“Não fique admirado quando você notar em algum lugar o governo fazendo injustiça, perseguindo os pobres e negando os direitos deles. Pois cada autoridade é protegida pela que está acima dela, e as duas são acobertadas pelas autoridades superiores. Elas dizem: toda gente tira proveito da terra, mas o rei depende daquilo que recebe das colheitas”. (Eclesiastes)

A sabedoria de Salomão que leva à compreensão de que os atos dos governantes do mundo não devem ser criticados parece algo absurdo para os seres humanos. Á primeira vista tem-se a impressão de que é uma compreensão inédita, mas isso não realidade. A Bíblia está recheada de informações desse tipo.
Quando Jesus Cristo foi questionado porque ele e seus apóstolos não pagavam a contribuição a César, prontamente providenciou o pagamento. Afinal tem que ser dado a César o que é de César.
Paulo, o mais fiel dos interpretadores dos ensinamentos do Mestre Nazareno também ensinou. “Que todos obedeçam ás autoridades. Porque não existe nenhuma autoridade sem a permissão de Deus e as que existem forma colocadas por Ele”. Escolher o que seguir é obra do individualismo.
Não existe novo ou velho testamento quanto ao conteúdo dos ensinamentos. Não existe cristianismo, budismo ou islamismos: há a verdade de Deus ditada por diversos transmissores. Separar os Mestres em religiões ou seitas é individualizar o todo universal.
Jesus Cristo não ensinou a amar aos certos como a si mesmo, mas amar a todos. Nisso também se incluem aqueles que o ser humano considera como bárbaros, injustos, ladrões. Eles não são isso porque não praticam atos de livre vontade, mas exercem um papel dirigido por Deus.
Se você considera alguém um monstro porque praticou determinado ato, saiba que está qualificando Deus com seu adjetivo. Quem realmente pratica todos os atos é Deus: os seres humanos são apenas atores interpretando um papel.
Portanto, quando um governante age, não importa em que sentido tenha sido a sua ação, ele está trabalhando para Deus. Se há o desnível econômico dos habitantes é porque assim Deus sabe que é necessário, se a fome granjeia é porque o Senhor do universo reconhece a necessidade da existência dela.
Não há governante que possa dar jeito em um país. Para que os acontecimentos se alterem é preciso que o todo do país se mude. Que adianta você criticar o político corrupto se chega na sua hora de pagar imposto compra recibos para pagar menos? Quem está se corrompendo?
A justiça social é a Justiça de Deus. Não a que você sonha, mas a que está acontecendo. Não é injustiça social, mas aquela na qual cada um que recebe merece e precisa para se evoluir.
As obras de limpeza do rio não foram feitas e por isso ele transbordou fazendo com que os moradores perdessem tudo. Grande culpado esse governo que não limpou o que os próprios moradores sujaram. E se eles não tivessem jogado lixo, haveria o transbordamento? Se cada um fizer a sua parte, todos serão beneficiados.
“Mas eu pago os impostos para o governo fazer isso”. Não, você paga o governo para que ele faça escolas, hospitais e creches. A obrigação do governo é de construir as coisas sociais coletivas. Quando gasta o dinheiro para resolver problemas individuais (limpar o que você sujou), falta dinheiro para outras. Aí o governo é criticado por não construído essas coisas. Quem é o verdadeiro culpado: o governo que não fez ou você que o fez gastar o dinheiro para limpar a sua imundície?
Essa é a realidade universal: uma identidade todo formada por identidades diversas. O governo não é o governador ou o presidente: é um reflexo do povo que ele governa. “Cada um tem o governo que merece”: isso é uma grande realidade.
Não será através de cobrança de atitudes do governo que as coisas se resolverão: é preciso uma mudança das atitudes das individualidades que compõem o país. Para que haja um governante capaz de acabar com os desníveis sociais é preciso que haja um povo universalista.
Viver a vida em comunidade pensando na felicidade do todo e não apenas na busca da sua satisfação. Quando você deixa de pagar impostos perde o direito de cobrar qualquer coisa. É preciso a sua contribuição e a de todos para que o governo possa realmente agir.
“Mas, não adianta, vão roubar mesmo”. Quem disse, já experimentou fazer a sua parte? Não se esqueça: cada autoridade tem uma acima dela e as duas subordinam-se a autoridades superiores e todos ao Rei.
Se você mudar, a sua mudança contaminará as outras pessoas. Cada um se mudando o governo se alterará porque a Autoridade Suprema comandará a mudança. Por que existem países que possuem um nível de existência que dá felicidade aos seus moradores? Porque eles alcançaram a universalização.
Vivem harmonicamente um com o outro. Buscam o bem coletivo em detrimento do bem individual. Para administrar esse tipo de vida existem governantes que mantém a felicidade geral. Por que eles não conseguem interferir alterando a realidade do país? Porque o povo não merece.
Seu governante não presta: rouba, não cumpre o que prometeu, não traz a justiça social. Por que ele não nasceu naquele país onde há harmonia, por que não foi ser presidente lá? Porque a Autoridade Suprema sabe que o povo daquele país não precisava. Nasceu e governa o seu país porque você precisa.
Ele é um exemplo para não ser seguido. Ele busca a satisfação individual e você o critica por isso, por que, então, continua buscando apenas satisfazer-se?
Por isso, não adianta também trocar de governante. Revoluções e guerras para derrubar presidentes são perdas de tempo. O que precisa mudar é a consciência do povo. Para que a felicidade aconteça é preciso que o ser humano se universalize: pense na felicidade do todo. Para isso precisa deixar de se sentir satisfeito em levar vantagem.
A sua satisfação é individualismo e isso não nutre o todo do universo. Pelo contrário, quanto mais você for individualista mais levará a outros a praticarem o despojamento para que o resultado final (universo) não se altere. Deus não precisa do seu individualismo: isso não é lucro para Deus. O Rei depende do resultado de suas colheitas. Deus depende do seu universalismo para levar o universo à igualdade perfeita.
Os governantes, como tudo do universo, são lavradores dos campos do Senhor: precisam plantar individualismo para que você não goste do sabor desse fruto da ação. Só enfastiado do sabor do individualismo você poderá alterar também a sua plantação, passando a cultivar o universalismo. Esse fruto trará riquezas ao Rei.
Portanto, não perca tempo criticando os governantes: comece já a plantar a universalização para que Deus possa receber o fruto da sua colheita.

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