Aproveitando, deixem-me comentar algo.

Disse mais cedo que o ser humano gosta de colecionar vitórias. Por isso coleciona os momentos que fica em paz como vitórias: eu consegui vencer minha prova.

Só que o mais importante não é vencer a sua prova, mas sim saber qual é ela. Digo isso porque na hora que descobrir qual é sua prova pode se preparar para agir em outros momentos onde ela aparecerá.

Participante: a prova está ligada ao egoísmo …

Sim, mas hoje não quero falar muito em egoísmo. Estou querendo conversar no sentido de orientar a descobrir você mesmo. Se conhecer, preparar-se para as suas vivências durante a vida.

Tivemos uma pessoa no grupo que fez uma figura muito interessante: a cenoura amarada à testa do homem. Com ela mostrou que o homem vive querendo alcança-la, mas nunca consegue. Essa orientação que já dei sobre a necessidade de vencer uma prova é uma cenoura amarrada na testa de vocês.

Hoje que estamos conversando de uma forma madura digo que mais importante do que comer a cenoura é se preparar para as provas. Saiba que nada adianta em um momento apenas vencer uma prova. Isso é colocar azulejo novo sobre o velho. Como já vimos, um dia o azulejo novo vai cair. Por isso o importante é aprender a conviver com o azulejo velho sem sofrer com o que tem.

Deixa tentar explicar a prática do que estou falando. Digamos que perca a paz porque alguém fala mal do esporte que pratica. Isso é alguma coisa que tira você do sério, não?

Pois bem, esse é você. Você, a sua natureza, é achar esse esporte que pratica importante. Isso não há como mudar, pois como Krishna ensinou, ninguém muda sua natureza.

Participante: a natureza do ego humano ou do espírito?

Ego humano. Tudo isso se passa dentro da mente.

Voltando ao raciocínio …

Se alguém falar mal do esporte, há uma contrariedade, um sofrimento. Isso quer dizer que perdeu a paz. Descobrindo isso, face aos ensinamentos, vai querer lutar contra o apego ao esporte para não sofrer da próxima vez que alguém falar mal dela. Luta inútil, porque ninguém muda sua natureza. Mas, mesmo que conseguisse uma vez mudar -se não teria ganho nada. Teria colocado azulejo novo sobre o velho, vinho novo no odre velho.

Você não nasceu, encarnou, para colocar azulejo novo sobre o velho, mas sim aprender a viver com o que tem. Só quando isso acontecer poderá colocar um novo.

O caminho para aprender a conviver com o azulejo velho é meditar sobre sua natureza, sobre a vida. ‘Porque perdi minha paz? Porque aquele falou mal do meu esporte. Isso quer dizer que esse ato me tira a paz. Isso quer dizer que preciso acabar com a revolta que sinto quando alguém ataca meu esporte.’

Essa é a meditação. Agora pergunto: como se acaba com a revolta por alguém falar mal do seu esporte?

Participante: deixando de valorizar o esporte …

Como parar de valorizar o esporte? Não querendo valorizá-lo. Deixando o outro não gostar, apesar de você gostar.

Essa é uma parte da oportunidade, mas há outra ainda mais importante que precisa aprender com a meditação sobre a vida: existem pessoas que não gostam daquele esporte. Mais: que você não gosta de quem não gosta.

Alcançar essa consciência é importante porque na hora que tiver essa consciência e aceitar você e o outro serem do jeito que são, alcançará a paz, apesar de estar vivendo uma contrariedade.

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