Existem cinco maneiras para subjugar a raiva, através das quais quando a raiva surge em um bhikkhu ele deveria destruí-la completamente. Quais cinco?

Os textos deste estudo foram desenvolvidos com a visão do EEU a partir do sutta de Buda Anguttara Nikaya V.161 – Aghatapativinaya Sutta

Ter raiva é sofrer. O ser humanizado que sente raiva de outro entra num processo de angústia e amargura que extermina a sua paz interior. Por isso, Buda, aquele que propõe o alcançar a paz interior como realização da elevação espiritual, nos ensina como vencer a raiva. Vamos analisar o seu discurso sobre o assunto, mas antes, precisamos falar um pouco sobre raiva.
A raiva é uma contrariedade forte, violenta. Toda vez que um ser humano se contraria fortemente com as palavras ou atitudes de outra pessoa sente raiva desta. Por isso, precisamos conversar um pouco sobre contrariedades para entendermos melhor o assunto.
O que é uma contrariedade? Toda vez que um ser humanizado age ou fala palavras que contrarie as verdades de outro, este se sente contrariado. Na verdade, não foi ele quem foi contrariado, mas as opiniões dele. Ser contrariado é estar exposto a opiniões e ações que não concordamos, ou seja, que para nós não se constituem em uma verdade ou realidade diferente daquela que cremos.
Existem muitas contrariedades que o ser humano não liga. São coisas de pequenas montas que acontecem no dia a dia e que ferem nossos conceitos. Mas, por não representarem aparentemente uma afronta grande, não ligamos para elas. É aí é que começa o equívoco do ser humano.
Qualquer contrariedade, por menor que seja – não guardar as coisas onde se acha certo que elas estejam, um pequeno atraso, uma palavra mal colocada – fica marcada na memória do ser. Não existe momento em que somos contrariados que a marca não fique guardada. Por isso, toda e qualquer contrariedade precisa ser trabalhada, precisa ser curada. Se não, o acúmulo delas pode levar à raiva.
A raiva surge, então, do acúmulo de contrariedades que vamos tendo no dia a dia com determinadas pessoas. A cada vez que não trabalhamos a contrariedade ela vai gerando marcas em nossa memória e, quando vemos, aquilo que era apenas uma contrariedade virou uma raiva. Mas, não para por aí.
A raiva pode transformar-se em ódio. A raiva surge do acúmulo de contrariedades, mas quando ela aparece, as contrariedades não cessam. Pelo contrário: tornamo-nos mais intransigentes com aquela pessoa e por isso vamos observando cada vez mais as contrariedades e plantando-as em nossa memória. É através deste processo que a raiva se transforma em ódio. Ou seja, o ódio, sensação que leva o ser humano a vivenciar um grande sofrimento, começa nas pequenas contrariedades do dia a dia.
Por isso, neste trabalho, quando analisarmos os ensinamentos de Buda não estaremos nos referindo diretamente à raiva, mas buscando usar o que ele ensina para vencer as pequenas contrariedades do dia a dia.

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