Haverá quem, pela sua posição, não tenha possibilidade de fazer o bem?

Não há quem não possa fazer o bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. Basta que se esteja em relações com outros homens para que se tenha ocasião de fazer o bem, e não há dia da existência que não ofereça, a quem não se ache cego pelo egoísmo, oportunidade de praticá-lo. Porque, fazer o bem não consiste, para o homem, apenas em ser caridoso, mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso venha a ser necessário.

Por duas vezes o Espírito da Verdade fala que o único que não consegue praticar o bem é o egoísta. Por isso que dissemos que o mal é o individualismo, o fruto do egoísmo.

Portanto, praticar o bem é agir de forma universal. O que seria essa forma universal de agir? Claro que não é uma ação material, um ato, porque já dissemos que a ação humana não contribui para a reforma íntima. Qual é, então? É a reação com o qual participa dos acontecimentos.

O que é uma reação egoísta? É sentir-se ferido, magoado, criticado, não amado. É qualquer coisa que diga que um desejo, vontade ou verdade individual não foi satisfeita. Isso é uma reação individualista.

Quando imagina que alguém lhe agride, está agindo individualmente. Isso porque está se considerando a vítima. Sentir-se vítima é agir individualistamente.

Outro momento individualista é a ação individual a um acontecimento. Quando você fica feliz porque aconteceu o que queria, porque o que vai acontecer é o que queria e achava certo. Quando fica feliz porque uma verdade sua é contentada. Isso é individualismo, pois essa é uma felicidade condicionada.

Digamos que programou ir à praia no dia de amanhã. Acorda de manhã e o sol está brilhando. Aí diz: que bom, louvado seja Deus! Por que louvou a Deus? Porque aconteceu o que você queria. Será que se estivesse chovendo também diria louvado seja Deus? Acho que não.

Essas são, portanto, as duas formas de não se praticar o bem.  Não pratica o bem aquele que usa o seu desejo, a sua vontade, a sua verdade como fiel da balança para julgar o que está acontecendo, para manter a sua felicidade. Mas, isso não é viver no bem, mas na prática do mal.

A prática do mal nasce quando você utiliza seus valores para julgar a Deus, a lei divina, o momento presente. Quando programa ir à praia e acorda está chovendo xinga o mundo. Faz isso porque a sua vontade não vai ser satisfeita. É por isso que xinga Deus, diz que não lhe amou o suficiente para fazer o que queria.

Isso é individualismo, isso é egoísmo. É pensar só em você. Saiba que se Deus fez a chuva cair, havia um motivo para isso naquele dia, naquela hora. Talvez não satisfaça a sua vontade, o seu desejo, mas há um motivo para acontecer o que acontece.

  Portanto, todos podem praticar o bem porque ele não depende de recursos materiais. A prática do bem não depende de ter nada para dar a ninguém, depende única e exclusivamente do livre-arbítrio. Aliás, a prática do bem ou do mal é o fruto do seu livre-arbítrio.

  Quando alguém coloca suas vontades acima da realidade, está praticando o mal, mas se fez isso é porque optou por colocar. Na hora que submeter a sua verdade à realidade, ou seja, a Deus, a emanação de Deus, a vontade de Deus, pratica o bem.

  Se alguém lhe chamar de idiota e você não se ofender e nem achar que é mesmo, amou a Deus. Se programar ir à praia amanhã e quando acordar estiver chovendo e se nem tiver prazer pela chuva ou sentir dor por causa dela, amou a Deus. Isso porque amou aquilo que pode ver Deus, a emanação do Pai.

Na pergunta um desse livro Kardec diz assim: O que é Deus? Ele não pergunta quem é Deus e sim o que é, o que representa para o planeta Terra. A resposta é: Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas.

Ora, se é a causa primária de todas as coisas, Deus é a causa primária daquela chuva, é a chuva! Como nada mais de Deus pode ser conhecido, a chuva é a única coisa que pode conhecer Dele. Deus, para você, naquele momento é a chuva porque ela é a consequência, o papel que Deus representa naquele momento para a sua vida.

Mas, por que Deus fez chuva e não sol? Eu não sei, mas sei que chover foi Perfeito, pois sei que Ele é a Inteligência Suprema. Ele sabe perfeitamente o que tem que acontecer para dar a cada um segundo as suas obras. Acabaram as conjecturas!

Depois que se compreende a realidade, a lei divina acontecendo, está na hora de praticar o bem, de amar a Deus sobre todas as coisas. Amar a chuva como se fosse, e é, o Deus emanado.

Amá-la por quê? Porque ela é perfeita. Porque veio na hora que tinha que vir, no lugar que tinha que cair para produzir os frutos que tinha que produzir. E, se um dos frutos é não ir à praia, louvado seja Deus!

Veja que não estamos fugindo de nada do que o Espírito da Verdade falou. Só estamos colocando na prática o que o amigo espiritual disse que é fazer o bem. Agora, leve o que falamos para qualquer coisa que aconteça, mesmo que seja fruto de uma inteligência humana, ou seja, um ato.

Sim, um ato humano é uma ação de Deus. Além do TODAS as coisas da pergunta um (Causa Primária de todas as coisas), na pergunta nove está claro: por maior que seja a ação de uma inteligência menor ela precisa de uma inteligência maior, que é então a causa primária da inteligência menor.

Então, se qualquer inteligência humana praticou alguma coisa, o que foi feito é fruto da Inteligência Maior, Deus Causa Primária de todas as coisas. É a emanação de Deus e por isso precisa ser amada. Por quê? Porque não conheço Deus. Para mim, enquanto encarnado, Ele é sua emanação. Por isso, louvado seja o que acontece.

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