A reencarnação ou a pluralidade das existências corpóreas de um espírito não é coisa nova no conhecimento do planeta. Para a parte ocidental do planeta, ela foi relembrada por Allan Kardec em seu livro O Livro dos Espíritos. Nesta própria obra, porém, Kardec afirma que tal ensinamento foi tomado de Pitágoras (Capítulo V – Questão 222).
Apontou esta origem porque, no seu tempo, não havia muito contato do seu povo com o conhecimento do chamado oriente. Entre os habitantes desta parte do planeta, a reencarnação é milenar, suplantando em muito o conhecimento de Pitágoras. Para aqueles, a reencarnação é uma verdade existencial há milhares de anos e serviu como guia de vida há várias gerações de orientais. Hoje, com a globalização do planeta, muitos dos ensinamentos das gerações anteriores do oriente estão sofrendo mudanças.
Kardec recebeu a notícia da reencarnação do espírito como uma condição para aquele que não tenha alcançado a perfeição na vida corpórea anterior (pergunta 166 – O Livro dos Espíritos). Todos os espíritos devem evoluir na escala espiritual; para isto eles habitam temporariamente uma vestimenta carnal e passam uma existência corpórea. Quando, nesta existência, não alcançam a evolução necessária, tornam a vestir à mesma vestimenta e têm uma nova existência.
Para a espiritualidade que atendeu a Kardec, este processo atende a exigência da Justiça de Deus. Assim, expiando e se aprimorando em nova existência, os espíritos recebem a Justiça de Deus que sempre dá uma nova chance aos seus filhos (pergunta 167 – O Livro dos Espíritos).
Os antigos orientais tinham este mesmo entendimento: imaginavam que cada reencarnação servia para expiar faltas de vidas anteriores e servia como aprendizado para novas lições.
Entretanto, este conhecimento ao invés de facilitar a evolução espiritual dos orientais, acabou servindo como desculpas para atrasos: foi por causa destes conhecimentos que os orientais aceitaram posturas de kamikazes nas guerras que travaram; muitos haraquiris foram praticados pela certeza de que novas existências corporais viriam para que a evolução fosse alcançada. A consciência da existência da reencarnação passou a servir como motivação para a desistência da vida corpórea atual.
Os ocidentais que receberam e aceitaram as informações a respeito desta Providência Divina ainda não chegaram a tal ponto, mas também estão utilizando a reencarnação como uma necessidade. Afirmam que todos os espíritos têm de passar por este processo. Isto não é uma Verdade Universal.
O espírito não é obrigado a reencarnar. Ele só o faz quando não alcança a evolução necessária em uma existência. Caso isto tenha acontecido, o processo de reencarnação não é necessário.
Entendendo-se que a reencarnação serve como expiação, ou seja, pagamento de débitos que se acumulam em vidas anteriores, caso não haja mais débitos, não há necessidade de se encarnar, pois nada mais há a quitar. A reencarnação só acontece para aqueles que possuem débitos. Sabendo-se que a reencarnação foi criada por Deus para que o espírito alcance determinada evolução na escala espiritual, compreenderemos que quando esta evolução for alcançada, não haverá mais necessidade dela.
Assim sendo, a reencarnação só é obrigatória para aqueles que ainda devem ou possuem conhecimentos que necessitam obter. Por isto na pergunta 169 do mesmo livro, a espiritualidade afirmou que a quantidade de encarnações depende do passo com que o espírito caminhe na sua evolução.
Acreditar na necessidade de uma nova existência está hoje, entre os ocidentais, gerando o mesmo comodismo que um dia gerou nos orientais. Muitas das expiações e dos aprendizados que o espírito deveria ter nesta encarnação estão sendo postergadas com a desculpa que existirá uma nova chance para efetuar este pagamento ou de aprender esta lição.
O importante não é acreditar ou não na reencarnação, pois não foi para este fim que o espírito veio à carne, mas sim aproveitar esta vida para fazer a sua reforma íntima. É necessário não ferir ou magoar os outros e aprender seus ensinamentos para que o espírito evolua. Não adianta reencarnar milhares de vezes se em nenhuma delas conquistar a evolução. Não é pela pluralidade de existências que o espírito alcança a evolução, mas sim por, em uma delas, praticar os atos necessários para se evoluir. Não é o conhecimento da reencarnação que pode libertar o espírito, mas sim o cumprimento da lei de Deus: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Portanto, não importa se você acredite ou não na reencarnação, esta é a chance que Deus lhe deu para você evoluir, seja ela a primeira ou a milionésima encarnação. O importante não é viver renascendo, mas aproveitar um dos renascimentos para elevar-se.
Jesus, ao responder a Nicodemos, não afirmou que existia a reencarnação. A pergunta ao Mestre foi como poderia um homem adulto voltar a barriga da sua mãe, ou seja, ganhar uma nova existência material. Jesus respondeu que o importante é nascer de novo, ou seja, mudar a você mesmo: desaprender o que já aprendeu e começar a praticar uma nova vida. Este ensinamento combina com os transmitidos pelo Buda Gautama: é preciso que o ser humano livre-se de seus conceitos, ou seja, sua forma de ver o mundo para alcançar a evolução.
O próprio Maomé, a quem não é creditado o ensinamento da reencarnação, trouxe um ensinamento do Anjo Gabriel onde afirma que aquele que não cumprir as leis de Deus será jogado no inferno (vida carnal), e ali permanecerá trocando de peles (reencarnando) até que arrependa-se de seus feitos.
Se todos os enviados de Deus falaram disso, isto é uma Verdade Universal, entretanto, não pode servir de desculpas para o adiamento do renascimento: não pode tornar-se objetivo de vida, mas uma porta aberta por Deus para aqueles que não conseguiram o renascimento nesta existência (pergunta 171 – 0 Livro dos Espíritos).
Para acabar com a ociosidade da busca da essência da encarnação foi que o plano espiritual criou o comunismo na China. Apesar de aparentemente este regime político ser contrário à espiritualização, acabou com o comodismo gerado pelo conhecimento das muitas vidas carnais deste povo tão importante para o destino do planeta: com a invasão ao Tibete, o regime comunista também acabou com o isolamento no qual este povo vivia, globalizando os conhecimentos espirituais que eles possuíam.
Foi o advento de fatos como estes e da Segunda Guerra Mundial que trouxe ao ocidente o conhecimento do oriente e vice-versa. São ações de Deus objetivando dar a todos os habitantes do planeta a mesma chance (Justiça). O que terá Ele que fazer agora para acabar com a ociosidade do ocidente?

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