A segunda crise que vocês estão vivendo hoje é a insegurança física.

Quem mora em grande cidade, então, sabe muito bem disso. Sai de casa hoje sem a certeza de que vai voltar. Quem mora em cidades onde existem guerras, não sabe onde a bomba vai cair. Não têm o direito de reclamar porque as passeatas acabam em distúrbio. Mesmo ficando em casa quieto, não sabe se vai ser acertado por uma bala. Essa insegurança física causa medo, aterroriza.

E aí, como sair disso? Como viver em paz quando o mundo está desse jeito

Participante: sabendo que só vai acontecer o que tiver que acontecer.

Continue pensando assim que você vai continuar com medo.

Participante: eu usei isso porque eu moro em São Paulo. E na zona sul da minha cidade a coisa é barra. Aí, eu saio pensando: “nada vai me acontecer que seja diferente do que vai acontecer”.

Graças a Deus deu certo até hoje. Quando não der, vai ser uma vez só. Você não vai ter tempo nem de lembrar que não deu.

E aí, como deixar de ter esse medo de que de repente aconteça uma guerra, uma revolução, que você tome um tiro no meio da rua do nada, apenas por causa de uma discussão no trânsito? Como acabar com essa insegurança?

Participante: seria aquilo de ser apegado ao humano, apegado ao corpo?

Sim, mas você é, não adianta. Isso não vai conseguir mudar.

Participante: ah, então é eu continuar com medo e pronto, fazer o que?

Continua sofrendo.

Essa insegurança vai aumentar. Os aviões vão continuar caindo, os ônibus vão continuar batendo, os bandidos vão aumentar cada vez mais, as guerras nos países vão continuar aumentando, os atos terroristas vão acontecer muito mais.

Participante: viver com mais simplicidade?

Viver com mais simplicidade não adianta nada.

Vou dar uma dica. O segredo para sair de qualquer coisa é ser a formiguinha que constrói o que você quer. Esse é o segredo.

Como é que você sai dessa insegurança, desse medo? Simples: você quer paz? Dê paz aos outros.

Participante: não fomentar a guerra, não é?

Não, não é só não fomentar a guerra. É começar a dar a paz.

Você discute em casa com sua mulher: briga, guerra. Ela sai nervosa, vai brigar com três na rua. No trabalho esses três vão brigar com dez. O pior é que para você a culpa do estado emocional dos dez é deles e não sua. Mas, não é.

A insegurança que você vive não é culpa dos outros, mas sua. É você que semeia discórdia pelo mundo. Quando ela retorna, é apenas um reflexo do que você plantou.

Você quer viver em paz, quer acabar com esse medo? Dê paz aos outros. O que estou falando é que deve parar de entrar em disputa por território, por bens, por razões.

Me lembro de outra história interessante:

“Um famoso senhor com poder de decisão gritou com um diretor da sua empresa, porque estava com ódio naquele momento.

O diretor, chegando a casa, gritou com sua esposa, acusando-a de que estava gastando demais. Sua esposa gritou com a empregada que quebrou um prato.

A empregada chutou o cachorrinho no qual tropeçara.

O cachorrinho saiu correndo e mordeu uma senhora que ia passando pela rua, porque estava atrapalhando sua saída pelo portão.

Essa senhora foi à farmácia para tomar vacina e fazer um curativo e gritou com o farmacêutico, porque a vacina doeu ao ser-lhe aplicada. O farmacêutico, chegando a casa, gritou com sua mãe, porque o jantar não estava do seu agrado.

Sua mãe, tolerante, um manancial de amor e perdão, afagou seus cabelos e beijou-o na testa, dizendo-lhe:

-“Filho querido, prometo-lhe que amanhã farei os seus doces favoritos. Você trabalha muito, está cansado e precisa de uma boa noite de sono. Vou trocar os lençóis da sua cama por outros bem limpinhos e cheirosos para que você descanse em paz.

Amanhã você vai se sentir melhor.”

E se retirou, deixando-o sozinho com os seus pensamentos.

Naquele momento, rompeu-se o círculo do ódio, porque se deparou com a tolerância a doçura, o perdão e o amor”.

Enquanto alguém não cortar o ciclo de guerra, a paz jamais existirá.

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