Essa é a forma de se viver a questão da elevação espiritual dentro do mundo de hoje: viver com as leis deste mundo sem se subordinar a elas. Essa vivência, com certeza, levará a sociedade a criticar quem vive liberto, mas como esse ser humanizado conseguiu pela meditação a mudança do valor essencial de sua existência, as críticas não mais levam a se sentir criticado.


A questão de não sentir-se como o mundo diz que você deve se sentir é importante para a questão da elevação espiritual. Responda-me: Jesus foi traído? Diria que sim. Judas vendeu-o por trinta moedas. Mas, será que o mestre sentiu-se traído por ele? Diria que não, já que na própria cena da Santa Ceia o chama de amigo. Sendo assim, se é cristão, quando alguém agir contrariamente aos seus interesses, ao invés de sentir-se traído, chame o instrumento da sua provação de amigo.
Faça isso com todas as coisas desse mundo. Se alguém o criticar, não se sinta criticado; se alguém desdenha, não se sinta diminuído. O seu trabalho de meditação não deve ter por finalidade fazer com que os outros ajam da forma que considera certa, mas que você não viva o que eles estão vivendo. Essa é a meditação que leva o ser a aproveitar a encarnação.
Quem busca alcançar a elevação espiritual não medita sobre o que outra pessoa fala dele, mas sim no sentido de aproveitar a oportunidade da encarnação para a elevação espiritual. Ao invés de meditar querendo entender o porquê aquela pessoa lhe acusa, o ser que muda o valor essencial da sua vida medita em como não se deixar levar pela acusação.
Esse, ao invés de responder aos argumentos dos outros, dá a eles o direito de pensar o que quiserem. Por isso, jamais se desarmoniza com o mundo. A paz e a harmonia com o mundo, no entanto, só será conseguida quando o ser humanizado sair da superfície da vida. Na crista da onda está sempre presente o sentir-se caluniado, acusado, contrariado, etc.
Lembro-me que no auge dos problemas de uma pessoa, sempre que conversava com ela dizia o seguinte: ‘só me preocupo com o sofrimento que está vivendo’. Apesar de todos os problemas que aquela pessoa vivenciava, nunca me preocupei com o que estava acontecendo. A única coisa que me ocupava era o fato de sentir-se acusada, traída, caluniada.
Por que isso? Porque a única coisa que importa nesse mundo é a capacidade de manter-se unido a Deus e por isso viver a felicidade que Ele tem prometido aos seus filhos. Quando consegue essa união, o mundo todo do ser se transforma. A mesma pessoa que hoje lhe acusa, amanhã irá lhe lamber. A mesma pessoa que calunia, amanhã irá elogiar.
Pela lei da impermanência, tudo muda nesse mundo. Mas, os momentos em que houve sofrimento, ou seja, onde o ser não aproveitou a oportunidade da encarnação para viver em comunhão com Deus, não retornam. Foram oportunidades perdidas.
É por isso que a minha preocupação nunca está ligada aos acontecimentos deste mundo, mas sempre no aproveitamento ou não da oportunidade que o ser universal está tendo. Por isso, todo meu trabalho é voltado a ensinar a se relacionar com o seu eu humano.

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