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Participante: o senhor diz que devemos abandonar os critérios de bem e mal, mas eu cresci com a minha mãe mostrando o que era certo e errado. Só que se você observar, uma criança não aparenta ter esses conceitos. Tanto é assim, que a mãe precisa ensiná-los. Por isso pergunto: será que já viemos para esse mundo tendo critérios de bem e mal ou recebemos depois de encarnados?

Na verdade você vem com uma mente humana vazia de informações, mas com as características que acabamos de falar e outras. Ao longo dos anos ela mantém essas características e acumula informações.

Portanto, não importa o que cada um aprenda, pois as características humanas agirão sobre qualquer conhecimento que tenha. Por exemplo: se sua mãe lhe ensinar que não há certo nem errado, as características humanas da mente irão transformar isso em lei e acusarão de mau quem acredita que exista. Ou seja, as características humanas farão a personalidade humana agir do mesmo jeito, independente do que a mãe ou a vida ensine.

Uma coisa são as características humanas, outra são as informações que recebe. As verdades que vocês aprenderam, os certos e errados de hoje, com certeza são diferentes daquelas que seus pais e avós aprenderam. Vou dar um exemplo …

Se você for comer na casa de alguém e no final da refeição arrotar, vão lhe chamar de porco, vão dizer que você é do mal. Só que há duzentos, trezentos anos atrás, se não arrotasse depois de comer, diriam que era um sem educação, que não gostou da comida, ou seja, do mal.

Portanto, veja que o problema não é a informação em si. Ela não é problema. O problemático é deixar a mente usar a informação para lhe levar para um lugar onde se considere o melhor, o certo, o bom, o bonito. É esse o problema.

Você precisa observar que a mente quando usa uma informação ela não faz apenas a utilização dela. A razão é incapaz de apenas dizer que a roupa daquela pessoa está amarrotada sem internamente gerar a ideia de aquilo é errado, é feio, não devia estar acontecendo, que é mau e que você é melhor do que aquilo. É isso que você precisa prestar atenção.

É a partir dessa utilização, pela mente, das verdades que falamos na conciliação. Ela se dá quando você vê a mente dizendo que o outro está com a roupa amarrotada, mas dá a ele o direito de estar vestido assim, sem criticá-lo ou achar-se melhor por causa disso. Com isso você retira o câncer da razão humana.

Por isso disse que o trabalho da felicidade passa pela conciliação, só que para chegar a ele é preciso deixar de achar que o certo é a roupa passada e que usá-la mal passada é errado. Não há certo nem errado, bom nem mau.

Então, sim, o trabalho é conciliar-se, mas para chegar a isso é preciso superar as três influências que estão presentes na razão (má educação, vaidade e egoísmo) que não lhe deixa apenas observar o que está acontecendo.

Dou como exemplo a própria gira dessa casa. Ela é chamada de gira de umbanda, mas se chega alguém aqui acostumado em gira em outras casas certamente dirá que o trabalho de vocês é uma bagunça. Existem médiuns de roupa curta, coloridas, que não tiram os sapatos para incorporar, etc.

Tudo isso são coisas que ferem aos conceitos da umbanda tradicional professada na maioria das casas, mas isso é proposital. Quando organizamos essa gira fizemos isso acontecer para que aqui só estejam aqueles que realmente consigam superar o bem e o mal, o certo e o errado.

O que estou querendo dizer é que para você conviver com aquela pessoa que está com a roupa amarrotada precisa conciliar-se com ela e isso se faz superando a ideia de que ela pertence as fileiras do mal (errado) e você do bem (certo). Enquanto não superar isso, não importa onde esteja, terá critérios de bom e mau que não deixarão que você conviva em paz e harmonia com a vida, ou seja, em unidade com Deus.

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