Participante: está certo. Só que eu adoro praia, gosto demais de ir. Por isso, a minha condição humana fica planejando coisas como morar perto da praia, passear nela. É uma série de coisas que gosto.

Perfeito. Vamos analisar isso à luz do assunto que estamos abordando.

O primeiro ato que compõe essa ação é o acontecimento humano: você está aqui. O segundo é o comentário que a mente gera a respeito do ato: ‘eu gosto de estar na praia, por isso preferia estar lá do que aqui’. A partir desses dois atos, a mente oferece um fruto. Neste caso, qual é? A frustração de não estar, o desejo de querer estar.

O primeiro ato (estar na praia) não pode escapar. Do segundo (estar aqui), também não, pois os dois fazem parte da vida, da sua programação de encarnação. Quanto ao que a mente oferece (frustação por não estar onde quer), pode escapar, pois faz parte do livre arbítrio do espírito, ao vivenciar um acontecimento humano, uma prova, optar entre o bem e o mal. Optar entre manter-se em paz e feliz ou viver o sofrimento.

Participante: pois é, porque todos os planos para ir acabam dando errado.

Porque não é você que faz o plano acontecer, mas sim a mente. Por isso, sempre viverá o que tiver que viver.

Com relação a isso, não há nada a ser feito. A única coisa possível é não engolir a pílula que mente oferece no momento da ação.

Porque não pode engoli-la? Porque se a engolir é sinal de que usou do seu egoísmo. A frustração de não ir à praia é resultado de um ato egoísta, de uma ação vivida a partir do eu e para que esse eu ganhe.

Portanto, se a sua vida for planejar ir à praia, viva isso. Só que neste momento, cito mais um ensinamento que pode ajudar a compreender a busca da elevação espiritual, da felicidade: o homem dispõe os seus exércitos, mas é Deus quem determina para que lado a batalha vai pender. Esse é um ensinamento de Salomão.

Portanto, disponha os seus exércitos, mas não aceite a ideia de que é líquido e certo que aquilo acontecerá: ‘eu vou viajar dia tal. Até lá vou fazer isso, aquilo, etc. Depois que chegar lá vou fazer isso, aquilo’. Toda essa determinação, todo esse planejamento é só ilusão, só maya: você apenas tem a ideia de que essas coisas vão acontecer. Só que chega na hora de sair para ir à praia e chove. De que adiantou todo o seu planejamento, que foi revisado diversas vezes para que nada desse errado? O que acontece quando aceita como certa a ideia de que vai fazer alguma coisa e não consegue realizar o pretendido? Frustração. Você toma a pílula da frustração.

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