“Que eu procure mais compreender do que ser compreendido”

Sabia que a pessoa que briga e acusa os outros seres humanos não está brigando com o outro? Ela está brigando consigo mesmo, pois tinha uma verdade, uma paixão e um desejo que não aconteceu e a discordância entre o que possuía e o acontecimento a deixou revoltada, frustrada.

É por causa destes sentimentos ela briga consigo mesmo e com Deus e não porque o acontecimento ocorreu de determinada forma. Se a pessoa não tivesse estas verdades ou padrões do que deveria acontecer, o que está acontecendo não lhe causaria revolta.

Sabe a pessoa que você acusa de estar ofendendo os outros? Ela não está ofendendo ninguém, mas se defendendo dos outros, de Deus e do mundo, que agiram contra ela, contra as suas verdades.

Esta é a compreensão que Francisco de Assis comenta neste trecho da sua oração: saber que cada um age em legítima defesa do seu “eu interior material”, do seu ego, das suas verdades, dos seus desejos.

Francisco pede a Deus para levar esta compreensão aos seres humanos, pois sabe que de posse dela eles poderiam não reagir contra o próximo. No entanto, pede também que Deus o auxilie a não esperar que as pessoas entendam seu ensinamento e reajam a ele com amor.

É por isto que, apesar de só falar em amor, só levar Deus e Sua palavra à humanidade, as pessoas o caluniavam e criticavam, mas ele as amava da mesma forma.

É a ajuda divina para não esperar ser compreendido que Francisco pede a Deus que lhe dê e esta também deve ser a que você deve pedir ao Pai para poder se tornar um bem-aventurado, ou seja, viver na felicidade universal.

Deus me dê forças, me dê intuição para que possa compreender a situação dentro da Realidade, dentro da Verdade, ao invés de ficar aprisionado neste mundinho do ego acusando todos, dizendo que estão me ferindo, quando na verdade todos estão se defendendo de mim, de Você e do mundo’.

Esta forma de proceder estampa mais um ensinamento de Cristo: dar a outra face. Se o outro precisa brigar com você, pois ainda está preso às suas verdades, deixe-o brigar. Permaneça ouvindo tudo sem sentir-se ofendido.

Deixe-o brigar com você e não reaja: isto é auxiliar o próximo servindo de instrumento a Deus. Não adianta imaginar que discutindo para mostrar e provar para os outros que eles estão errados e você certo está prestando um serviço ao próximo: isto é ilusão criada pelo seu ego.

Deixe o outro brigar, gritar, chorar, espernear e você não perca a sua paz. Afinal, ele não está brigando com você mesmo, não é? Amá-lo é a única coisa que pode auxiliá-lo, pois desta forma o ajudará a vencer suas verdades.

Este é o oferecer o outro lado que o Cristo ensinou. Dar a outra face não é apanhar nas duas, mas não reagir dentro dos padrões que o mundo lhe impõe para reagir.

Os seres humanizados têm como padrão para a suas vidas a necessidade de reagir para impor-se aos outros, pois creem estar com a verdade, sabem o que é verdadeiro e precisam vencer sempre. O ser espiritualizado, mais perto de Deus sabe que apenas o Pai conhece a Verdade e apenas Ele é Real.

É a vida dentro deste padrão que Francisco de Assis não quer para ele e quem reza a oração de São Francisco, transforma-a em um guia de vida, deve buscar viver nesta compreensão. Quando sentir raiva por estar sendo contrariado, respirar fundo e dizer: ‘Senhor me ajude a ver neste acontecimento uma ação amorosa Sua’.

Buscar a elevação espiritual é sempre pedir para que o Pai o auxilie a compreender que o próximo não está brigando, mas é você que está querendo ser compreendido, pois se imagina o único certo do universo. Quem vive assim alcança a felicidade.

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