que aceite a ideia de que ela está errada, que deve se mudar, que tudo está errado.
Esses traumas ou informações de coisas que passaram existem exatamente para lhe dar razões para que aceite a perda da paz. Quem nunca passou por determinadas situações com uma pessoa no passado e hoje, quando a situação está ficando boa e parece que todo o passado foi apagado, que tudo foi esquecido, vem a mente e traz tudo de volta acabando com a paz e a tranquilidade daquele momento?
Isso acontece exatamente porque o trabalho da mente é lhe propor algo que faça com que perca a paz. Ela consegue isso quando você se prende aos traumas, a lembrança de acontecimentos passados, que ela lhe dá hoje.
Como disse, ninguém lhe rouba a paz; é você que as perde. As perde porque aceita os argumentos que a mente gera.
Portanto, não se preocupe com a questão dos traumas. Saiba que eles são criações mentais para lhe roubar a paz. Até porque, neste período de convivência com ela, certamente você também a feriu e deixou marcas indeléveis. Além disso, você já estudou, já recebeu a informação de que o passado já passou, não existe mais. Esse é um grande argumento que pode usar quando a sua mente usar a questão dos traumas de acontecimentos passados.
Tem outro, quer? Quando ela vier lhe mostrando o que perdeu no passado por conta da ação de sua mãe, diga: ‘não sei se perdi alguma coisa. Eu estou em busca da elevação espiritual, de viver feliz realmente, por isso não quero ganhar nada. Se não quero ganhar nada, nada tenho e dessa forma nada posso perder’.
Veja nesta ação mental, que acontece com muitas pessoas em muitos casos, as quatro âncoras agindo: a vontade de ganhar e o medo de perder. Como você sabe que apegar-se a elas não lhe deixa chegar à felicidade, reconheça que a sua mente as está usando e não aceite o que ela diz a partir desta utilização.
São estas coisas que você precisa ver, mas para fazer isso precisa sair do personagem, ou seja, precisa se separar em dois, alcançar a dupla personalidade. Só fazendo isso pode saber que tudo o que a mente cria pertence ao personagem humano que hoje está ligado.
Quando você se separa em dois pode compreender uma coisa: os argumentos que a mente usa para lhe roubar a paz pertencem à sua natureza humana. Todos os traumas que imagina possui não são seus, mas da sua natureza humana. E, como Paulo diz, seguir a natureza humana é ir contra Deus.
Porque o apóstolo fala isso? Porque a natureza humana é contrária à natureza de Deus.
Assumir a dupla personalidade: esse é o trabalho fundamental que precisa ser feito antes de se jogar na batalha pela paz. Você só vai conseguir se libertar dos seus inimigos na hora que separar o você humano do espiritual. Não tem como fazer este trabalho sem isso.
Porque não dá para fazer nada sem esta separação? Porque na pergunta que você me fez estavam presentes a vontade de ganhar e o medo de perder, a vontade do prazer e o medo do desprazer, a vontade da fama e o mesmo da infâmia, a vontade do elogio e o medo da crítica embutido e você não vê essas coisas lá. Imagina que seu raciocínio foi perfeito.
Porque não vê a presença das quatro âncoras no seu pensamento? Porque ainda acha que tudo o que a sua mente lhe diz aconteceu com você, que tudo aquilo pertence a você, o espírito. Como não separou o que é humano do que é espiritual, a mente usa do argumento que tudo aquilo aconteceu com você e lhe incita a reagir agora para não acontecer novamente.
Então, é preciso o trabalho de separar-se da natureza humana, senão a mente usará armas, que você chamou de traumas, lembranças de coisas que passaram, para fazer com que perca a sua paz.

Participante: como lidar com os filhos frente a dificuldade de lidar com a separação dos pais?
Não há como lidar com isso.
Deixe-me dizer uma coisa. Traumas precisam ser criados. Foi o que disse a quem me falou dos traumas que agem nos momentos da vida.
Por que os traumas precisam ser criados? Para que num determinado momento cada um tenha a sua prova e ela será gerada a partir do trauma.
Por isso não há muito como lidar com os filhos nessa hora. O que é preciso saber é que se os pais se separaram e se esse evento de alguma forma traumatizou os filhos – com certeza a grande maioria destes eventos causam traumas – isso foi necessário para que estes espíritos, no futuro, tenham as suas provas.
Sendo assim, eu diria que em atos, se vive essa situação, tentasse suprir as carências deles, ao invés de querer acabar com os traumas deles. Supra carências e deixe cada um ter seus traumas, porque jamais conseguirá acabar com eles.

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