Participante: como fazer o processo de meditação numa situação de emprego. Você trabalha numa empresa e nela há um local que não gosta que é onde trabalha. Conversa com seu chefe e ele diz para esperar um pouco que lhe trocará de lugar. O tempo vai passando, as coisas não acontecem. Você vai ficando cada vez mais injuriado, gostando menos. Não sabe se sai ou fica, o que sabe é que está desgostoso. Está perturbado porque não quer ficar ali. Como chegar na raiz, qual o processo?


Porque está desgostoso? O que aconteceu para ficar assim?


Participante: não sei aquele local me perturba. Muita gente passando, não consigo me concentrar.


Começou a mergulhar: porque não consegue se concentrar.
Veja, o processo de meditação se realiza fazendo perguntas à mente e obtendo respostas. Não para ser genérico. Fazer meditação e obter apenas como resposta a constatação do que está acontecendo não leva a lugar algum. É preciso encontrar respostas, porque elas são as causas do que você está vivendo.
Então, começou o seu processo de meditação: não gosta porque tem muita gente passando. Agora vamos meditar. É isso que lhe causa desagrado? Não. O que faz isso é o fato de querer um lugar para trabalhar onde as pessoas não passem.
Lembre-se o sofrimento chama-se contrariedade, ou seja, algo que é contrário. A contrariedade surge quando há um desejo que não é atendido. Ela é caracterizada pelo fato da realidade ser contrária ao seu desejo.
Neste caso, então, uma das raízes da sua situação atual é porque quer um lugar onde as pessoas não passem. Falo isso porque estou aplicando a lógica que falei a resposta que você deu.
O problema é que esse desejo está escondido, você não tem consciência dele. A única coisa que sabe é o que está na superfície, ou seja, que você não quer trabalhar onde está. Mas, o trabalho não acaba aqui.
Descoberta a verdade que sustenta a realidade, deve continuar a meditação: porque você acha que é melhor trabalhar num lugar onde as pessoas não passem? Desta pergunta surgirão novas respostas. Ela pode dizer que é porque não produz muito, porque lhe incomoda sentimentalmente ou fisicamente, etc. quando encontrar estas raízes, é hora de trabalhar.
‘Eu não produzo, mas quem disse que tenho que produzir? Eu produzo o que está escrito para produzir’. Já falamos disso aqui. Da pessoa que falou que queria colocar o serviço em dia e que por isso estendeu seu horário de trabalho. Isso não a levou a produzir o que queria.
Este é o trabalho que lhe leva à felicidade. No entanto, antes precisa reconhecer a sua realidade, a base daquilo que vive. Esta não está na superfície da razão, mas por trás dos pensamentos.
De nada adianta ficar apenas vivendo a ideia de que não gosta do seu lugar de trabalho e ficar dependente do seu chefe lhe mudar de sala para ser feliz. É preciso agir dentro de você para extinguir os motivos do sofrimento. Para isso é preciso aprofundar-se na sua racionalidade e conhecer o que realmente motiva a sua vivência.
É por isso que disse que não dá para eu fazer isso por vocês. É preciso que você mergulhe nas entranhas do seu mundo racional e consiga descobrir o fundamento da sua realidade. Isso se faz meditando sobre o pensamento que é visível.
Para quem gosta das minhas palestras, indico uma: ‘Falando de felicidade a seres humanos’. Lá expliquei exatamente isso. Falei que é necessário fazer perguntas à mente para descobrir a realidade.
As respostas a este trabalho são individuais. A sua mente lhe dará. Mas, para isso é preciso que faça perguntas à razão. De nada adianta imaginar apenas que não gosta porque não gosta. Agindo assim parece uma criança fazendo birra, batendo o pé.

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