Se o objetivo da encarnação é a provação, vamos tratar agora deste período da existência eterna do ser universal. Para começar vejamos quais são os assuntos cujo conhecimento será examinado durante a encarnação.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de suas provas por que há passar e nisso consiste o seu livre arbítrio”. (O Livro dos Espíritos)

Todo ser universal possui o direito de livre optar pelo que vivenciará. O livre arbítrio é concedido por Deus. “Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem” (O Livro dos Espíritos, pergunta 258a). Mas, que critério usa o espírito para escolher suas provas?

 “Ele escolhe, de acordo com a natureza das suas faltas, as que o levem à expiação destas e progredir mais depressa”. (O Livro dos Espíritos, pergunta 264)

O que move o espírito a pedir determinado tema para ser provado é a sua própria posição no mundo espiritual, ou seja, aquilo que lhe falta conquistar espiritualmente falando.

Digamos que um espírito saia de uma encarnação e reconheça que não conseguiu aplicar bem nela os conhecimentos sobre a humildade. Ciente disso ele irá ‘estudar’ sobre este tema conversando com os Espíritos superiores e observando outros seres universais na prática deste tema e com isso verá como aplicar este fundamento da vida espiritual. Neste momento se tornará apto a novamente encarnar para testar seus conhecimentos sobre humildade.

O espírito, então, em nova encarnação será testado sobre o tema que ele pediu. Mas, como se desenrola este processo? Como uma vida carnal, uma existência humana. O espírito escolhe os gêneros de provas que examinará e aí encarna, ou seja, passa a viver uma existência humana onde estes gêneros deverão estar presentes nos acontecimentos.

Os acontecimentos da vida, então, são a provação do espírito. Qualquer que seja o acontecimento, o que está se passando não é aquela ação em si, mas uma provação do espírito. Tanto faz se uma pessoa está sendo assaltada ou elogiada, se está andando ou parada, tudo o que é vivido durante uma existência humana é apenas uma apresentação de uma provação para o espírito.

Mas, como responder a estas questões de uma forma a conseguir a elevação espiritual? Cristo respondeu: amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. A cada acontecimento da vida humana o ser encarnado tem a possibilidade de responder a uma questão de sua provação amando a Deus acima do que está acontecendo e amando o próximo como a si mesmo.

Sendo esta a resposta ‘certa’ e ciente de que ela é alcançada através de uma escolha do ser encarnado, temos que admitir que haja uma resposta ‘errada’ que precisa ser apresentada ao espírito para que ele faça a sua opção. Que resposta é essa? A forma de pensar humana.

Sempre que alguma coisa acontece ao ser humanizado ele vive um processo chamado raciocínio. Neste, a mente avalia a situação e gera uma forma de reagir a ela. Esta forma de reagir precisa ser antagônica à resposta ‘certa’ da provação do ser para que haja, então, duas opções em sentidos opostos para que ele possa escolher uma delas. Qual a forma humana de reagir aos acontecimentos do mundo humano? O egoísmo.

A mente com a qual o ser humanizado convive durante a encarnação é egoísta por natureza. O que quer dizer isso? Ela age sempre em defesa de interesses particulares do próprio ser humano. O pensamento sempre prioriza o amor a si acima de qualquer coisa, seja Deus ou o próximo. Com isso cria o antagonismo necessário para que o espírito tenha, então, a oportunidade de exercer seu livre arbítrio.

Neste aspecto se concentra a segunda forma com que a vivência do místico influencia no processo de encarnação do espírito. Concentrado apenas na busca das coisas além da carne, ele não vê que o que a mente fala não é real, mas sim uma opção que não leva o espírito à elevação espiritual. Por causa desta falta de atenção com a sua provação provocada pela busca mística, o ser humanizado, então, acha justa a defesa que a mente faz de seus interesses pessoais e com isso opta por essa.

Por exemplo. Digamos que um ser humano tenha sido assaltado. Isso não é um acontecimento, mas o cabeçalho da prova de um espírito. O ato em si e toda repercussão dele é o texto que serve para o espírito responder se opta pela defesa de seu interesse ou se realiza a sua reforma íntima através da vivência com o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Vivendo na defesa de seu interesse próprio vai sentir-se injustiçado, perdedor, ofenderá e acusará quem lhe roubou. Se amasse a Deus acima de todas as coisas o que foi lhe levado não faria falta, pois ele estaria cheio de Deus. Se amasse o próximo como a si mesmo, não ao acusaria, pois o perdoaria. Mas, como está desatento, o ser humanizado escolhe responder com as criações que a mente faz naquele momento.

Além disso, por causa deste apego à vivência mística, o ser humanizado cai em outro erro: o de pedir aos seres desencarnados ajuda para que seus interesses individuais sejam respeitados.

Como o ser humanizado concentra seus esforços no trabalho da elevação espiritual através da busca mística, não entende que o que a mente está fazendo é apenas criando uma resposta ‘errada’ para que ele possa optar pela ‘certa’, acha que o que acontece não deveria estar. Por isso quer defender seus interesses a qualquer preço. Quando não consegue fazer por si mesmo, invoca a ajuda de seres que não percebe materialmente, conferindo superpoderes a eles para que façam esta defesa. Por causa disso, deixa de aproveitar a oportunidade para promover sua reforma e, assim, alcançar a evolução espiritual.

Com isso não consegue aproveitamento nesta encarnação e terá novamente que estudar estas questões no mundo espiritual e mais uma vez encarnar para fazer provações sobre este tema.

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