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Participante: poderia sintetizar o tema mata fechada, palestra dada tempos atrás, e dar alguns conselhos àqueles que estão perdidos na mata?

Mata fechada foi uma figura que criei para conversar com uma pessoa que disse que havia chegado a um ponto onde não encontrava mais respostas às suas perguntas, pois a conclusão levava sempre a novos questionamentos. Esse estado de espírito existe quando o cachorro começa a correr atrás do rabo, quando a resposta vira a próxima pergunta, quando na busca do conhecimento não há como se sair do mesmo lugar. Isso é a mata fechada.

Saiba que em qualquer caminhada no sentido da elevação espiritual existirá sempre momentos onde não haverá mais conhecimentos humanos para se apoiar, lógicas humanas para balizar o avanço. Com o termo mata fechada quis dizer que nesse momento não há mais caminhos sinalizados para percorrer. Quando isso acontece, é preciso que desbrave a mata que crie os seus próprios caminhos.

Como fazer isso? Usando a fé, a entrega com confiança.

Saiba que por mais que compreenda o que é ensinado por algum mensageiro de Deus, haverá um momento onde os ensinamentos não mais poderão se estar fundamentados em lógicas humanas. Isso porque como ensinou Paulo, Deus não deixa o homem conhecê-Lo pela sua lógica.

Por isso haverá sempre um momento onde é preciso entregar-se ao que é ensinado sem o apoio de uma lógica humana.

Participante: pode dar algum conselho àqueles que estão perdidos na mata?

É o que falei: caminhar sem ensinamentos para isso. Viver o ensinamento sem procurar respostas, certezas, definições ou ter certezas sobre ele. Saiba de uma coisa: tem muita gente querendo redescobrir a roda. Ela já existe: basta apenas fazê-la girar…

Quem chega à mata para de buscar, para de ter certezas. Ele não possui mais razões ou conhecimentos para realizar o que acredita, mas apenas realiza por acreditar. Age assim porque sabe que não adianta buscar respostas para as suas dúvidas, pois elas estão além do seu alcance de compreensão. Sabe que não adianta buscar convicções, pois para cada uma que alcança sempre aparece alguém para dizer que está errada.

Quando isso acontece, o buscador para de buscar e se ofender com o que o outro diz. Mas, porque isso acontecia? Porque se achava certo.

Para se continuar a caminhada quando se chega à borda da mata é preciso não ter certezas, não ter razões, não ter caminho para caminhar. É preciso seguir mesmo sem saber no que irá dar a forma como está vivendo.

Para continuar caminhando é necessário que faça o que o alpinista não fez. Lembra da história que contei? Um homem estava subindo uma montanha e anoiteceu. Num determinado momento escorregou e ficou preso apenas por uma corda balançando no ar sem saber o que havia abaixo. Nesse momento pediu ajuda de Deus e ouviu uma voz dizendo: solte a corda. Foi encontrado no dia seguinte morto segurando a corda a menos de dois metros do chão.

Quem se chega à beira da mata é preciso soltar a corda, é preciso desapegar-se das convicções para poder realizar o que o ensinamento fala. Portanto, se chegou à mata, ou seja, se as respostas que obtém com sua análise do que ouve não mais satisfaz, é hora de jogar fora as perguntas. Mas, para fazer isso, tem que jogar fora as verdades que foram usadas para construir as perguntas.

Agora, se fica adivinhando novas verdades, construindo novas verdades, não consegue desbravar a mata fechada e fica parado na sua borda.

Participante: viver se libertando de tudo ou constatar a vida, ainda considerando o tema mata fechada, não é algo muito prático. Eu que o diga. Vira a vida de ponta cabeça.

Mas, se não virar a vida de ponta cabeça, você não fez reforma alguma. Se não virar a vida de ponta cabeça não fez nada.

A encarnação é para fazer isso mesmo: viver de um modo diferente do que vivem os outros seres humanos.

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