Participante: o que eu faço para parar de me preocupar com a opinião das pessoas a meu respeito? Sei que a base disso está no meu orgulho, mas sofro demais com isso, sou aprisionada a essa limitação. Se a opinião é boa, tudo bem, mas se é ruim fico péssima. Não consigo ser eu mesma em plenitude, pois acabo agindo pensando lá na frente em como será a reação do outro se eu fizer tal coisa. Por mais que eu tente, não consigo agir diferente….


Deixe lhe dizer uma coisa. Para não levar em consideração a opinião dos outros precisa fazer dois trabalhos profundos. O primeiro: não necessitar da fama, do elogio.
Quando falo em fama, não estou me referindo em ser reconhecido na rua por todos, em virar capa de revista. Não é desta fama que falo. Estou me referindo à necessidade de ser reconhecido como a certa, como a perfeita. Como você diz, quando as pessoas concordam você fica bem, ou seja, quando elas lhe dão o reconhecimento pelo que faz se sente bem.
Quem vive assim é aquele que é dependente dos outros. Depende deles para que, do que? Da fama, do elogio. Porque tem esta dependência? Porque você não dá a fama a si, porque não se elogia.
Repare bem. Precisa que o outro concorde com você, porque não concorda consigo mesmo. Muitas vezes sacrifica a si mesmo, no sentido de abrir mão de verdades, de desejos, de vontades, só para receber um muito obrigado do outro. Só que este muito obrigado, como você mesmo diz, além de ser fugaz, perder o efeito rapidamente, acaba não lhe trazendo toda felicidade que precisa, que quer.
Costumo dizer uma coisa: não há ninguém melhor do que você para viver com você. Só você gosta das mesmas coisas que gosta. Só você quer as mesmas coisas que quer. Só você pensa do mesmo modo que você. Não importa a quantidade de pessoas com quem se relacione, jamais encontrará alguém que em gênero, número e grau seja igual a você.
Por isso a dependência dos outros é sempre um assassinato, ou melhor, um suicídio. Mas, para se libertar dessa necessidade de ser elogiada pelos outros, precisa se elogiar. Para se libertar da necessidade que os outros lhe considere como certa, precisa se considerar como certa e não dar trela ao que os outros acham.
É esse o trabalho que precisa fazer: o trabalho de amar a si mesmo. Não criar um protótipo para ser e aí se amar, mas amar-se do jeito que é, fazendo o que faz. Esse é o único caminho.
Para se amar, não importa o que faça, o que tenha, o que seja, o que diga, considere-se sempre a certa, a melhor. Só o amor por si mesmo pode acabar com a sua dependência dos outros, mas para que ele aja é preciso que você se considere sempre a melhor, a certa.
‘Ah, Joaquim, isso não é orgulho, vaidade’? Não, isso é não depender do mundo. Cristo ensinou que ele venceu o mundo, mas você está perdendo para ele. Isso porque é dependente dele, das outras pessoas para ser feliz.
A felicidade é o bem maior que você pode ter nesta vida. Nada se compara à sua felicidade. Só que está colocando este tesouro na mão de outra pessoa de outras, o que é pior ainda, porque não depende só de uma, mas de muitas.
Portanto, faça este trabalho por você mesma. Faça este trabalho em si mesma em seu benefício. Busque sempre dar razão à você, amar-se.
Agora, com isso não estou dizendo que deva afrontar os outros. Não é isso. Você tem que ter razão, mas o outro também deve ter. Por isso, deixe-o com a razão dele e fique com a sua.
Não discuta as coisas, não queira provar que está certa, mas por dentro, intimamente diga: ‘esta é a minha posição sobre este assunto. Se é a que os outros aceitam ou não, não tenha nada a ver com isso. É a que aceito, a que quero, gosto e acredito. Por isso não vou deixar o que os outros pensam diminuir o amor que tenho por mim mesma’.

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