Participante: é tanto não saber de nossa parte que acaba que nem sabemos o que perguntar.

Não tenho certeza se a questão está ligada ao não saber.

Na verdade, todo mundo acha que sabe alguma coisa. E aí é que está o problema. Achar que sabe alguma coisa é a pior coisa para um ser humanizado.

O problema de achar que sabe alguma coisa é conviver com a consciência de que não há mais nada a ser procurado. Quando não procura mais, não vê que não descobriu nada, mas apenas formou uma cultura sobre alguma coisa.

Esse é o problema. Por ouvirem a mim e a outros mentores dizerem muitas coisas acham que já sabem. Só que na verdade não sabem: apenas possuem uma cultura, uma informação cultural. Só que o importante não é ter informação cultural, mas tornar-se sábio.

Para poder clarear o que estou querendo dizer, pergunto: quando um ensinamento se torna importante?

Participante: quando é posto em prática?

Não. É quase isso.

Pôr em prática um ensinamento é exercitar alguma coisa a partir dele. Isso realmente é importante, mas há algo mais que precisa fazer: servir de instrumento para destruir algo velho.

Destruir algo velho no exercício de um ensinamento é a diferença entre ter uma informação cultural de um ensinamento e alcançar a sabedoria através do ensinamento.  

Vou dar um exemplo para ficar mais claro. Existe um ensinamento que fala na necessidade despossuir. Todos aqui possuem essa informação cultural, mas será que usam isso para destruir suas posses? Pelo contrário: tornam o ensinamento do despossuir uma posse.

O ensinamento só se torna importante, se torna um bem valioso, quando usado como instrumento para destruir algo velho. Se não for usado para isso, não serve de nada: vale apenas como cultura.

Esse é que é o grande problema dos espiritualistas. Eles já estão cheios de ensinamentos de toda ordem. Por isso, vir aqui e falar teoricamente mais alguma coisa não levaria a nada. O importante é conversar sobre para que servem os ensinamentos, sobre o que eles devem destruir na existência dos seres encarnados.

Acabamos de falar que parece que as coisas estão num marasmo. Sim, para vocês está. Porquê? Porque não remexem nada dessa vida. É preciso remexer a forma de viver: a vida, a consciência, as emoções, as verdades, as regras, etc. Para remexer precisa ser usado os ensinamentos que todos já receberam.

Se o ensinamento não servir para atingir alguma coisa, para eliminar algo, não possui valor algum.

Portanto, respondendo à questão, o problema não é não saber. Achar que sabem alguma coisa, todos acham, mas não usam o que sabem para destruir algo velho.

Vou fazer uma pergunta para deixar isso bem claro. Por favor, se puderem me respondam. Que horas são?

Participante: não sei, estou sem relógio …

Participante: são duas horas e cinco minutos …

Participante: agora …

Para poder me responder tinham que fazer uma nova pergunta: onde?

Quantas horas há nesse mundo? Muitas. Em cada lugar há uma hora. O espiritualista sabe disso, pois se diz universalista, alguém que está ligado ao todo e não preso apenas aqui, na individualidade. Apesar disso, a universalidade que vocês já estudaram e se dizem praticante não serviu para destruir a ideia de que só existe a hora que se vive individualmente.  

É isso que quero conversar com vocês nessa conversa. O ensinamento todos já conhecem. Acho que os que aqui estão já me ouviram muito. Além disso já vieram de outros lugares e estão constantemente em contato com outras fontes, mas de que serviu tudo isso? O que todo esse esforço e sufoco de ensinamentos lhe ajudou a matar alguma coisa que vivia antes de iniciar a sua busca espiritualista?

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