Participante: levando em consideração o ensinamento de que tudo está escrito, posso dizer que o encontro de duas pessoas está predestinado?

Sim, aliás foi exatamente a essa conclusão que Kardec chegou em O Livro dos Espíritos.

Comentário de Kardec a questão 525a de O Livro dos Espíritos:

Imaginamos erradamente que aos Espíritos só caiba manifestar sua ação por fenômenos extraordinários. Quiséramos que nos viessem auxiliar por meio de milagres e os figuramos sempre armados de uma varinha mágica. Por não ser assim é que oculta nos parece a intervenção que têm nas coisas deste mundo e muito natural o que se executa com o concurso deles.

Assim é que, provocando, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que suporão encontrar-se por acaso; inspirando alguém a ideia de passar por determinado lugar; chamando-lhe a atenção para certo ponto, se disso resulta o que tenham em vista, eles obram de tal maneira que o homem, crente de que obedece a um impulso próprio, conserva sempre o seu livre arbítrio.

Não há um espírito que se apresente com uma varinha mágica para satisfazer as vontades do ser humanizado. Eles comandam completamente a existência humana, mas o ser imagina que ele está escolhendo ou fazendo o que acontecerá.

A partir desse ensinamento diria que a existência carnal é praticamente um teatro de fantoches. Esse tetro segue um roteiro prescrito. Por quem? Pelo próprio ser.

Isso é o que diz a resposta às questões 258 e 851 do mesmo livro:

Questão 258: Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas porque há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio.

Questão 851: Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado.

Portanto, exercendo o livre arbítrio, você escolheu o seu gênero de provas. Por exemplo: ‘quero me libertar do possuir emocionalmente os outros’, ‘quero me libertar da ganância’, etc. A partir disso, Deus escolhe uma dramatização que represente o gênero de provas pedido. A partir disso, os espíritos trabalhadores comandam a dramatização do teatro de fantoches dentro do enredo escrito pelo Pai. Tudo isso para atender ao seu pedido antes da encarnação.

É isso que acontece quando você imagina que por vontade própria ou por acaso, coincidência ou ação de outro encontra alguém específico.

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