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Participante: então o único caminho para a elevação espiritual é doar a Deus os atos e as intenções e assistir a tudo sem julgamentos. O feito está feito, mas se nos incomoda começamos a refletir e talvez cheguemos a alguma conclusão. É assim?

Na verdade, o que deve servir para reflexão é o nosso incômodo e não no que foi falado pelo outro.

Por que estou incomodado com o que acabei de ouvir? Porque o que ele falou me incomodou’? Essa é a reflexão que leva a ver a sua verdade que foi atingida e que gerou o incômodo.

No caso de lhe chamarem de feio, ao refletir desta forma, irá descobrir que verdade lhe fez sentir-se incomodado. Quando fizer essa reflexão descobrirá que quer ser chamado de bonito e aí terá que lutar consigo mesmo para se libertar desse desejo.

Com relação ao sacrifício que você falou, no Bhagavad Gita há um capítulo onde Krishna fala entre os diversos tipos de seguidores que possui. O Sublime Mestre afirma que gosta de quem lhe adora pela cultura, pela devoção e por outros caminhos, mas afirma que os que mais gosta são daqueles que o buscam através do yajña.

Yajña é o sacrifício da intencionalidade a Deus.

Eu queria falar uma coisa, mas só falarei se o Pai achar que devo falar, ou seja, se Ele criar as palavras. Se não criar, mesmo querendo falar, não vou sofrer por não ter dito’. ‘Eu quero ganhar algo, mas se Deus não fizer isso acontecer, não vou sofrer por não ter recebido o que era desejado’. Esses exemplos de consciências refletem o sacrifício da intenção a Deus

Participante: voltamos à questão intencionalidade, repousa em mim e assista a sua vida e outros temas que compõem os ensinamentos que o senhor já passou anteriormente. Devemos nos voltar ao mundo interno enquanto no mundo externo se sucedem as incertezas. Apesar de termos ouvido estas coisas diversas vezes, nós pouco conseguimos praticar. Por isso pergunto: porque isso? Falta de confiança? E se for confiar em que, então? Como? Poderia falar alguma coisa sobre este contexto?

Vocês pouco conseguem praticar o que consideram importante porque falta concentração no pensamento. Falta atingir a concentração plena correta que Buda ensina.

É por estar concentrado no mundo externo, no que o outro está falando ao invés de se concentrar em si mesmo para saber por que aquilo fez sofrer, porque lhe causou desgosto, porque fez mal, que pouco praticam do que dizem acreditar. A concentração correta precisa ser executada para poder alcançar a compreensão correta e só assim o sofrimento se extingue.

Quando está atento ao seu mundo interno o compreende, ou seja, compreende que a chateação de agora não tem origem no outro, mas sim nos seus desejos e paixões que não foram atendidos pela vida.

Quanto ao fato de termos voltado a valores antigos, afirmo que não voltamos a eles: nós nunca saímos deles.

Nunca disse que devem esquecer o que falei anteriormente. Tudo o que já disse está presente nas coisas que falo hoje. São onze anos de conversas que estão presentes em tudo que falo agora. Portanto, tudo se encadeia. Não dá para separar um pedaço do outro.

Participante: os portadores de doenças mentais degenerativas se encontram libertos, visto que não possuem lembranças nem raciocínios?

Não existe nenhum ser que não possua raciocínio ou lembranças. O que você chama de doença mental degenerativa, e até o próprio coma, não é o fim do raciocínio.

Uma vez disse para uma pessoa que cuidava de crianças que possuíam problemas mentais que devia olhar no olho das crianças que ouviria o que tinham para dizer. Ela fez isso e conseguiu ouvi-las.

Disse mais: que não imaginava que isso era possível. Eu respondi a essa pessoa que quem possui estas deficiências é um ser humano comum. O único problema é que eles não conseguem expressar aquilo que pensam.

Sendo assim, o que você afirmou está incorreto. Essas pessoas não estão libertas. Muitos estão presos, só não conseguem expressar a sua prisão. Nelas o raciocínio continua funcionando o tempo inteiro e muitas delas estão presos a ele.

Até porque quando não há o raciocínio vocês afirmam que existe morte cerebral, ou seja, decretam o fim da vida. Como, então, declarar que alguém pode não raciocinar?

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