Portanto, as encarnações possuem riscos: estagnar ou evoluir menos do que era pretendido. No entanto, como já afirmei neste estudo, estes riscos são friamente calculados.

Por que isso é assim? Porque a provação que o espírito faz, é escolhida por ele mesmo. Ou seja, o ego que irá servir como gerador das provas para o espírito quando humanizado é montado, organizado, pelo próprio espírito, antes da encarnação. Vamos explicar isso.

No início de nossa conversa disse que o espírito quando no universo de posse de sua consciência própria realiza estudos. Estes estudos, diferente do que ocorre no mundo humano, não cumprem um curriculum específico: o ser estuda o assunto que quiser. É ele que determina o que quer aprender ao invés de ser obrigado a estudar o que lhe é determinado.

Mais: além de não precisar estudar obrigatoriamente nenhuma assunto, é o espírito que escolhe o que ele vai provar a cada encarnação. Ou seja, o ser tem a liberdade de escolher dentre aquelas matérias que estudou as que quer realizar a provação ou não.

Vamos dizer que na vida espiritual um ser tenha estudado uma determinada matéria. Apesar disso, na hora de montar a encarnação, não se considera seguro com relação ao aprendizado dela. Ela certamente não fará parte do seu ego e, por isso, não será trabalhada nesta provação.

É por isso que o Espírito da Verdade ensina: “ele próprio escolhe o gênero de provas porque há de passar e nisso se consiste o seu livre arbítrio” (O Livro dos Espíritos – pergunta 258). 

E, ensina mais.

“Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito. Demais, cumpre que se distinga o que é obra da vontade de Deus do que é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não foste vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haver visto nisso um meio de progredirdes e Deus o permitiu” (pergunta 258a)

Portanto, o risco ao qual o ser se expõe quando se humaniza (vive uma encarnação) é calculado por ele mesmo. É o espírito que organiza a sua provação nos mínimos detalhes para que a sua aventura não tenha um fim trágico.

Desta forma, podemos dizer que encarnação, se comparada às aventuras humanas, é para o espírito como o homem que sai para o desconhecido (atravessar uma mata, subir uma montanha ou, como nos tempos antigos, singrar os mares desconhecidos), mas que se prepara com tudo que é necessário para o bom sucesso na realização da sua empreitada.

Por isso afirmo: o risco ao qual o ser universal se expõe durante uma encarnação é friamente calculado. Só que há um detalhe: a maioria dos espíritos é autoconfiante demais.

Para eles, fugir ou abrir mão de uma prova é algo improvável, uma coisa que não passa por sua ideia. O ser universal, aquele que está de posse de sua consciência espiritual, é louco para viver esta aventura, possui verdadeiro fascínio pela ideia de realizar esta aventura. Isto porque, como já disse, a sua determinação é evoluir sempre.

Por causa desta determinação o espírito se apega à oportunidade de vivenciar a aventura da encarnação com unhas e dentes e quer, a cada uma, proporcionar a si mesmo a oportunidade de dar um salto grande adiante. Mas, como sabemos, quando o salto é maior do que a perna, o fim é o tombo.

Por isso Deus, que como nós vimos não impõe nenhuma prova, não deixa isto acontecer. Através dos mentores (guias espirituais do ser) o Pai sempre orienta o espírito para que ele possa programar para si apenas os objetivos que sejam realizáveis.

Isso quer dizer que o Professor Supremo orienta para que o espírito retire da provação determinadas matérias. Muitas vezes Ele próprio as retira, mesmo que o estudante se ache capaz de responder às questões sobre elas.

Deus age desta forma porque tem a consciência de que o aluno não vai saber responder a questões sobre aquela matéria. Sabe que o ser está apenas iludido com o seu conhecimento e, dessa forma, expondo-se a riscos desnecessários.

Deus não impõe nada, nem deixa o espírito se expor a riscos desnecessários porque sabe que o ser tem toda a eternidade para evoluir. Sendo assim, ele não precisa se expor a falir na sua provação de agora.

Tal procedimento do Pai aliado ao livre arbítrio do ser de escolher a matéria que fará a provação, diminui sensivelmente o risco de haver uma estagnação ou de não se alcançar plenamente os objetivos previamente estabelecidos para uma encarnação. Não garante a realização de tudo que foi pretendido, mas facilita alcançar os objetivos traçados.

Portanto, a encarnação é uma aventura, ou seja, é uma empresa com riscos, mas é uma aventura totalmente guiada por guias experientes que montam a programação da expedição junto com aquele que a vivenciará, de tal forma que o afã de quer aventurar-se além daquilo que lhe pode ser útil (não vou usar a palavra bom) não provoque a falência da missão.

Participante: mesmo sabendo que tudo é carma, fica difícil não pedir a Deus que afaste de mim este cálice.

Nós chegaremos lá: ainda vamos falar disso.

No entanto, saiba que você hoje, mesmo pensando que é carma, não pode pedir diferente. Isto porque não sabe ainda o que é carma e nem se conscientizou da grande aventura que está vivendo nesse momento, já que ainda está preso às verdades do ego.

Participante: este planejamento prévio é para espíritos evoluídos, não? Quanto menos evoluídos que somos não conseguimos avaliar corretamente o que devemos fazer, não é mesmo?

Não, o que foi comentado aqui é Universal, ou seja, é para todos.

A criança da escola primária espiritual planeja o que ele quer provar durante as suas encarnações, assim como o estudante do universitário da mesma escola. Todos os espíritos planejam suas provas independentemente de seu grau de evolução: não há aí diferenciação.

Quanto ao não saber, todo espírito sabe dos objetivos de sua evolução existência espiritual: evoluir sempre para aproximar-se de Deus e gozar da Sua glória. O conhecimento pode ser diferenciado, mas todo ser universal conhece o objetivo de sua existência. E, este grau de conhecimento é respeitado por Deus e pelos Mestres. Por isso, eles não exigem de um iniciante o mesmo que exigiriam de um veterano.

Vamos fazer uma comparação com os conhecimentos dos terrestres durante a sua evolução para podermos entender melhor esta questão. Se uma criança do primário pudesse escolher suas provas iria pedir para ligar pontinho, fazer desenhos e colori-los. Isso é o que ele sabe, o que pode pedir e realizar.

Para estes espíritos não será pedido nunca para que eles façam provações que incluam fazer contas ou escrever palavras. Nunca. Mesmo que escrever palavras e fazer contas seja um conhecimento importante e que o estudante precise ter. Isto porque ele não está pronto para isso e o seu limite é respeitado.

Sendo assim, na Realidade cada um pede no seu nível e Deus não altera sequer um milímetro, mesmo sabendo que esta provação é do curso primário, ou seja, baseada em conhecimentos rudimentares.

Participante: Jesus veio a Terra porque queria passar por isso ou a sua programação foi diferente?

Jesus veio a Terra em missão. Nós vamos falar disso depois. Mas, por agora, compreendamos que a aventura que você está vivendo começa a lhe ficar mais clara.

Participante: Existe um carma coletivo? Por exemplo, além do que planejei, eu nasci no Brasil onde uma série de experiências típicas deste povo/raça me facilitariam para a elevação?

Sim, existe e nós vamos falar disso…

Mas, por enquanto, sabia que mais do que o carma de nascer no Brasil, existe o carma do planeta Terra. Você nasceu aqui neste planeta porque isso facilita a elevação de você, o espírito. Se assim não fosse, nasceria em outro lugar.

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