Voltando ao que estava falando sobre os mestres, eles trouxeram ensinamentos sobre a vida humana; nada sobre a espiritual. Se alguém me mostrar um texto da Bíblia onde Cristo mostre como é o paraíso, o Reino do céu, retiro o que estou dizendo. Ele só diz que existe, mas não explica como é, o que existe lá, como se vive nele. Isso porque o mestre não veio para falar de lá.

Sabe porque eles não vieram para falar de lá? Porque vocês são de lá. Já conhecem como é.

Participante: mas, esquecemos.

Não, estão com o chamado véu do esquecimento. Não esqueceram, a lembrança está bloqueada.

Vocês são de lá. Por isso ninguém precisa explicar como é lá. Na hora que saírem dessa encarnação automaticamente vão ter novamente consciência de tudo que já sabem. 

O que estamos falando nesse momento é ponto de partida para fazer uma faculdade espiritualista de vida. Para se aprender uma forma de viver onde seja possível realizar o objetivo da encarnação, o ponto de partida é deixar de ficar estudando a vida depois da vida.

Vocês hoje, incentivados pelas religiões, perdem tempo estudando como é o Reino do céu, como se vive nas cidades espirituais, como é o umbral, buscando conhecimentos sobre energia, como volitar, meditar, etc. Isso não leva a nada.

Se qualquer dessas atividades ajudassem na aproximação de Deus, Cristo e os mestres passariam suas missões realizando-as. Mas, não encontro reverências na Bíblia onde o mestre discuta sobre energias, como volitar ou como e onde ficam as cidades espirituais.

Quando se fala em trabalhar pela vida depois da vida o primeiro ponto que precisa ser abandonado é o estudo da vida depois da vida. O que precisa ser estudado é como é aqui. Porque? Porque enquanto estão aqui têm algo a ser feito que não conseguirão fazer enquanto não souberem quem são aqui. Justamente por estarem preocupados com as coisas de lá, não fazem o que precisa ser feito aqui.

 Esse é o ponto de partida. Não devemos ficar discutindo como é o Reino do céu, como é a cidade espiritual, o Nirvana ou a tenda das virgens. Isso não interessa. O que interessa é que vocês estão encarnados e se estão nessa situação hoje sabem que têm um trabalho a realizar aqui. Sendo espiritualista, acreditando na vida depois da vida, sabe que precisa dedicar-se a esse trabalho.

Esse é o primeiro aspecto de uma faculdade espiritualista de vida: não se fala de coisas espirituais. Não se debate nada sobre o mundo espiritual e o espírito, porque é perda de tempo. Persistir nessa busca é querer fazer Deus de trouxa.

Sabe o que é fazer Deus de trouxa? É ir ao centro e sair de lá elogiando a palestra, dizendo como ela foi profunda e educativa. Depois que entrar no carro e ir para casa esquece tudo o que ouviu. Não consegue colocar nem uma palavra em prática. Porque? Porque está preocupado com a vida de hoje. A espiritual, essa só vai viver mesmo depois que morrer, não é? Por isso não se preocupa com ela em vida.

O espiritualista é aquele que, mesmo que não se preocupe em aprender coisas sobre o mundo espiritual, dedica vinte e quatro horas da vida de agora à vida de depois. Para isso busca conhecer a vida atual, como vive no momento, para poder se libertar do modo atual de viver. Ele dedica vinte e quatro horas da vida atual para conhecer a forma humana de viver para se desapegar, se libertar, dessa forma.

Exemplo. Pensem em uma fruta, uma cor e uma roupa que gostem. Lembraram? Pois é, sabiam que o espírito não tem preferência por nada? Além do mais, ele não come, não vê cores e nem usa roupa. Quem, então gosta das coisas que vocês lembraram?

Participante: o homem.

A sua natureza humana.

Não é você que gosta dessa fruta, mas a sua natureza humana. Não é você que é pai, mãe, filho, filha, mulher ou homem, mas a sua natureza humana. Não é você que é contra ou a favor do governante, é a sua natureza humana.

Esse é o ponto de partida de uma faculdade espiritualista de vida: esquecer as coisas espirituais e estudar o mundo que está vivendo hoje. Porque isso é importante? Porque quando tem a fruta que você gosta, vive o prazer; quando não tem, sofre. Quando vive qualquer uma dessas duas emoções não faz o que nasceram para fazer: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

É isso que é uma faculdade espiritualista de vida: um estudo sistematizado da natureza humana com a finalidade de reconhece-la e assim poder fazer o trabalho de libertação dela.

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