Tudo que conhecemos e sabemos nos foi ensinado exteriormente.

É fruto de algum livro ou jornal que lemos, de um filme que vimos ou das conversas que mantemos com os outros. Recebemos tudo aquilo que entramos em contato, mastigamos e digerimos a informação para só depois ela se tornar um bolo que chamamos de ‘verdade’ e que será anexada aos nossos conhecimentos.

Acontece que hoje vivemos num mundo dinâmico. Tudo é acelerado, rápido. Por isso ouso dizer que entramos numa nova era da civilização: a era fast food. Vivemos esta nova era não só nos meios de comunicação eletrônicos, mas também na nossa forma de raciocinar.

Por essa premência que o mundo moderno nos obriga a ter começamos a nos relacionar com o próximo como se estivéssemos fazendo uma refeição ligeira, ou seja, não mais raciocinamos aquilo que entramos em contato, mas digerimos rapidamente a informação e mais rápido ainda buscamos uma resposta para aquilo.

Como seres humanos, ou seja, animais intelectualizados, essa premência na resposta às informações que nos chegam é reagida apenas com o instinto de autoproteção e não com uma razão embasada em realidades. Ou seja, corremos para nos defender, para defender nossas verdades, nossas ideias, ao invés de nos alimentarmos das informações.

Tem um médico que diz que o ser humano abriu mão do grande espetáculo da vida que é o raciocinar.

A forma de viver os acontecimentos nessa nova etapa da vida humana acabou com o grande espetáculo do raciocínio. Não há mais tempo para se analisar as informações que recebemos, de ruminá-las, para poder compreender todo seu sentido.

Por que será que o outro disse aquilo? Qual seria a sua intenção ao falar? O que poderá ser útil a mim do que ele disse? Essas são questões que a era fast food não permite ao ser humano viver.

Quando conversamos queremos nos fazer entender rapidamente. Com isso, além perdemos a oportunidade de entender o outro e muitas vezes de receber auxílio dele, ainda vivemos constantemente em prontidão para responder os pretensos ataques.

No meu tempo de encarnado havia o caipira. Uma pessoa que ficava de cócoras na beira da estrada com seu chapéu na cabeça e o cigarrinho de palha nos lábios. Ali ele permanecia muito tempo matutando sobre a vida.

É com ele que precisamos aprender. Ele é o simples e a simplicidade é um elemento importante para quem busca a felicidade.

Precisamos aprender a ouvir, ruminar a informação, ou seja, raciocinar o que estamos ouvindo, calmamente. Isso se chama raciocinar e se dizemos que é isso que nos separa dos outros animais, é, portanto, a coisa mais importante da vida. Mas, deixamos de praticá-la em troca de uma agilidade que não nos leva a nada, a não a conflitos

É preciso receber toda e qualquer informação, parta de quem partir, meditar sobre ela, ou matutar como prefere o caipira, para só depois tomar alguma postura. Quem sabe nesse matutar não poderemos encontrar coisas que nos ajudem e aí ao invés de erguermos a lança para atacar o próximo não podemos apenas agradecê-lo por ter sido nosso amigo.

Dedos e línguas ágeis só levam ao sofrimento.

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