Participante: como trabalhar o orgulho, por exemplo?

O orgulho que pode trabalhar o que seria? O de ter e o outro não ter, de sentir-se melhor? Para combater isso basta apenas saber que não existe ninguém melhor que ninguém nessa vida. Todos são iguais. É você que acha que sabe mais, que tem mais.

Participante: sem ser em termos materiais, por exemplo: fulana brigou comigo, então não vou falar mais com ela. Isso não é material é moral.

  Nesse caso diga a si mesmo: ‘esse orgulho não vai deixar a felicidade nascer em mim. Por isso é melhor fazer o papel de boba e aceitar que ela venceu, que é melhor do que eu’.

Para que fazer isso? Para que possa ser feliz.

Mas, o que ela vai pensar de mim? O problema é dela, deixe-a pensar o que quiser. Enquanto ela pensa que sabe, que ganhou, eu vivo a felicidade’. Pronto, você conseguiu tirar um espinho e deixar um buraco para semente cair.

Não sei se vocês estão entendendo. O que precisa ser feito é deixar um buraco entre os espinhos para que a semente caia e germine. Não se trata de construir a felicidade, mas abrir espaço entre os espinhos (sofrimentos) para a felicidade aparecer. Enquanto cultivar os espinhos, adubá-los e molhá-los (vivenciar o sofrimento ocorrido) não haverá espaço para semente atingir o solo.

  Por isto que durante esses dezessete anos o nosso trabalho se consistiu em orientá-los a se libertar do sofrimento e não a construir a felicidade. É preciso se libertar do sofrimento e isso, dentro dessa parábola, trata-se de arrancar os espinhos que impedem da semente atingir o solo, germinar, brotar, florescer e dar frutos: a felicidade…

Esse é o trabalho. Saiba que se cultiva espinhos, seu terreno só vai ter espinhos.

Participante: esse exemplo do orgulho, do cultivo do sofrimento, teoricamente tem dois caminhos a trabalhar. Um é através da racionalização, ou seja, eu vou combater essa ideia de ser superior ao outro com outra ideia que seria não existe superior/inferior, somos iguais, seja qualquer outra racionalização. Ou então, posso tomar outro caminho de que, todo sofrimento não me faz ser feliz, não me traz felicidade. Seguindo o segundo nem preciso racionalizar cada vez que sofrer: apenas abandono tudo para que a felicidade possa frutificar.

  Só que esse sofrimento nunca vem sozinho. Como foi dito, é precedido por outras ideias: tal pessoa falou alguma coisa de mim que me rebaixou, me humilhou. Aí o orgulho entra em cena.

Participante: sim…

  Por isso digo que é preciso ter consciência do que foi usado e causou a humilhação. Vou falar um pouco disso.

Digamos que a pessoa é baixinha, mas não gosta da sua altura. Por isso quando sua pequenez é citada, sente-se humilhada. Para retirar os espinhos, nesse caso, essa pessoa precisa combater o que sente com relação ao seu tamanho. Não adianta saber que se sentiu humilhada e não querer essa humilhação, porque enquanto achar que ser baixinha é ruim, se sentirá humilhada.

Portanto, é preciso trabalhar na causa do sofrimento. Qual é a causa nesse caso? É dizer para si: “sou baixinha, mas sou gostosa; sou baixinha, mas sou igual a todas; sou baixinha, mas isso só é um tamanho do meu corpo, não sou eu”.

O espinho na verdade não é uma emoção, mas um pensamento emotivo. São razões para sofrer que a mente cria.

Participante: a gente sozinha não consegue chegar neste raciocínio, não consegue tirar esse pensamento da cabeça.

  É difícil, mas esse trabalho precisa ser feito

 Então é preciso trabalhar a retirada dos espinhos. Fazer isso é agir junto a toda ideia que faz sofrer. É trabalhar de uma forma bem racional.

Não adianta, também, esperar que a outra pessoa vá mudar pedir desculpas, etc.: isso não vai acontecer. Dentro da cabeça dela, existe a ideia que está certa. Por isso, é você que precisa se proteger e deixa-la acreditar no que quiser.

Participante: você deu o caminho da racionalização e não o outro. Existe um caminho direto onde não é preciso tomar essa atitude de racionalizar? De repente, sei lá, abandonar esse sofrimento?

Sim, há um caminho direto: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Como vocês não sabem como se faz isso, racionalize. Esse é o caminho até que possam encontrar a via direta.

Participante; a via direta seria o ponto final da coisa?

O Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Participante: existe uma frase que acho muito interessante que diz: o sofrimento é como um espinho na mão, você utiliza outro espinho, que seria um ensinamento, para tirar esse da mão. No final das contas você joga os dois fora. Seria isso uma racionalização, uma ideia para combater essa ideia que lhe traz sofrimento para ai sim você alcançar a fé.

Na verdade você não vai jogar os dois fora. Vai tirar o espinho da mão e com isso abrir o campo para que a semente da felicidade caia. Mas, enquanto não tirar o espinho da mão, a semente que cair vai morrer por causa do sol, o sofrimento.

Participante: a gente só cultiva o campo?

Só cultiva o campo, não cria a arvore. Você só prepara o campo pra semente cair e germinar, não cria a arvore.

Participante: quem faz a arvore é Deus?

Não importa quem faz. O importante é saber que a arvore é feita.

Compartilhar